Mellanie Torres
Seus olhos castanhos brilhavam mais do que o normal, e ele parecia querer me dizer alguma coisa enquanto mordia o lábio inferior da boca.
- Tá tudo bem por aqui? - disse ele olhando para mim como se eu precisasse de alguma coisa.
- Sim.
- Não parece. - suas sombrancelhas se ergueram e um sorriso surgiu em seu rosto.
- E quem se importa? - disse revirando meus olhos e encostando a cabeça na porta.
- Bom, se eu estou aqui perguntando se esta tudo certo, deve ser porque eu me importo, não é?
- Ou talvez você só quer ser gentil e veio até aqui. Não é?
- Talvez seja - ele deu de ombros e voltou a me encarar sério - Mas é que você parece estar desconfortável com tudo isso.
- Se esta se referindo ao modo com que eu discuti com a metida da minha irmã - Sorri - Acostume-se.
- Não - ele fez sinal negativo com a cabeça e olhou para a minha boca que ainda estava sorrindo. Droga! Será que tinha alguma coisa no meu dente? Voltei a ficar séria - Estou me referindo ao fato de você não sair de dentro desse quarto.
- Não existe melhor lugar para se ficar.
- Em um dia ensolarado como esse?
- Não sei o que fazer em dias ensolarados como esse - Continuava séria como se a conversa não me interessasse - Prefiro ficar aqui.
- Você é sempre tão seca e mal humorada assim?
- Desde que nasci.
- Ótimo - ele parecia estar pensando em alguma coisa - Que tal colocar um biquine e ir a praia com a gente?
Não me contive e ri só de ouvir aquele convite, sua expressão era de dúvida como se não entendesse o motivo da minha risada.
- Acho que isso não faz meu tipo. - Deixei o sorriso de lado e voltei a encara-lo.
- E o que faz seu tipo, Mellanie?
- O silêncio. O meu quarto. O frio. Acredito que não tenha nada disso por aqui.
- E qual o problema de você mudar sua rotina e ir a uma praia se divertir? - suas sombrancelhas voltaram a se levantar.
- Eu até poderia. - disse me convencendo de que não seria uma péssima idéia - Mas eu sei que quando chegar lá, o sol vai me torrar, eu vou ficar toda queimada e dolorida, sem contar que vou soar e feder, eu odeio calor - revirei meus olhos.
- Ótimo. Não vamos a praia então.
- Como assim "não vamos"? - disse fazendo expressão de dúvidas.
- Vou alugar um filme - ele sorriu - De terror, claro. E vamos assistir comendo um bom brigadeiro.
Meu olhar foi em direção ao seu, ninguém nunca tinha abrido mão de qualquer coisa para fazer algo que eu curtia, ele era a primeira.
Sua expressão mudou para medo, talvez medo que eu não aceitasse o seu convite.- Não é porque pareço uma assombração - sorri - que precisamos ver um filme de terror.
- Desculpa, achei que isso fazia seu tipo. - ele sorriu novamente.
- E faz. Estava brincando.
- E isso quer dizer que...?
- Eu topo assistir o filme.
- Vem - Ele sorriu pegando minha mão e indo em direção a escada, o que me fez ficar corada.
Anna estava na sala com o tal colega dele, e claro, estava quase sentando no colo do cara enquanto eles conversavam.
Gabriel pigarreou para chamar a atenção dos dois, que quando nos viram ali, se soltaram rapidamente.- Porque você não vai mostrar a praia pra Anna, Daniel?
- Você não vai ?
- Não. Vou assistir um filme com a Mell - Gabriel me olhou sorrindo e voltou a encarar Daniel.
- Com ela? - Daniel parecia espantado como se quisesse dizer " Vai ficar sozinho com essa garota feia e estranha?".
- Sim. Algum problema?
- Nenhum - Daniel se levantou e deu a mão para Anna (que me fuzilava com os olhos) se levantar.- Partiu gata?
- Claro - disse Anna sorrindo para o garoto.
Os dois se encaminharam para a porta e sumiram de vista.- Parece que eles estão se dando bem - ele sorriu.
Me lembrei da cena de ontem, em que ela e Biel se beijaram (ou não) na porta do quarto, e senti náuseas. Claro que Anna estava se dando bem com ele, ele era homem, e era bonito. Estranho seria se ela não se desse bem.
- Ela se da bem com qualquer um - me sentei no sofá e fitei a Tv enquanto ele parecia procurar alguma coisa dentro da estante.
- É. Eu percebi. - ele finalmente achou alguma coisa e jogou ao meu lado - A maldição da Cabana?
- Por mim tudo bem - Dei de ombros e entreguei o Dvd para ele que colocou no aparelho próximo a Tv.
O filme começou. Ele se sentou ao meu lado- bem mais próximo que o normal - Senti um frio subir pela minha barriga.
- CIDAAA! FAZ UM BRIGADEIRO CAPRICHADO PRA GENTE?
- É PRA JÁ - ouvi a voz de Cida que vinha da Cozinha.
- Você não precisava ter deixado de ir a praia só pra ficar aqui - sorri para ele, que abriu outro sorriso bem mais lindo que o meu, aquele que me deixava tonta e fazia borboletas voarem pelo meu estômago.
- Está bem melhor aqui - Ele piscou para mim e me encarou.
Seu sorriso desapareceu de seu rosto, e mesmo assim ele continuava lindo. Senti sua respiração próxima a minha, e mordi meu lábio inferior. Olhei para seus olhos cor de mel, e simplismente fechei meus olhos quando sua respiração chegou mais próxima, podia sentir seu perfume amadeirado e aquilo me causava mais frios na barriga.
- Olhaaa o brigadeirooooo - Cida entrou fazendo com que seu corpo se afastasse do meu.
- Que susto Cida - Gabriel se acomodou no outro canto do sofá.
Cida apenas riu olhando para Gabriel como se dissesse "Eu sei bem porque você se assustou" e saiu pela sala.
Gabriel estava corado, e olhava para a Tv como se eu não existisse ali.
Peguei o brigadeiro e me aproximei dele, não me pergunte porque estava me aproximando dele, porque nem eu mesma entendia.- Não vai comer? - Ofereci a tigela para ele, que abriu um sorriso e se serviu com a primeira colherada.
Passamos o filme todo comendo brigadeiro e pipoca na frente da televisão, as vezes Gabriel se assustava com algumas cenas - mesmo me dizendo que não tinha medo dessas coisas - E claro, eu morria de rir de cada pulo que ele dava.
O filme acabou, enquanto passava os créditos finais Gabriel me olhou e sorriu. Eu não entendia o porque daquele sorriso, mas o devolvi.
" Quando te vi foi assim... eu não tinha palavras, eram poucas as que saiam de minha boca. Eu não sabia o que fazer ou pra onde ir, olhando pra você, eu só sabia sorrir..."
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Meu Primeiro, E Último Amor... ♡
Novela JuvenilEu poderia ter me apaixonado por aquele garoto que eu encontrei na esquina uma vez e que sorriu pra mim, Eu poderia ter me apaixonado por um amigo qualquer que eu vejo todos os dias, Eu poderia ter me apaixonado por qualquer outra pessoa sem graça...