Capítulo 13 - Máscaras

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Ladybug jogava o iôiô de prédio em prédio, impulsionando o corpo de volta para casa, mas tinha a impressão de que estava sendo observada, seguida, e mudou a rota, tentando despistar seja lá quem fosse que estava atrás dela. Escondeu-se atrás da torre da catedral, espiando sobre o ombro para detectar a presença que sentira. Ali ficou por alguns minutos, mas ninguém apareceu, e logo a sensação sumiu. Decidiu então voltar para casa.

Soltou a transformação no mesmo momento em que seus pés atingiram o chão do quarto, liberando Tikki que caía ofegante em suas mãos abertas.

"Eu vou conseguir algo pra você comer" Marinette disse, descendo as escadas. Aparentemente, seus pais ainda não haviam chegado.

Foi até a cozinha, pegou um prato com alguns biscoitos e estava pronta para voltar ao quarto quando avistou a sacola de papel com as luvas e o cachecol sobre o sofá, relembrando-a dos últimos eventos da noite. Respirou fundo. Será que deveria devolver a sacola para ele? Ou mantê-la ali? Fechou os olhos sentindo uma tristeza imensa e subiu as escadas devagar.

"Tikki, vou tomar um banho." Marinette avisou, oferecendo o prato de biscoitos para a kwami, cujos olhos brilharam ao ver as enormes gotas de chocolate sobre a massa marrom.

Ela entrou no banheiro, e tirou a camisa de cima com cuidado, sentindo o braço direito arder ao soltar do contato com o tecido. Sobre a pele, pequenas bolhas haviam crescido em meio a pele que se tornara vermelha em umas partes e escura em outras. Doía só de olhar. Tirou a roupa e observou sua imagem no espelho.

Os hematomas eram poucos, mas as cicatrizes das lutas começavam a empilhar. Passou o dedo indicador sobre cada uma delas, relembrando as lutas, e sorriu para si mesma. Não podia ficar triste, não iria ficar triste. Cada uma daquelas marcas era prova de que ela estava lá protegendo as pessoas. Suas cicatrizes estavam ali para lembrá-la que acima de tudo ela era humana e estava dando o melhor de si, e carregaria cada uma delas como se fosse uma medalha.

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Chat Noir empurrou a janela do próprio quarto, soltando a transformação enquanto adentrava o cômodo. Plagg voou até o sofá com dificuldade, mas ao ver a caixa de Camembert seus movimentos foram rápidos, abrindo-a e começando a comer, sem pensar duas vezes.

Adrien atirou-se de costas sobre a cama, olhando para o teto. Que noite. Fechou os olhos e a imagem de Marinette piscou em sua memória. A pneumonia, o cansaço, os atrasos na aula, o mesmo sorriso. Ao mesmo tempo as personalidades tão diferentes, outro jeito de caminhar, de se portar. Ladybug era tão falante. Marinette tão quieta. Ele sorriu, e logo seu sorriso virou um riso baixo e se transformou em gargalhada. Tão, tão idiota. Ele também era completamente diferente como Adrien e como Chat Noir, e estava ali, procurando alguém no mundo civil que fosse igual a Ladybug, quando deveria estar procurando alguém completamente diferente.

"Enlouqueceu de vez?" ouviu a voz de Plagg perguntando de boca cheia.

"Ainda não, mas falta pouco." Adrien respondeu suspirando entre as risadas.

Adrien finalmente, depois de todo aquele tempo, sabia quem era a Ladybug. Uma sombra passou por cima de seu rosto e uma dúvida surgiu.

"Plagg, você sabe quem é a Ladybug?" o silêncio reinou no quarto, soando como um resposta positiva.

Ele sabe.

Maldito.

Adrien levantou da cama em um pulo, atirando-se por sobre o sofá, onde o kwami olhava o queijo de olhos arregalados "Você sabe!" Adrien gritou, pegando o pequeno gato preto nas mãos e torcendo o nariz ao sentir o fedor do Camembert.

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