- Vocês, para a cozinha. - Ordeno, apontando com o queixo para aqueles que estavam destinados ir para lá.
Corro desenfreada na frente de Denis e Simon, mas logo paro. Durante o caminho do grande corredor até cruzar com a biblioteca e chegar à entrada do pavilhão - que me permitia ver o portão principal - deparo-me com algumas crianças do quinto ou sexto ano, escondidas por baixo das mesas nas salas de portas de vidro. Todo este corredor, e até mesmo 90% da escola, são feitos em vidro. Coisa que não facilita muito a nossa vida, uma vez que estamos em San Francisco (a cidade dos terramotos) e estamos a viver uma coisa destas.
Tudo parece acontecer em câmara lenta. Conto quantas pessoas vejo. As expressões aterrorizadas de quem desejava estar a divertir-se e a correr de um lado para o outro nos corredores apenas para irritar os "mais velhos".
Estamos agora na porta principal. Ainda revolvida pelas caras de sofrimento que vi ainda agora, suspiro e um leve frio passa-me pelo corpo todo. Deparamo-nos com um grupo imenso daquelas criaturas horrendas e ensanguentadas.
Denis, na frente fecha a porta da entrada enquanto me mantenho paralisada ali na frente deles, tentando encontrar o ponto de estabilidade.
- Não me digas que também vais desmaiar. - Simon solta a piada.
- Não. É só que... olha bem para aquelas crianças que mal sabem o que se passa. Olha bem para estas criaturas que já foram pessoas. Muitos deles desejavam um funeral digno.
- Joanne, se fizeres o que tens de fazer , terás a noite para pensar nisso. Mas por favor, não bloqueies agora. - Simon pousa a mão sob o meu ombro e diz-me elevando o tom de voz, para me chamar a atenção. - Pronta? - Questiona, levantando o queixo para Denis, dando-lhe o sinal para se preparar para abrir a porta.
Os zombies atacavam a porta. Esta era, também, de vidro. Porém haviam duas com a distancia de um metro uma da outra. Assinto, preparo-me e Denis - com medo e a arma posicionada - abre a porta.
O primeiro a disparar é ele. Logo em seguida não havia excepção. Simon e eu disparamos.
Pensar que a nossa vida pode acabar a qualquer momento é desgastante. Somos tão novos para isso, mas não podemos evitar. Eles são muito fortes, assustadores. Três pessoas para tantos é pouco. Nem sei onde tinha a cabeça para achar que conseguiamos.
A nossa pontaria não é a melhor. Dos três talvez Simon seja o único que se consiga safar no meio disto tudo.
Por muitos tiros que mandemos contra eles, apenas no cerebro é que os abate. Por vezes acertamos no peito, na barriga, nas pernas ou nos braços, mas tudo o que acontece é eles acabarem por cair e arrastarem-se até nós sem que tivessemos tal percepção. Então ai entravamos em pânico. Tinhamos de ser uns pelos outros. Eles prendem-nos os pés, puxam-nos, ficam bem perto de nós quase ao ponto de nos morderem.
- O portão! Precisamos de prende-lo. - Num grito rouco, Simon dispara no zombie que agarrava as minhas pernas.
- Com umas correntes. - Sugere Denis. - Acho que há algumas nos arrumos do refeitório. Diz ao Paul para procurar.
- Conseguimos captar sinal de rede. - Ouço dizerem no walkie-talkie. - A Tris, o Robert e o Mason contactaram-nos. Eles estão na farmácia a caminho da escola. Eles estavam a vir para cá quando uma coisa destas apareceu. Eles precisam de ajuda.
- Continuem a extingui-los! - Grito com toda a força. A dor nas palavras que Lizza dizia enquanto fazia breves pausas fazia-me entender o quão à toa estava e o quão preocupada também. - Nós conseguimos fazer esta merda! Vamos. Simon, dá-me cobertura. Vou falar com o Paul.
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Vírus 666
Ficção CientíficaUm vírus aterrorizou o mundo inteiro. Isto deixou de ser ficção. Um vírus está a matar o mundo e apenas os fortes conseguem sobreviver ao terror instalado por toda a parte.