Capítulo 08 - Gabriel

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Gabriel Souza

Se tinha uma pessoa no mundo que eu jamais entenderia era Mellanie Torres. Como alguém conseguia ser tão bipolar daquele jeito?

As vezes ela me tratava com todo o amor do mundo, e as vezes me ignorava e me tratava como se me  odiasse.

Na entrada da escola estava tudo bem, ela estava super legal e parecia até que estava de bom humor. Mas só foi Daniel me chamar para ir com ele até a quadra conversar com o técnico que eu não há vi mais pela escola, e quando a vi, ela faltou me matar com um olhar.

- Que se ta fazendo aqui ainda cara? - Daniel disse afastando meus pensamentos.

- A Mell - disse irritado - Você acredita que depois de fingir não me conhecer no refeitório ela nem quis minha carona? Foi de táxi.

- Ótimo - Daniel deu de ombros - Assim ninguém vê ela entrando no seu carro.

- Como assim?

- Se liga veí - ele cutucou minha testa com o dedo indicador - Vão te zuar até a morte se te verem com essa maluca por aí.

- Eu não to ligando pro que eles pensam Daniel.

- Ah, mas eu como seu amigo estou pensando por você. E quer um conselho?  Se afasta cara, pelo menos aqui na escola.

- Do que que você ta falando seu tapado? - disse irritado - Eu não vou me afastar dela só porquê ela não é popular.

- Não é questão de popularidade - Daniel dizia calmo - Ela é feia, se veste mal e todo mundo ta zuando ela. Quer ser zuado junto? Acho que não né.

- Ela não é feia, e aquele é o jeito dela caramba! Ela é meio doida, pra ficar tão ignorante comigo assim do nada.

- Não foi do nada.

- Como não foi?

- Ta ligado aquela hora que eu falei que precisava levar você pra falar com o professor?

- Tô.

- E depois você ficou todo preocupado com ela e eu disse que ia avisar que você estava ocupado e ia levar ela até a sala?

- O que tem?

- Eu não fui avisar ela. Ela ficou te esperando. E deve ser por isso que ela ta mordida.

Sinceramente? Se Daniel não fosse meu amigo teria dado um belo de um soco naquela cara de pau que ele tinha.

- Você é um idiota cara, na boa.

Sai de lá e deixei Daniel falando sozinho nas escadas. Corri para o meu carro e liguei o mesmo, dei partida e fui direto pra casa, precisava me explicar para Mell.

Abri a porta e me deparei com Cida arrumando o sofá da sala.

- Oi Cida - disse já subindo as escadas sem ao menos deixar que ela respondesse.

Corri para a porta do quarto de Mell e bati. Bati uma... Duas... Três... Quatro... Cinco...

- Mell? - disse ainda batendo - Abre aqui pra mim!

Forcei a fechadura, bati mais umas mil vezes, gritei... E nada.

-Uma hora ou outra você vai ter que sair daí - gritei alto o bastante para que ela pudesse me ouvir - E antes que você saia eu precisava te explicar!... Eu não deixei você me esperando na frente da escola de propósito Mell, foi tudo coisa do Daniel... ele me levou conversar com o professor de Educação Física sobre nosso time de Futebol, e quando eu ia voltar pra te pegar e fazer companhia ele disse pra mim ir pegar o nome dos caras do time que ele mesmo avisava você que eu estava ocupado e te levava pra sala de aula. Mas ele não fez isso. Porque ele é o cara mais otario que eu ja conheci na face da terra... me escuta, eu não faria uma coisa dessas com você...

Aquele silêncio podia me matar. Parecia que ela tinha morrido ali, ou talvez não estava acreditando  no que eu havia contado.

- Eu vou ficar aqui até você abrir essa porta Mell. - Bati mais umas duas vezes e continuei ali, com a cabeça encostada na porta.

- Que isso Biel? - Cida agora me olhava assustada enquanto eu tentava me recompor do susto que ela havia me dado.

- Nada - Disse irritado - Só queria falar com a Mell.

- Mas ela ta na cozinha.

- Cozinha?

- Sim. Tá almoçando né - ela disse como se fosse óbvio - e você devia fazer o mesmo,ta com uma cara péssima.

Cida saiu com sua trouxa de roupas para o banheiro. E eu fiquei ali feito o besta que eu era... Era só o que me faltava, falar com as portas...
Desci até a cozinha e encontrei Mell sentada na mesa, com seu celular nas mãos e um prato de comida.

- Mell?

Seu olhar encontrou o meu e eu fiquei paralisado, minha fala simplismente não saia e eu apenas me sentia um completo idiota.

- Sobre hoje... - Senti as palavras se embaralhando em minha mente - Foi tudo culpa do Daniel, eu...

- Tá tudo bem. - ela me interrompeu.

- Não. Não está... eu não te deixei sozinha na entrada da escola, foi o Daniel...

- Eu não sei do que você tá falando Gabriel - ela me interrompeu mais uma vez.

- Eu te deixei sozinha hoje cedo na entrada.

- E daí? - ela sorriu - Você fez o certo.

- Certo? - perguntei indignado.

- O certo. - ela assentiu. - meninos como você não andam com garotas como eu.

- Para de falar bobeira - disse seco - eu não me importo nenhum pouco com isso.

Ela suspirou fundo e voltou a sorrir.

- Se importando ou não - ela disse já se levantando. - Eu sei o meu lugar. Não vou me misturar com você e os seus amiguinhos.

- Eu poderia ter te ajudado hoje.- disse chateado - Com aquela idiota da Emely, com a carona pra casa na hora da saída.

- Eu sei me virar Gabriel - Ela colocou o prato na pia e voltou seus olhos azuis para mim - Não sou nenhuma garotinha indefesa.

- Por que fingiu não me conhecer hoje no refeitório?

- Olha pra mim - ela ergueu os braços na intenção de mostrar seu corpo - Olha pra você. Não tem nem cabimento...

- Mell...

-Tá tudo bem Gabriel. - ela disse me interrompendo de novo - Foi melhor pra mim e pra você. E eu espero que continue assim. Se perguntarem, não nos conhecemos...

Ela não parecia estar confortável com tudo aquilo e eu sentia que ela estava chateada comigo, não que eu a conhecesse a ponto de saber, mas aquilo era evidente.
Ela suspirou fundo pela última vez e passou por mim, com certeza ia voltar a se trancar naquele quarto e só iria sair a noite, como sempre.
  Senti um aperto no peito como se precisasse me explicar e pedir desculpas até ela saber o que realmente havia acontecido naquele dia, mas não fiz isso.
Me deitei em minha cama e fiquei chingando Daniel mentalmente até o sono tomar conta e eu conseguir dormir.

Meu Primeiro, E Último Amor... ♡Onde histórias criam vida. Descubra agora