Espreito pela janela, olhando para o céu que se mantivera praticamente da mesma tonalidade que a noite, prevendo o estado de tempo que iria fazer durante esta tarde. Na meteorologia dos últimos dias diziam que hoje iria ser um dia de sol radiante - o que de facto me deixava animada, tendo em conta que a chuva e os dias cinzentos têm liderado. Porém eles enganaram-se. Hoje é exatamente um dia igual aos outros últimos.
Suspiro, desgostosa, largando a cortina e deixando com que esta tapasse a visão de um dia chuvoso e de vento. Com a sua cor branca, ela criava a ilusão de que lá fora o dia era mais bonito. Mas era unicamente uma ilusão.
Confesso que tenho saudades dos dias de sol. Já não os vemos há duas semanas. Os dias cinzentos, de chuva, parecem trazer tristeza e azar às pessoas. Pelo menos falo por mim.
Sento-me no cadeirão ao lado da janela vendo a cortina mexer-se lentamente. Eu ainda olhava lá para fora com o pensamento de que o ultimo dia de aulas do segundo período iria ser demasiado molhado.
Como é sexta-feira só vou ter aulas de tarde. Porém como acordei cedo, por algum milagre divino, tenho prestado atenção à rua e ao céu na esperança que o tempo melhorasse.
Algo me chamou a atenção. O prédio onde moro com a minha mãe fica a uma rua da rua principal, então esta costuma ser bastante movimentada. Contudo hoje, a um dia da semana e ultimo dia de aulas para todos os alunos de todos os anos, poucas pessoas se vêm. Acho demasiado esquisito e ponderei que tudo fosse uma questão meteorológica e pelo facto de o tempo continuar assim o mais certo era os adolescentes da minha idade, ou os mais novos, ficarem em casa. Mas também há pessoas que trabalham e poucos carros por aqui passaram, comparados a todos outros dias onde a multidão se lança completamente à estrada e tudo o que se ouve são buzinadelas daqueles que querem chegar depressa ao trabalho e se vêm atrapalhados por aqueles que ainda vão a dormir.
Ignorei esses casos. Provavelmente eu estava distraída nos momentos em que as multidão passava. Provavelmente ouvia música alta com os fones e não ouvi ninguém a passar. É um defeito meu. Vivo "dependente" da música e quanto mais alta, melhor. Faz-me esquecer os meus problemas, e os problemas do mundo.
Olho para o relógio do telemóvel. Ele marcava a uma e dez da tarde. Pego no casaco de couro preto, no guarda-chuva e na minha carteira, pronta para ir para a escola.
Coloco os fones nos ouvidos e logo ponho música. Despeço-me com dois beijos da minha mãe que, com este frio, se foi logo deitar a ver televisão a seguir ao almoço.
Há porta do prédio acabo com o meu dilema interior que consistia em saber por que caminho ir. Pela rua principal e apanhar um autocarro, logo chegar mais rápido à escola e sem me cansar; ou ir pela rua de baixo a pé e chegar mais rápido do que se tiver de ficar à espera do autocarro, embora me canse mais.
Foi então que numa questão de segundos decidi ir pela rua principal. Um autocarro é sempre uma boa opção.
Após cinco minutos de caminho até à paragem e a mesma música a ser ouvida desde que sai de casa, deparo-me com poucos carros na rua que passam unicamente da esquerda para a direita, na direcção da escola, e nenhuma pessoa ao meu redor. Excepto que ao fim de mais dois minutos um senhor da terceira idade chegou até mim e me disse algo. Não ouvi as palavras iniciais, mas logo retirei um fone de um ouvido e ainda consegui ouvir o senhor dizer que não havia autocarros.
- Uma greve era tudo o que eu precisava hoje. - Sussurro de mim para mim após ter sorrido para o senhor em género de agradecimento e virado costas, continuando o meu longo caminho até à escola.
No cruzamento cerca de dez metros em frente à paragem passava, a todo o gás, um carro da policia. Pelo menos há vida neste dia. Não sou uma pessoa muito dada a pessoas, mas hoje desejava ver alguém. Então é aí que dou por mim a estar ansiosa por chegar à escola, pela primeira vez na vida.
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Vírus 666
Ciencia FicciónUm vírus aterrorizou o mundo inteiro. Isto deixou de ser ficção. Um vírus está a matar o mundo e apenas os fortes conseguem sobreviver ao terror instalado por toda a parte.