Capítulo 1

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Duda

Desde pequena sempre quis policial, prender bandidos, acabar com o crime e tornar o mundo um lugar melhor. Mas conforme fui crescendo, percebi que existe muito mal no mundo, e que mesmo aqueles que deviam nos proteger, estão dispostos a fechar os olhos com a quantia certa.

Foi esse sentimento que me fez entrar no BOPE, passar por toda a humilhação e os testes, lutar contra o preconceito e as dificuldades que as mulheres passam nessa profissão. Sem contar o julgamento e o tom de deboche com o qual me tratam ao saber meu cargo, desmerecendo meu trabalho duro e dizendo que estou no meu posto por dormir por aí.

Mas, por mais que eu ame meu trabalho, tive que deixar tudo para trás. Ao ter algo importante a qual proteger e lutar, nada de mais importa, você está disposta a tudo.

Minha filha é a melhor coisa que já me aconteceu, e me odeio sempre que penso que um dos maiores traficantes do Rio de Janeiro, está atrás de nós, e disposto a tudo para nos matar. Foi dessa forma que peguei minha filha, e fugi do país. Estamos na Rússia há três semanas, vivendo discretamente e tendo um pouco de normalidade, mês sempre alerta.

É difícil não viver com o medo, sempre olhando por cima do ombro, temendo pela vida da minha filha.

— Quando vou para a escola, mamãe? — Charlie é uma criança curiosa, inteligente de mais para sua idade.

Estamos no mercado próximo do nosso apartamento.

— Já falamos sobre isso. — Ela sabe que não pode ir para a escola, pelo menos não até tudo ser resolvido.

— Mas mamãe...

— Sem mais. — Me viro.

Afasto-me para longe do freezer de congelados e vou pegar algumas bolachas que Charlie adora. Devia saber que minha pequena encrenca não me seguiria, quando me viro e não a vejo, começo a ficar desesperada.

Por sorte, logo a encontro, ela começa a correr na minha direção quando um homem, que não consigo ver o rosto aparece em sua frente, fazendo com que ela caia no chão. O estranho se abaixa e conversa com ela, a ajudando a levantar. Fico parada onde estou, observando.

Começo a me desesperar, buscando minha arma na parte de trás das calças, mas imediatamente paro. Quando o homem se vira, tomo um susto, fico sem acreditar no que estou vendo.

— Eduarda? — Pergunta, surpreso.

— Dominic?

Esse homem mexeu com a minha vida em uma semana, não só como o melhor amante que já tive, mas o mais atencioso e sarcástico que conheci. Passamos uma semana juntos, deixei meu lado romântico aflorar, só para ter meu coração quebrado. Atender seu telefone foi meu pior erro, a mulher do outro lado da linha foi a garantia que tive de que confiar nos outros é sempre um problema.

— Quanto tempo. — Forço um sorriso, tentando desviar sua atenção da nossa filha.

— Muito tempo. — Olha para Charlie. — Está casada?

— Não, sou mãe solteira. — Dou de ombros.

— Meu pai foi uma aventura. — Charlie oferece, sem saber o que isso realmente significa.

— Você tem muitas aventuras. — Me encara com raiva, então franze a testa e olha para Charlie, por mais tempo do que deveria. — Ela é...

— Nem pense nisso, ela é minha filha! Você não é nada dela.

Reconheço o medo, ele é sempre um velho amigo, mas dessa vez é diferente.

— Tudo o que preciso é um exame de DNA. — Continua.

2 - Dominic -  Máfia Vermelha - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora