Depois de ver aquela mensagem, não pensei duas vezes em respondê-lo. Apenas digitei...
Kate:
Onde você está?
23:02 hrs ✔✔Lorenzo:
No hospital.
23:03 hrs ✔✔Kate:
Estou indo praí.
23:03 hrs ✔✔Corri rumo ao quarto, para vestir alguma roupa. Minha preocupação era tanta que independente de onde ele estivesse, com certeza iria vê-lo... E dar-lhe um abraço aconchegante o bastante, para poder ter sua dor partilhada a mim.
É estranho isso... Esse cordão umbilical que nós humanos temos uns com os outros. Uma ligação certamente desesperada e necessária, porém na maioria das vezes passageiras e a curto prazo. E essa menoria? Ah! Ela?! Apenas, subitamente eterna... Pelo menos, enquanto dure.
Não somos totalmente independes, pois vez por outra precisamos de alguém para conversar, nos relacionar, ajudar e amar... Cujo sentimento soa dizer tão estranho, quando tratado de forma "independente", pois ele faz tanta parte em nossas vidas, que não observado e percebido, basicamente nos iludimos sem uma mera convicção, dizendo coisas de independência.
***
Chegando no hospital, deixei minha moto no estacionamento de frente à entrada. Ajeitei mais ou menos o cabelo, e saí rumo a porta de vidro escancarada, onde havia um segurança sentado do lado de fora do lugar, em um banquinho de madeira. Encarei-o, e ele me cumprimentou balançando a cabeça de forma positiva. Apenas imitei o gesto, ainda andando.
No balcão de atendimento, haviam três mulheres vestidas de branco. Pareciam enfermeiras, mas eram apenas secretárias. Todas as três com feição bondosa e apaziguante. Algo que era reconfortante, para as pessoas que entravam desesperadas no hospital.
— Olá, posso ajudar? — uma das mulheres dirigiu-se para mim, sorridente.
— Sim, por favor. — disse séria, sem agir de forma rude, mas demonstrando uma certa impaciência. — Estou procurando o quarto da Sra. Collins.
— Sra. Collins... Só, um momento. — a mulher abaixou as vistas, sentou em frente o computador e pôs-se a digitar o nome da paciente.
Permaneci encostada no balcão, com o queixo sustentado pela a mão esquerda fechada, formando um punho armado ao golpe.
A cada minuto que a mulher demorava, mais me dava vontade de sair correndo hospital à dentro checando quarto por quarto... Em busca do que eu realmente procurava.
Distraída com a demora da estagiária, começo a olhar ao redor, reparando em cada detalhe do ambiente da sala de espera ao lado do balcão. Algumas pessoas tristes e carrancudas, provavelmente por alguma notícia trágica. Me perco nos detalhes, até vê-lo... Tristonho, porém com um pingo inusitado de alívio por me avistar.
Apenas saí correndo ao teu rumo, sem ligar para quem estava lá e muito menos do que iriam pensar. Abracei-o... Forte... Com vontade.
— Como você está? — sussurrei.
— Melhor agora com sua presença aqui comigo. — deu-me um beijo na cabeça.
A secretária saiu de trás do balcão, pois saí de lá sem ao menos esperar acabar de checar e autorizar minha entrada.
— Senhorita! N-não... — Lorenzo interrompe-a.
— Está tudo bem... Ela é minha amiga.
Calada, a moça consente contrariada, voltando assim para trás do balcão.
Olho fundo nos olhos verdes dele, enxergando minha própria imagem em suas pupilas dilatadas.
***
Sentando em uma poltrona ao lado da maca, onde a Sra. Collins estava em repouso, começo a repará-la. Aquele rosto fino e quadrado, com olheiras fundas escuras e traços exóticos, sem expressão, cabelos calvos... Corpo magro e sem cor, mãos com veias finas com alguns ematomas, na qual marcavam inúmeras picadas de agulha. Tão frágil. Pobre mulher, bondosa e sendo levada aos poucos.
A sala em um silêncio absoluto, pois Lorenzo estava em pé ao meu lado, observando tristemente a mulher mais importante de tua vida dando suspiros fracos, que mesmo com ajuda de aparelhos respiratórios, continuara lutando vagarosamente a cada puxada de oxigênio necessária para sua sobrevivência temporária.
— E como ela está reagindo aos medicamentos? — sussurro, virando-me para ele.
— Vamos dizer, que basicamente o estágio do câncer está avançado... — respirou fundo.
Apenas abaixei a cabeça, pois não haveria o que mais questionar, com essas ditas palavras pude concluir qual seria os teus significados.
— Kate...
Meu coração acelera, pois não estava esperando ele dizer algo.
— Oi... — dou um suspiro baixo.
— E você mais o Samuka, estão bem?
Pensei ser algo interessante, e bufo.
— Bem... Eu acho. — falo sem importância, demonstrando nem um pouco de interesse pelo assunto.
— Entendi.
— Lorenzo, quero te dizer que...
Ele olha interessado.
— Que?
— Que sinto algo por você. — olho-o atentamente, percebendo o que havia dito, tento concertar. — É... Algo... Tipo... Especial... Diferente. Não sei se vai me entender. — fico corada e abaixo a cabeça.
— Diferente? — insiste, querendo ouvir palavras saírem da minha boca, palavras nas quais, não tenho capacidade certa pra dizer.
— E-eu, não sei... — levanto-me da poltrona. — Melhor, eu já ir indo.
Lorenzo estende-se para a porta, interrompendo minha passagem.
— O que foi? — encaro-o.
Ele parecia querer dizer algo, mas se conteve.
— Obrigado por vir. — abraçou-me demoradamente.
— Lorenzo... — falei baixo, mas me calando, apenas apreciando teu abraço e sentindo o cheiro gostoso do teu perfume.
— Quando deixar o medo de demonstrar e falar aquilo que sente, vou estar te esperando atentamente para ouvir essas palavras simples serem ditas por ti... — sussurrou.
Um leve calafrio subiu por meu corpo, pois de certa forma essas palavras me tocaram. Interiormente morro de saber, que o medo que sinto não é do Lorenzo, e sim do suposto amor que guardo para ele.
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Te Amarei Para Sempre...
RomanceRomance erótico, humor e ficção. Sinopse: E se aquela pessoa, na qual te admira, dizer " Eu te amarei para sempre..." Será que essas 5 palavras podem realmente se realizar? Ou são apenas ditas em momentos exatos, nos dias certos e nas horas precisas...