Capítulo 28

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"O castigo dos bons que não fazem política é ser governados pelos maus. " - Platão.

Bruno

— E aí, aquela trepada tá de pé ainda? — pergunto à Larissa.

— Depois de sexta-feira, pensei que não me procuraria mais — responde dengosamente.

Porra, como essa voz forçada me irrita!

— Meu cérebro foi abduzido por alienígenas para estudo da espécie humana naquele dia. Será que essa explicação me absolve de sua mágoa? — forço uma risada para soar descontraído.

Acho que funcionou, pois ouço sua gargalhada por alguns segundos.

— Onde e quando? — pergunta diretamente. Com Larissa não tem tempo ruim.

— Agora, na rua Visconde, número 74, suíte 502. Combinado?

— É o hotel do meu pai, seu safadinho. Gosta de perigo, hein? — Ouço sua risada fina.

— Como se Henrique se importasse com quem você transa ou deixa de transar, não é mesmo, Larissa? E aí, vamos?

— Esperarei você na suíte... pelada.

— Faça isso. Chego em quinze minutos — desligo o telefone.

Se há uma chance de conseguir alcançar meus objetivos rapidamente, por que não a utilizar em meu favor? Larissa é a fonte de respostas para as minhas perguntas; só assim conseguirei eliminar Olívia de vez da convivência de minha família.

Não sei o que será do meu relacionamento quando Laura souber, mas não posso descartar a possibilidade de convencer Larissa a revelar quem é a mulher "misteriosa". No entanto, não sei se estou disposto a perder a Laura e, no fundo, sei que não estou. Resolvo ligar e contar todo o meu plano previamente, apesar de saber que sua recusa será iminente. Mas o objetivo desta ligação não é terminar a relação, e sim convencê-la do "sim"; inclui-la nesse plano.

Disco seu número, mas ela não atende. Ligo novamente, mas cai na caixa postal.

Se a Laura não atender, terminarei a noite sem namorada, porque eu não deixarei de seguir meus objetivos porque ela não atende a porra do celular, penso, irritado.

— Olá, Bruno! Tive que parar o carro para atender. O que aconteceu?

— Mudanças de plano.

Termino de contar o que pretendo fazer, mas Laura fica muda.

— Você está aí? — olho para a tela do celular, mas a chamada continua ativada. — Ouviu o que eu disse?

— Utilizou o verbo correto, porque o som da sua voz não fez nenhum sentido para mim. Logo, ouvi sim o que você falou, mas não consegui escutar nada.

— Quê? — pergunto sem entender.

Laura gosta de dificultar as coisas. O que custa ser mais direta?

— Bruno, como quer que eu o ajude a transar com outra mulher? Não consigo compreender.

— Logo se vê que realmente não escutou nada — reviro os olhos.

— Então, por favor, seja mais claro.

Narro todo o meu plano detalhadamente e paro a cada frase para perguntar se entendeu o que eu disse.

— Mesmo assim, como quer que eu lide com isso, assim, do nada? Como aceitar o fato de que os lábios do seu amor estarão colados com uma boca que não é a sua?

Orgulho e Desejo (Revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora