Caindo

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Decadente, estava totalmente acabado e não havia nada que eu pudesse fazer. Pela primeira vez eu estava com medo, não de morrer, mas de quanto aquele cara era forte, sua presença era esmagadora e só de estar de joelhos perante ele mal podia respirar, meu corpo estava se destruindo com a pressão pela áurea da Mana dele. Um cachorro em uma coleira era a minha situação neste momento.

— O que estou fazendo aqui? — Perguntei com dificuldade.
— A questão é, o que você estava fazendo? — Perguntou Michaels com um sorriso em seu rosto.
— Do que você tá falando? — Perguntei.
— Dean, Dean... — Gargalhou. — Você era um homem inabalável e os mais fortes se cuvavam perante você, o que mudou? Você está decadente, seus cabelos, sua barba, sua expressão e sua alma.
— O que aconteceu comigo? — Ri. — Simplesmente o lorde do inferno brincou com minha vida e me tirou tudo, meu filho, minha filha, minha mulher e irmão, todos quem eu conhecia! - Gritei.
— Você culpa Lúcifer, mas você sabe o real motivo? — Perguntou. — Seu olhar sem vida é o de um homem atormentado pelos fantasmas do passado, você mudou Dean, em pensar que eu o amava. — Suspirou ele. — Você era o meu exemplo, uma pessoa que eu queria alcançar.
— Vai se ferrar! — Exclamei. — O que é isso agora? Não estou afim de terapia, o que você quer?

Os ferimentos estavam se curando aos poucos e Ângelo parecia inquieto, somente olhando para ele eu podia sentir sua vontade de me matar, sua sede de sangue. Enquanto Michaels continuava com um sorriso em seu rosto como se ele soubesse o que aconteceria.

— Você está certo, você tem algo que eu quero. — Sorriu Michaels de forma sádica. — Entre todos os lordes há uma Trindade dos que mantém a ordem. Eu pertenço a esta Trindade e sou considerado o mais fraco dela, também a Sebastian o lorde de Marte e Alexander o lorde de Júpiter, o segundo e o primeiro mais forte, respectivamente.
— O que eu tenho haver com isso? — Perguntei.
— Você é um imortal, nem mesmo Alexander pode lhe matar, a menos que ele mate Lúcifer. — Sorriu. — E eu quero destruir Alexander, você é a chave. Você é perito em luta e é um comandante que lutará quanto for preciso.
— Você está brincando? — Ri. — O que eu ganho com isso?
— Não. - Respondeu. — Você terá a cabeça do responsável por Lúcifer lhe dar a imortalidade, o homem que desapareceu à anos, Joseph o louco, antigo rei de Plutão.
— Você está mentindo. — Falei.

Anos atrás houve um massacre que destruiu toda a civilização de Plutão e seus habitantes, o responsável foi o próprio lorde daquele planeta, Joseph, "O louco", havia boatos que ele se comunicava com os deuses, pura baboseira.

— Ainda não tenho idéia de onde ele está, mas não é isso que você quer? — Perguntou.
— Sabe o que você faz com essa sua proposta de merda? — Perguntei, cuspindo na cara de Michaels. — Enfia no seu...

Antes que eu pudesse terminar a frase, Michaels deu-me um soco que me deixou desnorteado, as coisas rodavam e meus olhos se fechavam lentamente até minha consciência se apagar. Novamente acordado estava em uma sala totalmente branca largado em um canto com minhas mãos presas por correntes ligadas às paredes, notei uma espécie de disco preso a parede, um aparelho de teletransporte; Horas depois eu estava totalmente sem idéias de como sair de lá, as correntes eram muito duras e não podia usar minha Mana. Foi então que o aparelho brilhou causando uma luz azulada que aos poucos formou o corpo de Ângelo.

— O que está fazendo aqui? — Perguntei.

Ângelo deu um sorriso sádico enquanto retirava uma faca da cintura e se aproximava de mim até ficarmos cara a cara, então ele se abaixou e levou a ponta da lâmina pelo meu abdômen o cortando lentamente até enfiar por completo a faca, mas eu continuei quieto mesmo com toda a dor e aquilo continuou durante horas e horas com uma dor insuportável, meus olhos estavam ardendo e meu corpo trêmulo, o que restou das minhas roupas encharcadas de sangue e meu corpo com cortes e furos que aos poucos sumiam, mas a dor continuava.

— Quanto mais você demorar para ceder, mais eu terei prazer. — Finalmente ele falou.
— Falar o que? — Perguntei com um sorriso irônico. — Não estou afim de ser um cachorro ordenado por Michaels como você é.
— Você é um soldado como eu, Dean. — Falou ele. — Nós estamos destinados a sofrer e sermos cercados pela morte, não estamos destinados a liderar, mas sim seguir ordens.
— O que seu lorde de merda quer fazer é começar uma guerra! - Exclamei. - Eu não vou fazer parte disso.
— Você é um Hipócrita! — Exaltou-se. — Michaels me contou o que você fez, as coisas más que teve que fazer pois você seguia ordens, é isso que você é.
— Tem razão, eu fiz coisas ruins, tenho muito sangue em minhas mãos, mas eu convivo com isso e sou assombrado pelos fantasmas do meu passado, eles fazem eu me lembrar o motivo de eu ter largado tudo. — Respondi enquanto o olhava.

E a tortura continuou enquanto minha raiva só continuava e minha consciência somente continuava devido a dor, estava exausto e finalmente pensei em algo, esperei até o momento que ele teve que ir embora e comecei a forçar para sair com toda minha força, ou o que restava dela até os meus pulsos começarem a sangrar e finalmente serem amputados deixando-me livre.

— Droga... - Cuspi sangue. - Tenho que sair daqui. - Pensei.

Minha consciência estava pesada e tudo estava rodando, o meu corpo trêmulo e mal podia ficar de pé com todos aqueles ferimentos, depois de finalmente chegar ao aparelho de teletransporte o meu corpo se fragmentos em uma luz azul e os fragmentos foram em uma velocidade incrível quando notei estava do outro lado no corredor do castelo onde haviam pinturas de Michaels e artes que nunca havia vida antes, muitas decorações e um longo tapete avermelhado que levava até a porta do trono. Tinha que encontrar uma nave, mas estava muito ferido, então caminhei até uma sala com diversas armaduras e espadas, armas, sentando-me ao lado de uma armadura enquanto minhas mãos começavam a se regenerar aos poucos.
Estava tudo escuro enquanto uma voz feminina cantava uma espécie de Hino que era acompanhado por várias vozes de homens em sincronia, "Um aviso ao profeta, para o mentiroso, para o honesto, isso é guerra. Para o líder, o pária, a vítima, o Messias, isso é guerra.", então tudo ficou claro, estava em uma cidade em ruínas com vários cadáveres e as chamas queimando soldados e civis, mulheres e crianças mortos, homens chorando pelos companheiros mortos enquanto outros continuavam a lutar contra os adversários e até mesmo crianças, e de repente uma mulher de cabelos ruivos apareceu na minha frente, eu não podia ver o seu rosto, mas ela me dava uma sensação de calma, segurança... E, então as chamas alcançaram ela queimando toda a pele dela enquanto eu assistia seus gritos e seu olhar de ódio olhando para mim repetindo a palavra, "Regicida".
Tudo desapareceu e as trevas reinaram novamente até eu abrir meus olhos e ouvir um ruído, eram dois homens com uma armadura no corpo.

— Encontramos ele, chame os outros. — Ordenou o da direita.
—Sim. — Concordou o da esquerda.
— Esperem... — Falei em um tom baixo e fraco.

Levantei novamente e empunhei a primeira espada que vi, os meus ferimentos estavam a maioria curados assim como minhas mãos, mas o meu corpo ainda estava exausto, mas corri com tudo que tinha contra aqueles dois caras e desferi um soco contra o capacete do da direita e o amacei, fazendo o mesmo cambalear e cair no chão enquanto o da esquerda empunhou sua espada e ela foi coberta em pedra. Ele tentou me cortar com a espada desferindo um corte vertical, mas com minha espada impedi o ataque e desferi um chute em sua perna direita o fazendo ficar sem equilíbrio e cair enquanto ele gritava, "Achamos ele, socorro", a essa altura os guardas haviam chegado e só havia uma coisa a se fazer: Corri com tudo até uma enorme janela e me joguei começando a cair centenas de metros, o castelo ficava sobrevoando a cidade principal no meio, era uma queda e tanto.

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