Ladybug correu até Chat Noir, que estava de joelhos sobre o primeiro andar da Torre Eiffel, com a cabeça entre as mãos.
"Não. Não. Nãonãonãonãonão." ele sacudia a cabeça de um lado para outro enquanto murmurava repetidamente "Não pode ser verdade, não pode ser verdade, isso não pode estar acontecendo, não, não, não" Ladybug ajoelhou-se ao lado dele.
"Chat, calma." ela ergueu as mãos na direção dele, mas tinha medo de tocá-lo e piorar a situação "Chat, calma, por favor." Ladybug aproximou o rosto do dele, tentando fazer contato visual, mas ele não parava de sacudir a cabeça mirando o chão com os olhos arregalados.
Ela sentiu o coração sangrar ao vê-lo daquela forma. De todas as coisas que poderiam acontecer, aquela era a pior de todas. Ladybug se arrastou de cócoras até a frente do garoto em pânico e segurou a cabeça dele entre as duas mãos, forçando-o a fitá-la nos olhos.
"Adrien, sou eu." ela murmurou, sentindo os dedos trêmulos mergulhados nos cabelos dele, pressionados contra o couro cabeludo, e viu os olhos verdes briharem em reconhecimento na direção do rosto dela.
Quando ouviu o próprio nome, Chat engoliu a seco e piscou duas vezes, como se acordando de um sonho ruim. Deixou-se cair para trás, sentando na marquise de metal e erguendo os olhos para a grande janela redonda escondida entre as sombras. Sentia-se anestesiado, sem reação. Todo aquele treinamento para ficar mais forte, para ficar mais resistente, e ali estava ele, quebrando até o último pedaço.
"Vem, vamos." Ladybug se levantou e estendeu a mão para Chat "Não vamos ficar aqui. Vamos."
Chat não sabia o que estava acontecendo, não conseguia raciocinar, não queria pensar, mas confiava nela. Segurou a mão, erguendo-se do chão e sentindo cada membro pesar uma tonelada. Achava que não seria capaz de caminhar, mas quando ela o puxou, ele colocou um pé a frente do outro, deixando-se levar.
"Me segue." ela disse, e os dois começaram a voltar para a casa de Adrien.
No meio do caminho, ele travou. Parou em pé sentindo tremores o atingirem como raios, e o suor frio escorrer pelo seu rosto. O Miraculous de Ladybug apitou pela primeira vez e ela levou a mão até um dos brincos. Olhou para os lados, para Adrien, e depois para a janela estendida diante deles. Parecia apenas uma janela, mas era o símbolo final de uma jornada, e o local onde ela estava não tornava nada daquilo mais fácil.
"Droga." ela não podia deixar ele ali, mas também não podia ficar e arriscar que os dois fossem descobertos pelas pessoas que eventualmente passassem, então tomou uma decisão.
Ladybug seguiu para onde ia e deixou Chat para trás. Quando alcançou a janela do quarto de Adrien, entrou, pegou o bastão e o iôiô que haviam deixado lá e voltou correndo. Quando se aproximou, ele estava exatamente na mesma posição na qual ela o tinha deixado. Ele não parecia ter percebido que ela se afastara ou se aproximara.
"Aqui, pega. Vamos." ela falou com ternura, segurando a mão dele e abrindo-a, colocando o bastão ali para que o sentisse. Viu os dedos dele se fecharem em torno do bastão e sorriu de leve. Um passo de cada vez. "Agora me segue."
Ela atirou o iôiô na direção do prédio mais alto, se impulsionando até lá, e olhou para trás, esperando Chat fazer o mesmo com o bastão. Ele se moveu até o lado dela, mas seus olhos não demonstravam qualquer emoção. Ladybug sentiu um medo que nunca sentira antes. Ele havia erguido um muro para se proteger de todos aqueles sentimentos que o estavam consumindo por dentro. Precisava ser rápida.
Ladybug repetiu os movimentos de prédio em prédio, sempre esperando que ele a seguisse, até a hora em que avistou a própria casa. Os dois pousaram na cobertura da casa de Marinette, e ela abriu a porta da clarabóia, fazendo sinal para que ele a seguisse. Os movimentos dele eram robóticos e obedientes. Ela sentiu as sobrancelhas descerem sobre os olhos, estampando a preocupação em toda sua face. Segurou a mão dele com força e puxou-o para dentro, fechando a clarabóia acima de si.
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Cronômetro
FanfictionSer a Ladybug tem um preço muito mais caro do que Marinette imaginava. A luta diária contra os akumas teria que terminar, e agora era uma questão de vida ou morte. Obs: Essa fanfic foi escrita na época em que havia apenas a primeira temporada da sé...