Capítulo 7

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Meu Deus que noite difícil! Parecia que nunca ia acabar, naquele momento o relógio estava de mal comigo.

Chegando na faculdade vi o Lorenzo no estacionamento encostado no seu carro, sozinho e pensativo, mas quando ouviu o roncado da minha moto voltou o olhar para mim, e assim permanecera.

O tempo estava frio, tirando o capacete olhei meu cabelo pelo retrovisor para arrumar os fios bagunçados e lisos. Ele não parava de olhar, naquele momento eu gostaria de saber o que Lorenzo estava pensando. Concertei minha echarpe e fui subindo as escadas da faculdade, quando...

— Kate! — gritou.

Olhei para trás, e percebi que era o Lorenzo. Desci as escadas rapidamente em sua direção.

— Oi Lorenzo... — disse cabisbaixo, porém surpresa.

— Oi.

Nesse momento, o assunto morreu e um vasto silêncio toma conta de nós, formando um clima um tanto desagradável e pesado.

— Me desculpe... Eu... — tentei ressuscitar a conversa, mas ele me interrompe.

— Está tudo bem. Não precisa se desculpar. — respirou fundo. — Eu já sabia que um dia vocês iriam acabar... Ah! Você sabe! — fiz que sim com a cabeça.

— Sim, só que eu não queria te magoar, não sei te explicar direito... Só sei que eu não queria te dizer tudo aquilo, por causa da barra que você está passando... Acho que você me entende. — arqueei as sobrancelhas.

— Tudo bem. Só quero te pedir uma coisa.

— O quê. — falei num tom curioso.

— Não esquece que eu gosto de você... Seja em forma de amizade, ou da maneira que você se sinta confortável. — disse me abraçando.

— Ok, eu... — parei de falar, e apenas retribui o abraço.

Sua respiração estava forte, com ar de quem está decepcionado, e aquilo me incomodava muito, pois Lorenzo querendo ou não, sempre foi verdadeiro comigo e nunca fez algo do tipo. Eu estava indecisa, não sabia se tinha trocado o certo pelo errado e vice versa.


***

Entramos juntos na classe, cada um para sua fileira, todos estavam sentados conversando, o professor ainda não tinha chegado. Sentei em meu lugar e fiquei quieta, porém Carol e Evelyn setam-se na mesma fileira que a minha. Logo que me viram, puxaram assunto.

— Oi linda tudo bem? — disse Evelyn aproximando-se.

— Tudo sim, e com vocês?

— Estamos bem. — disse Carol, sentando na mesa da frente.

— Então Kate, como anda você e o Lorenzo?

— Ah Evelyn, não sei não viu, acho que talvez fiz uma burrada. — cocei a nuca.

— Burrada? Qual? — Disse Carol com ar de curiosidade.

— Diz aí, quero saber. — Evelyn reforça.

— Então meninas... — Dei aquela discreta olhada para Lorenzo e continuei. — Transei com o Samuel. — disse em sussurros.

— O que?!?!? — disse as duas em uníssono.

— Samuel? Você só pode estar de zoeira! — Carol diz desacreditando.

— Olha, eu não sei se fiz certo, não sei se troquei algo bom pelo ruim, ou o ruim pelo bom... Só sei que estou, muito confusa!

— Putz! Em minha opinião, você deveria continuar com o Lorenzo. — disse Evelyn.

— Lógico que não amor, eu acho que ela deveria seguir o coração dela. Se ela gosta do Lorenzo, fica com ele, se ela gosta do Samuel, fica com ele, e se ela gosta dos dois, fica com os dois! — deu um sorriso largo.

Minha mente estava a mil, ainda mais com esses conselhos loucos das meninas, acho que o que eu mais gostei foi o de ficar com os dois, mas eu não teria coragem de fazer isso, ou é um, ou é outro, ou talvez se surgisse a oportunidade de ficar com os dois... Bom, nunca se sabe.

***

A aula acabou, saindo da sala me deparo com Samuel escorado na parede com as mãos nos bolsos do moletom.

— Oi Kate. — sorriu.

— Oi... — disse com a voz trêmula.

— Por que não atendeu minhas ligações?

— Me desculpe o dia foi corrido ontem.

— Tranquilo. — depositou um beijo em minha face. — Vamos andando... Vou te acompanhar.

— Claro. — disse num tom tímido.

Ele pegou em minha mão, e um arrepio subiu pelo meu braço, mas me soltei do mesmo.

— O que foi? — semicerrou os olhos.

— Desculpa... Não estou acostumada a andar por aí de mãos dadas. — corei.

— Ah! Tudo bem. — disse sem graça. — Ahmmm... E aí o que fez ontem? — puxou assunto.

— Faculdade, trabalho e academia. E você?

— Legal. Ah... Nada, fiquei em casa com meus pais, depois faculdade, e treino de jiu-jitsu. Estou sendo professor de artes marciais. — disse todo orgulhoso de si mesmo.

— Que bom que conseguiu. Era seu sonho desde infância.

— Obrigado. E o que vai fazer hoje?

— Hoje nada, estou livre.

— Posso, dar uma passadinha em sua casa mais tarde?

— Pode sim... — disse pegando a chave da moto.

— Ótimo! — falou animado. — Então nos despedimos aqui?! — encarou-me.

— Acho que sim. — semicerrei os olhos e sorri.

— Ok. — aproximou-se mais de mim. — Posso... Te dar um beijo? — Pegou em minha mão.

— Bom... O que o seu coração está pedindo? — brinquei.

— Está pedindo nossos lábios juntos. — disse fechando os olhos e abrindo os lábios lentamente.

Entrelaçando seus dedos em meu cabelo, fez com que subisse um arrepio pela minha nuca, seus lábios rosados acariciavam os meus, quase deixei o meu capacete cair da mão, seu beijo parecia um êxtase de tão bom que era.

Depois do beijo longo e intenso, firmei minhas vistas, me recompus e nos despedimos.

— Tchau Kate, até de noite. — deu uma piscadela e afastou-se, indo rumo a teu carro.

— Tchau! — dei um sorriso largo e fiquei saltitante.

Olhando de relance para as escadas pude ver Lorenzo, paralisado em pé com os materiais nas mãos, com o olhar vidrado em mim. Logo percebendo que o vi, ele desceu as escadas correndo e entrou em seu carro rapidamente. Pude sentir em seu olhar o sentimento de raiva e mágoa que se expandia pela sua face. Coloquei o capacete e montei na moto como se nada tivesse acontecido, mas no fundo do meu coração estava escondido o sentimento de culpa.

Te Amarei Para Sempre...Onde histórias criam vida. Descubra agora