Capítulo 14 - Conflitos

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Marinette ficou esperando o melhor momento para dar o cachecol e as luvas para Adrien durante a aula, mas cada vez que tentava falar com ele, algo acontecia. Pensou que talvez fosse um sinal dizendo que aquela não era a hora certa.

"Até eu já estou ficando nervosa com essa sacola, Marinette." Alya chamou atenção da amiga depois da quarta vez que via Mari guardar a sacola embaixo da classe.

"Não posso fazer nada, Alya! Parece que sempre acontece alguma coisa e eu não consigo nem chegar perto dele." Marinette jogou os braços sobre a classe, sentindo-se derrotada. O sinal para o intervalo havia soado e Adrien estava chamando Nino para ir com ele até a cafeteria.

"Eu vou dar um jeito nisso!" Alya levantou-se da classe "Nino, será que você pode esperar um pouco? Preciso falar com você." sorriu sem graça, empurrando a Marinette "A Marinette pode ir com você até a cafeteria, né Adrien?"

Marinette olhou para Alya com os olhos arregalados, mas a amiga piscou de volta. De onde, estava, parado à porta, Adrien não respondeu. Apenas baixou a cabeça e esperou que Marinette lhe alcançasse. Os dois então saíram da sala e foram andando até a cafeteria.

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O silêncio havia se tornado tão constrangedor que era quase como se uma bolha circundasse os dois. Adrien de vez em quando olhava para Marinette com o canto dos olhos, mas voltava a olhar para a frente em seguida. Marinette fazia o mesmo. Em nenhum momento os olhos dos dois se encontraram. Ambos estavam plenamente conscientes da presença do outro a seu lado.

Adrien pensava em como começar uma conversa. Tinha medo de falar algo e pressionar Marinette, ou pior, dar a entender que ele suspeitava fortemente que ela era a Ladybug. Uma frase errada e colocaria tudo a perder. Torceu para que ela puxasse assunto, assim seria mais fácil e menos arriscado.

Marinette não sabia o que falar. Ficara tão sem jeito na hora de sair da sala que esquecera a sacola embaixo da cadeira. Quanta ironia, logo a bendita sacola que ela tentara dar uma meia dúzia de vezes para ele entre os períodos de aula estava lá agora, longe dos dois. Agora ali, ao lado dele, parecia que não era mais uma boa ideia devolver a sacola. Perdera completamente a confiança. Mal sabia o que falar. Torceu para que ele puxasse assunto, assim ela teria menos chance de passar vergonha.

E assim ficaram, um esperando que o outro puxasse conversa primeiro. Quando chegaram na cafeteria, nenhuma palavra ainda tinha sido dita por qualquer um deles.

Os dois se aproximaram do balcão lotado de alunos que brigavam por um espaço. O caos era familiar. As mãos estavam no ar segurando notas de dinheiro e os gritos, cada qual mais alto que o outro, competindo para quem seria atendido primeiro.

Adrien sentia a cabeça latejar com a gritaria, mas ao seu lado Marinette apenas observava o garoto de cenho franzido com o dinheiro na mão. Ele não parecia muito saber como fazer aquilo.

"Eu juro que o Nino já me ensinou vinte vezes como fazer isso, mas na hora que eu chego aqui nunca consigo" ele sorria sem graça olhando para o balcão e as pessoas empurrando-o para pegar seus lanches. Adrien parecia perdido, quase que deslocado, em um mundo que fazia parte há pouco tempo e ainda estava tentando entender como funcionava. Marinette sentiu o canto dos lábios repuxar em sinal de determinação e pegou a nota da mão de Adrien.

"Mas o quê-" ele começou.

"O que você quer beber?" ela perguntou sem hesitar, olhando-o nos olhos, e Adrien ergueu uma sobrancelha sem entender "Me diz." ela insistiu, e o garoto disse 'Café' num ar incrédulo.

"Deixa comigo." Marinette falou em um segundo, e no próximo já não estava mais ali.

Ela aproveitou-se do fato de ser baixinha para entrar por baixo dos braços das pessoas amontoadas, esgueirando-se em cada canto que via, e chegando ao balcão. Fez o pedido, pegou o café, conferiu o troco e voltou para Adrien com um ar triunfante no rosto, avistando o garoto que a olhou com um sorriso de parabenização. Distraída, não viu um garoto que andava de costas em sua direção, sentindo tarde demais o impacto que a fez perder o equilíbrio e derramar o café quente sobre o próprio braço. Sentiu a pele queimar, encolhendo o corpo com a sensação, mas não largando o copo de café. Viu Adrien correndo na sua direção.

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