Capítulo Onze

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A bastante tempo não vinha aqui, nada parece ter mudado, na real, nunca nem reparei no que tinha aqui em volta, em como a casa era incrivelmente bonita, daquelas que atravessou gerações mas que nunca perde sua beleza e originalidade. A pintura parece ter sido renovada a pouco tempo, um branco e marrom claro encobria a parede. E ao lado da grande porta de madeira, ouvi passos lentos e a maçaneta girar

-Sami?- o cabelo todo desorganizado e o pijama amassado, me fez sorrir

-Devia estar usando seus óculos fundo de garrafa- dei um soquinho no seu ombro -Não vai me convidar para entrar?

-Male? Nossa, entra por favor, quanto tempo não te vejo- ela abre os braços e a abraço o mais forte que consigo

-Sabe que não suporto esse apelido Sharon, você e seu irmão sempre em gangue para me tirar do sério como podem!

-É sempre engraçado ver você de cara fechada, pena que mal consigo enxergar agora- entrei ainda sorrindo

Sharon é a irmã gêmea de Charlie, são quase idênticos fisicamente, mas o caráter e manias são totalmente diferentes. Ela mora sozinha na casa que foi da bisavó deles, corriqueiramente foi da avó, da mãe e agora dela. Os móveis são todos de madeira e estofado de couro.

Nós sempre fomos muito ligadas desde que nos conhecemos, saiamos para festas juntas, bebiamos juntas, passávamos horas na casa da outra vendo filme ou conversando atoa. Sharon e eu nos afastamos por um tempo, confesso que foi mais um intimato de Merlee do que falta de tempo, já que minha melhor amiga se queixava de estar me perdendo para a "irmã do cafajeste"

Sento numa parte do sofá com uma pilha de papéis no colo e espero que ela se acomode para nossa conversa

-Não sei se isso ajuda, mas o Charlie não está aqui

-Ótimo, vim falar apenas com você. O fato é que preciso de ajuda

-Ok, ok. Quer algo para beber?- disse entrando na cozinha coçando a cabeça e colocando o óculos

-Pode ser suco de morango ou uva- falei a seguindo

-Ok, do que você precisa?- perguntou abrindo a geladeira e procurando algo

-De um tema aleatório para tratar com alguns alunos em uma palestra, recebi uma proposta para uma nova edição, pode-se dizer assim, do como dominar a sua mente. E estou completamente perdida porque várias coisas estão acontecendo ao mesmo tempo e minha mente me trai todas as vezes que tento me concentrar nisso

-Toma- ela empurra um copo vazio sobre o balcão -Devia falar sobre como as pessoas pensam e como isso afeta elas- disse despejando com uma jarra o suco de uva no meu copo -Pode abordar o assunto relacionado a paciência e como ser paciente pode ajudar nas nossas conquistas...

A partir dali, não ouvi mais nada, me concentrei em observar a ampla cozinha onde Lie e eu passávamos horas a fio cozinhando bolos, tortas, almoços e jantares românticos. Em como eu me sentia irritada por não saber cozinhar coisas tão saborosas como ele. As vezes que ele deixou a massa queimar, me apertava contra a parede me deixando presa num beijo lento e por fim dizia que era perversa por tê-lo distraído tanto enquanto fazíamos amor no sofá, que se esqueceu completamente do forno e que poderíamos morrer queimados por minha culpa

Ainda consigo sentir o gosto do seu beijo, o toque das suas mãos na minha pele nua e só de me imaginar sendo dele novamente, sinto arrepios. Pode parecer estranho por esta ser a casa da irmã dele e não a dele para termos feito tais coisas. Mas Sharon praticamente mora na casa do namorado e só dorme aqui, aquando algo entre eles acontece

-E você poderia... Malévola, você está me ouvindo?- perguntou me encarando e abanando as mãos na frente do meu rosto

-Oi? Am? Sim. Estou- agarro o meu copo e bebo um gole ligeiramente rápido para evitar falar mais. Sinto o líquido escorrer pelos meus seios e percebo a burrada que eu fiz -Droga! Sujei minha blusa- procurei um pano para me limpar enquanto Sharon se contorcia na gargalhada

-Sempre desastrada- disse entre um riso e outro -Vai no banheiro e tira essa blusa, no meu quarto deve ter alguma que te serve, vai lá enquanto limpo isso aqui

-Obrigada- andei até ao banheiro, paro em frente ao espelho e observo o estrago que fiz, puxo a blusa passando pelo pescoço e limpo meus seios com a parte limpa que sobrou. Ouço ruídos da porta abrindo e sorrisos vindos da sala, corro pelo corredor e entro no quarto da Sharon procurando por algo para vestir, acabo por colocar uma blusa preta de manga longa, tranco a porta novamente e me dirijo até a sala

Sei que é feio ouvir a conversa dos outros, mas não estava me importando muito com isso, andei pé-ante-pé para não atrapalhar o momento e pela voz, vi que se tratava de Charlie, acompanhado de uma voz feminina que não reconheci. As borboletas no meu estômago começaram a dar voltas. Tentei juntar as frases soltas que consegui escutar, algo como "ela acabou de chegar" "fui buscá-la no aeroporto" "ele é mesmo um amor". Tentei me aproximar ainda mais, até minha presença ser notada com semblante confuso. Meus joelhos me traíram quando vi que havia uma garota agarrada ao braço de Charlie. Quando me dei conta, estava de bunda aterrissada no chão



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