Bruno
Odeio mudar os planos. Estava voltando de viagem, depois de muita curtição e várias mulheres ao meu dispor no Caribe, junto com uns amigos, quando meu pai resolve deliberadamente me ligar e pedir que eu o represente na escola de minha irmã Virginia, amanhã. Isso significa que ele resolveu estender sua viagem e eu que me ferre para cumprir o papel dele por aí, como se isso me vangloriasse. A principio, incitei-o a chamar algum representante formal, mas alegara não ser apropriado levar um de seus representantes políticos em eventos pessoais, afinal, as aparências de um bom pai deve manter-se intactas.
Ele é um bom pai, não me entenda mal, mas já estou cansado de representá-lo na maioria das vezes. Por ser o prefeito da cidade, joga toda a culpa em seu cargo. Olívia, minha madrasta, nunca pareceu se importar com a ausência do grande Fernando Mascarenhas, contanto que eu fosse, estava bom. Não que eu odeie participar ativamente da vida de minha irmã caçula, o problema é encenar um papel que não é meu e sim dele. Não é como se eu fosse um à toa na vida, um vagabundo sustentado pelos pais; também tenho minhas ocupações. Sou dono de uma prestigiada rede de academias na cidade; pretendo expandir para outros estados se ele parar de querer me dar trabalhos que estimulem meu lado "fraternal", terei mais tempo e conseguirei rapidamente.
O problema é que nunca fui muito ligado na minha família, apesar de amá-la muito. Passei a maior parte da adolescência fazendo o que queria e quando queria, enquanto meu pai se doava arduamente na política.
Minha mãe morreu de câncer, quando eu tinha seis anos de idade. Acho que ela seria a única pela qual me esforçaria em expressar meus sentimentos. Ela era maravilhosa.
As coisas melhoraram quando Olívia engravidou, depois de tantos anos casada com meu pai. Quando peguei Virginia nos braços pela primeira vez, senti que cuidaria dela e que não a deixaria sozinha.
Meu pai é esperto, ele sabe que eu faço tudo pela minha irmã. Só queria que ele fizesse a mesma coisa. E não me refiro a bens materiais.
Certa vez, um amigo de meu pai me perguntou, após mais uma reunião política em nossa casa, o que eu gostaria de fazer quando ingressasse na universidade. Respondi que não sabia. Então ele me perguntou o que eu mais gostava de fazer. Essa era fácil. Respondi que gostava de esportes, de malhar e fazer qualquer atividade física. Foi quando nunca mais esqueci suas palavras: "escolha a profissão que você faria mesmo se não precisasse de dinheiro para viver, assim você jamais trabalhará."
Não me recordo o seu nome, mas sou indubitavelmente agradecido.
Me formei em Educação Física depois de muito pensar. A primeira opção era Gogo boy.
Certo, sequer cogitei a possibilidade, até porque não existe faculdade para tal, mas mencionar isso para meu pai foi divertidíssimo. Quem sabe algum dia eu abra uma boate clandestina. Quem não gosta de uma sacanagem oculta? Eu com certeza gosto.
Enquanto estagiávamos, me ocorreu a ideia de abrir uma academia. Então, com a ajuda do meu melhor amigo e sócio, Rubens Vieira, que formou-se em Administração de Empresas, conseguimos abrir nossa primeira academia; desde então, uma série de novos obstáculos foram ultrapassados e hoje temos dez academias espalhadas pelo estado.
Posso dizer que tenho tudo. Uma profissão, uma empresa, saúde e mulheres.
Meu pai, não satisfeito em me ver fazendo o que realmente gosto, pediu que eu me interessasse mais pela vida política, e após muita conversa, decidi candidatar-me a deputado federal, na certeza de que não ganharia, mas os votos comprovaram o contrário. Fui eleito aos 26 anos de idade. Tomei posse em janeiro e meu pai me garantiu que seria eu o novo secretário de esporte e lazer. Ao menos isso me animou.

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Orgulho e Desejo (Revisando)
Romance- Para não ser mais virgem, basta tê-la em minha cama, nua e aberta. Inteligencia, beleza, sarcasmo e depravação, são atributos de Bruno Mascarenhas; não se importa em ser como é. Convencido por seu pai a candidatar-se ao cargo de deputado federal...