hello

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Zairah estava em casa, deitada no sofá com o celular em mãos e uma camisola totalmente despojada enquanto fingia para si mesma que estava prestando atenção no que se passava na televisão.

Fazia uma semana desde o fatídico dia em que teve que enfrentar Zileh mais uma vez. Seu peito ainda se apertava, as lembranças sobre seu pai pareciam mais vívidas em sua mente do que nunca.

Havia também uma preocupação com Liam. Queria não pensar que o castanho era mais um dos caras preconceituosos e babacas com quem havia se relacionado. O homem não havia lhe dado sinais de vida desde aquele dia e ela queria poder conversar com ele para deixar tudo mais claro mas achou melhor não procurá-lo, esperar que Liam tivesse seu tempo para processar a informação.

Quando escutou batidinhas na porta ela estranhou, tanto pela hora, quanto por não ter sido avisada pelo porteiro. Imaginou então que seria sua mãe ou Louis. Ajeitou os cabelos e a camisola antes de jogar o celular no sofá e caminhar até a porta.

Ao abrir sua surpresa foi tão grande de ver Liam apoiado contra o batente da porta com as mãos dentro dos bolsos dianteiros da calça e um sorriso simpático no rosto que ela ficou estática.

- Você não tem noção de como foi difícil fazer o porteiro me deixar subir sem te avisar. Não queria te acordar caso estivesse dormindo.

- O que faz aqui? - perguntou perplexa.

- Achei que seria melhor conversar com você pessoalmente, só tive tempo para isso agora, minha semana foi muito corrida.

- Oh, entre. - ela falou dando passagem para que Liam entrasse.

O homem passou por ela se sentando no sofá, Soph veio toda animada se esfregar nas pernas dele pedindo por carinho sendo atendida prontamente pelo homem que ria da folga da cadelinha deitada no chão.

- Se você veio aqui me bater ou gritar comigo eu juro que chamo a segurança. - falou nervosa enquanto fechava a porta.

- Por favor, Zairah, nunca ergui a mão para bater nem nas minhas irmãs quando era criança, quem dirá agora que sou homem feito. Fique tranquila, eu nunca vou bater em mulher nenhuma.

- Já passei por situações muito desagradáveis, é só precaução.

- Eu entendo, mas não estou bravo com você, só vim conversar.

Zairah sentou-se suas mãos tremiam um pouco, ela tinha medo do que poderia acontecer, não precisava de mais uma lembrança traumática para sua coleção.

- Como você está? - ele perguntou com a voz suave.

- Bem, eu acho. E você?

- Bem também. - um silêncio constrangedor se estendeu pelo recinto por alguns instantes - Por que não me contou antes sobre... Sobre tudo.

- Tive medo. As coisas não são fáceis, as pessoas costumam ser muito preconceituosas e eu estava realmente gostando de sair com você. Não queria que você estragasse tudo sendo um idiota preconceituoso.

- Se escondendo de mim? Você sabia que isso não ia funcionar para sempre. Uma hora teria que me contar se as coisas continuassem do jeito que estão.

- Não é tão simples assim.

- Me desculpe ser intrometido, mas você não chegou a fazer aquela cirurgia?

- Não. Eu sempre me senti uma mulher e minha genital sempre foi feminina para mim. Só faço tratamento hormonal. Como os médicos dizem, existem níveis de "disforia" de gênero. Existem pessoas que realmente necessitam dessa cirurgia e gente que pode se sentir bem sem nem mesmo tomar hormônios. É muito relativo.

If I Lose Myself || ZiamOnde histórias criam vida. Descubra agora