Capítulo 10 - Final

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Davi

"Parabéns pra você! Nesta data querida. Muitas felicidades..." Quando a Mel soprou as catorze velinhas sobre o bolo para mim foi a maior alegria de todas. É a primeira vez que ela me permite fazer a festa dela e amanhã embarcamos para Orlando, onde passaremos uma semana na Disney. Eu queria ter sido o primeiro a leva-la para conhecer o parque, mas ela já esteve lá por duas vezes com os pais, a Júlia e o Daniel.

- E às vezes me pergunto se não teria sido melhor você ter se desfeito de suas convicções na época e transado com a Larissa, assim não precisava ter roubado o amor e o coração da minha filha. – Soquei o ombro dele para disfarçar as lágrimas que vinham nos olhos.

- E sinta-se feliz por eu estar liberando vocês para essa viagem. - Ele zombou de mim. Eu sabia que estava brincando porque durante todo esse tempo se não fosse por eles, eu não teria conseguido me aproximar o quanto me aproximei dela. – E já me roubou tanta coisa na vida, que nada mais que justo eu pegar algo em troca. – Rimos juntos. – Apesar de que... Acho que está bem dividido. Ela tem se rendido bem aos seus encantos.

- Longe do olhar com o qual olha para você e do amor e carinho que há em suas palavras quando lhe dirige a palavra. – Fui sincero.

Ainda há resistência de sua parte, quando eu penso que estamos caminhando em nosso relacionamento vejo que só regredimos. Agora que está entrando na pré-adolescência está mais difícil lidar com suas crises. Sempre nos esbarramos em alguma questão que merece uma atenção maior e lá vem a Mel cheia de questionamentos.

E por falar nela...

- Posso te falar uma coisa? Só uma te juro que não vai arrancar pedaços. Mas é nítido que precisa fazer algo em relação à Lu... Antes mesmo de cantarem os parabéns eu a encontrei toda chorosa no quarto de vocês.

- Bom... Não que esse seja um assunto para uma pessoa da sua idade mocinha. – O Daniel sorriu sem jeito pela pertinência da menina.

- Desculpa pai. É que às vezes... – Ela tentou encontrar as palavras certas. - Vocês são tão iguais fisicamente, ele poderia ter dois por cento de sua gentileza.

- Nada é perfeito filha. – Eles se abraçaram.

- Só queria lembrar que ainda estou aqui.

- Ah sim. Falava sobre a Luana. Se brigou com ela... – Eu a interrompi antes que chamasse mais atenção dos convidados para nós.

- Jamais faria isso, sabe bem como é nossa convivência. – E ela sabia, convivendo com a gente, mesmo que fosse a fins de semana, ou férias, que a Luana e eu como todo casal tínhamos nossas diferenças, mas estava fazendo meu melhor para agradá-la. Para fazê-la feliz. Havia uma única coisa. Uma única que ela havia me pedido ainda em lua-de-mel há quase nove anos a trás que eu não tinha conseguido realizar, e eu tinha consciência que isso a fazia sofrer.

- Então depois só vai falar com ela está bem. – Olhei para a mulher exuberante que caminhava entre os convidados como a perfeita anfitriã na qual havia se tornado e agora muito emocionada brincava com uma criança recém-nascida nos braços de uma das convidadas, que agora não me lembro bem quem era, caso soubesse que tinha um bebê tão pequeno, não a teria convidado para a festa, evitando que a Luana passasse por essa dor. Faço um gesto com a cabeça levando para longe esses pensamentos, que culpa tinha a mulher e o bebê, Deus havia resolvido brincar com a gente, mesmo tentando quase todos os dias e sem nenhum problema aparentemente físico, não conseguimos engravidar.

Depois que a Mel se afastou o Daniel observou até que estivesse longe o suficiente então falou comigo.

- E o que o médico tem dito?

Marcas da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora