Capítulo 7 - Verdades

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Ladybug sentiu o corpo adormecer, como se algo tomasse conta de seus membros e controlasse seus movimentos. Antes mesmo de perceber, estava gritando com Chat Noir.

"Não grite com ele" a voz na cabeça dela dizia "A culpa não é dele".

Via o olhar de Chat incrédulo, olhando como se não soubesse quem ela era, e então Maremarvin falou. E o resto do mundo todo silenciou. A borboleta pousou no ombro de Marinette, e ela ouviu uma voz grave e profunda soar dentro de sua cabeça:

"Você enfraquece a cada dia mais e eu fico um passo mais próximo de conseguir o que é meu por direito. O que tiraram de mim. As minhas portas estão sempre abertas pra você, Ladybug. Mas não esqueça de uma coisa: É um caminho sem volta."

Hawkmoth. Ela iria achá-lo. Iria acabar com aquilo tudo de uma vez por todas. O futuro de Paris e do mundo dependia daquilo, dependia dela. E não deixaria ninguém ficar em seu caminho.

Sabia que sua transformação estava prestes a acabar, mas suas pernas haviam parado de responder. Estava exausta. Queria dormir. Sentiu então algo puxá-la contra si, e o chão desapareceu sob seus pés. Olhou para cima, e viu Chat mirando o longe com um olhar determinado. No próximo segundo que percebeu, estava sentada no chão, fitando as próprias pernas. Não estava mais de uniforme. Não era mais Ladybug.

Olhou em volta. Estava em um beco escuro, e mal lembrava como chegara ali. Aquele, definitivamente, estava sendo um dia estranho. Marinette fez menção de se levantar, mas sentiu uma pressão em sua nuca.

"Se eu fosse você, não faria isso" era a voz de Chat. Ele pressionava a nuca contra a dela, alertando-a que não deveria levantar.

"C-Chat?" Marinette engoliu a seco. Ele a havia visto. Sabia o segredo dela. Seu coração começou a palpitar furiosamente e um zumbido forte tomou conta de sua cabeça.

"Calma, eu não vi nada. Você destransformou enquanto eu estava de costas. E também não sou mais o Chat agora." ele falava sério, e ela sentiu os músculos das costas dele retesarem contra os dela. Eles agora eram só um garoto e uma garota sentados sozinhos em um beco escuro no meio de Paris, a uma virada de distância de saberem o segredo um do outro.

Ele poderia ter virado, poderia tê-la visto, e ela sabia o quanto ele queria. Inúmeras vezes insistira para que ela ficasse, para que mostrasse quem realmente era embaixo da máscara, mas proteger a própria identidade era proteger as pessoas que ela amava, e por mais que confiasse em Chat Noir, sabia que aquele não era o momento de revelar seu segredo.

"O que aconteceu?" ela perguntou enquanto segurava a cabeça, tentando relembrar exatamente o que havia acontecido. Tikki estava deitada no seu colo, em sono profundo.

"Eu acho que é minha hora de perguntar. O que está acontecendo, Ladybug?" Marinette nunca ouvira Chat soar tão sério. Ela conseguia ouvir a angústia no tom de voz dele. Será que poderia contar o que Tikki lhe contara? Será que ele a apoiaria? Ou será que a julgaria e a consideraria inapta para o trabalho que estava fazendo?

"Eu..." Marinette começou, mas as palavras eram tão pesadas e carregadas de tanto medo que ela quase se afogou ao tentar falar.

"Ladybug..." o gato fez uma pausa, como se tomando coragem para seguir o próprio raciocínio "As máscaras podem mudar como a gente se comporta, mas não muda quem somos por dentro, ou nossas intenções. E a minha intenção é ficar do seu lado, e ajudar no que eu puder."

Marinette baixou a cabeça até quase encostar o queixo no peito. Como podia pensar mal do parceiro que tantas vezes arriscara a própria vida para ajudá-la? Ela devia confiar nele como ele confiava nela. Ela estava sendo egoísta. Sabia que a verdade o preocuparia, mas escondê-la dele só ia machucá-lo mais ainda.

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