treze - enfim, casados.

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Eu não sabia o que era uma noite bem dormida a um mês. Lilly era pequena, mas tinha um choro extremamente potente, o que me deixava sem opção a não ser ficar acordada, já que eu não conseguia dormir novamente depois que ela acordava. Como a pessoa perfeita que era, Aisran passava a noite acordado comigo, era difícil não dar uns cochilos, mas ele se segurava bem.
            Na primeira semana com Lilly, Aisran havia pedido uma folga não remunerada no seu emprego. Seria apenas por um tempo, mas já fazia um mês e duas semanas. Com certeza ele já havia perdido seu cargo.
Sem trabalhar e tendo que ficar em casa, Aisran adquiriu como hobbie, arrumar a casa. Ele limpava o chão várias vezes, organizava todos os mantimentos da dispensa, arrumava a geladeira de dois em dois dias e organizava os tempeiros quase todos os dias. Além de toda a loucura com a limpeza, também inventava receitas. Quase sempre saia uma droga, mas eu ainda sorria e dizia que estava ótimo, depois inventava que precisava trocar a fralda de Lilly a me livrar de terminar a comida.

Lilly havia crescido muito para ser uma garota de apenas um mês e algumas semanas. Ela era bem gordinha, tinha bochechas rosadas, lábios tão pequenos que quase parecia um corte no meio do rosto, seus cabelos eram bem pretinhos e cacheados, algo que não sabia de quem ela havia puxado, e seus olhos eram de azul tão intenso que dava vontade de olhar por horas. Lilly era linda, mas não se parecia em nada comigo.

_o nariz é idêntico.

Aisran falava tentando me animar quando eu reclamava por Lilly não se parecer em nada comigo.

_e ela também não se parece comigo.

Ele emendava e colocava Lilly perto de seu rosto. Eu conseguia ver semelhança entre ele e a filha. O queixo era exatamente igual, o nariz (que ele dizia ser idêntico ao meu) também era exatamente igual ao seu, e esperava que o sorriso fosse igual também, pois ele era maravilhoso. Era até bom Lilly não se parecer comigo, depois do enorme massacre na grande sede do anomaliase, a maioria das pessoas nos odiavam. Eu sabia que haveriam pessoas que não gostariam da minha filha, mas não queria que fosse a maioria das pessoas. Lilly seria uma bela garota, e eu gostaria que ela fosse admirada por seus amigos de escola e arrancasse suspiros apaixonados dos garotos, por onde passasse, e isso não aconteceria caso tivesse características bizarras, olhos estranhos e cabelo colorido.
    Sempre que comentava sobre o assunto, Aisran tentava começar um discurso sobre como eu era perfeita e que não devia me envergonhar de minhas características. Mas no fundo eu sabia que ele estava aliviado por nossa filha ser "normal".

Nos poucos minutos do dia em que Lilly dormia, ou quando simplesmente estava quieta, Aisran e eu aproveitavamos para organizar as coisas do nosso casamento, que seria no próximo mês. Já havíamos escolhido a cor do casamento, o meu vestido, o buquê, o bufê, as bebidas, a lista de musicas e feito os convites. Faltavam apenas algumas coisas simples e decidir se realmente iríamos viajar para a lua de mel.

_depois que eu conheci essa coisa fofa, não consigo mais soltá-la, imagine ficar uma semana sem ela! E além disso ela só tem um mês, e o leite materno é essencial para seu crescimento.

_eu também não quero soltar meu algodão doce. A gente podia viajar com ela.

_ela é muito pequenina para viajar, sua mãe jamais deixaria.

_então eu já sei onde e como vamos passar nossa lua de mel! — Aisran dá um de seus sorrisos e se levanta, indo em direção ao escritório.

_onde? — pergunto antes que ele desapareça pela porta.

_no quintal — ele diz animado e volta a ir em direção ao escritório.

_quintal? — pergunto para mim mesma — seu papai está ficando louco — digo para a princesinha no meu colo, que havia acabado de acordar.

Anomaliase 2 - De volta ao sonho (REESCRITA)Onde histórias criam vida. Descubra agora