Lucas

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Acordei sentindo os meus olhos ardendo com a claridade. Forcei a vista e vi a Amélia, ela havia aberto as cortinas atrás da minha cama, a enorme parede de vidro deixava toda a luminosidade entrar e dava uma bela vista do reino.
— Fecha isso... Eu quero dormir. Que horas são!?
— São 7 horas, a senhorita tem muitos compromissos hoje. Primeiro, você irá tomar o café da manhã com sua família, às 8 horas. Às 10, eu a levarei para conhecer o castelo. Ao meio-dia haverá o almoço. E às 16 horas haverá a sua apresentação oficial a todos os seus súditos, seguida pela chegada das pessoas de Warisland. Esse ano, porém, não só os de 16 anos retornarão. Devido ao ataque dos gladiadores, todos os sobreviventes irão retornar.
— Ahrg... então, acho melhor eu levantar, não quero me atrasar no primeiro dia.

Tomei um demorado banho e escolhi um lindo vestido tomara que caia, azul turquesa com a saia rodada. Amélia disse que eu não precisava usar os típicos vestidos de princesa todo dia, apenas em eventos reais, mas eu quase sempre teria que usar salto, o que era um grande problema. Eu não tive uma mãe para me incentivar a andar de salto e eu particularmente nunca me interessei, então eu só usava sandálias e tênis.
Escolhi um salto ana bela preto, e trenei como andar. Em pouco tempo eu já estava andando muito bem, acho que deve ser genético...

Amélia fez um babyliss no meu cabelo, definindo os meus cachos naturais, que eram completamente bagunçados, ficavam meio ondulados.

Saímos do quarto e descemos a longa escadaria até o térreo. Seguimos por um corredor cheio de janelas e paramos em frente a uma porta de madeira gigantesca.
— Anna, eu não posso entrar. Nesta sala, somente a família real, você vai se sair bem. Sabe voltar para o seu quarto sozinha?
— Sei sim, não se preocupe, Lia.— dei um abraço nela e os guardas abriram a porta para que eu passasse.

Como Amélia havia me dito, a família real não era só meu pai minha mãe e eu, ela era formada por várias pessoas, nem todas moravam no castelo, apenas as pessoas mais importantes, entre elas meus pais, meus tios, meu primo e minha prima e Celeste, a duquesa-mor. O marido dela havia morrido numa batalha com os gladiadores há 10 anos.
Sentei-me ao lado da minha mãe, que estava em uma das pontas e dei-lhe bom dia, ela sorriu e me deu um abraço:
— Bom dia, filha. Quero te apresentar à família.— ela se levantou e sua figura imponente fez todos se calarem e prestar atenção nela— Pessoal, hoje eu estou muito feliz, pois minha família está completa. Essa é Anna, a minha filha, princesa deste reino, e gostaria de apresentar vocês a ela. Este é o seu tio Arthur e sua tia Laura, e seus primos: Lucas e Diana. Aquela é Celeste, a duquesa. Sua filha chegará hoje à tarde, ela tem a sua idade, acho que irão se dar super bem. E finalmente, o seu pai, o Rei Gustavo. Gostaria de dizer alguma coisa, filha?
— Ahm... Eu gostaria apenas de dizer que estou muito feliz de estar aqui, no meu lar, no meu reino e com os minha família e meus súditos .
— Essa já nasceu com talento para discursar...— disse minha prima, com um tom de deboche.
— Diana! Vá para o seu quarto agora, você está de castigo.— minha tia ordenou e ela saiu irritada.— Desculpe, Anna. Ela está com ciúmes.
— Tudo bem, tia, sem problemas.

Depois do café da manhã, voltei ao meu quarto.
— Oi? Alguém? Lia, você esta aqui?— não houve resposta. Entrei no quarto, tomei um banho e vesti uma calça vermelha com uma blusa de estampa florida. Tentei ler um livro, sem sucesso, estava inquieta. Peguei o mapa do castelo que a Amélia havia me dado, meu arco e sai andando. Descidi ir ao estábulo, que ficava atrás do castelo, para levar a Caramelo, minha nova égua, para cavalgar pelo campo.

Chegando lá, me surpreendi com o tamanho do lugar, era imenso e tinha centenas de cavalos, todos em suas celas organizadas em ordem alfabética com o nome de cada um. Encontrei a Caramelo, coloquei uma sela nela, os acessórios de proteção e fomos cavalgar.

O céu tinha poucas nuvens e o sol brilhava com força. Cavalguei pelo territorio do castelo durante alguns minutos e decidi parar num lago próximo ao bosque para descansar. Quando estava me preparando para voltar ao castelo ouvi alguem pedindo por socorro. O som vinha de dentro do bosque. Peguei meu arco e fui andando em direção ao som. Após alguns passos, vizualizei o meu primo correndo de uma enorme fera.
Ele tropeçou e ela preparou-se para atacá-lo. Atirei quatro flechas seguidas nela e corri em direção ao meu primo:
— Você está bem?— perguntei preocupada, ajudando ele a levantar.
— Estou, acho que só cortei a perna.— olhei para sua perna e vi um enorme corte que atravessou sua calça e rasgou sua pele— Podia ter sido pior se você não tivesse chegado.— ele disse mancando. O ajudei  a andar até a saída do bosque.
— O que você fazia no bosque?
— Bom, no castelo não tem muito o que se fazer, então gosto de explorar o bosque.
— Verdade, eu também estava com tédio e para a sua sorte descidi vir cavalgar. Esse corte aí vai deixar cicatriz!— disse olhando para a ferida e percebendo que estava sangrando muito— Ah, não! Me dá sua camisa, rápido!— disse sentando ele no chão. Ele tirou sua camisa e a estendeu para mim, me dando uma boa visão do seu magnífico corpo musculoso.
— Anna!— ele me fez despertar do transe.
— Ah, sim...— peguei sua camisa e amarrei na sua perna com força— Como você veio para cá?— perguntei tentando focar no rosto dele.
— De cavalo...— ele disse como se fosse óbvio.
— E onde ele está ?
— Eu o deixei no bosque, à uns 20 passos ao noroeste.— fui correndo e peguei seu cavalo. Usei a corda que estava o amarrando a uma árvore para prendê-lo na Caramelo. Subi nela e ajudei Lucas a subir também.

A herdeira do arcoOnde histórias criam vida. Descubra agora