Mas agora eu tinha um problema.
Bem, eu já tinha um problema pra começo de conversa, mas agora tinha um problema maior, que era o fato de eu não ter um único amigo que me deixaria ficar na sua casa.
Eu tinha amigos.
Tendo uma personalidade um tanto problemática, eu não poderia dizer que eu tinha muitos mas, da minha própria maneira, eu havia construído uma rede de amigos apropriada para um estudante normal durante minha vida escolar.
Falando nisso, enquanto o Araragi-kun falava da sua falta de amigos com não tanto masoquismo mas algo próximo a orgulho, nesse ponto, permita-me testemunhar que ele não estava falando inverdades.
Não era um exagero dizer que ele não tinha amigos.
Ou melhor, por um tempo ele se conduziu a fazer o mínimo de amigos possível – fazer amigos diminuí sua força como um ser humano, ou assim ele dizia.
Ele realmente pensava, e dizia, isso.
Apesar de que ele já havia abandonado essa filosofia, ele ainda estava passando por uma reabilitação, e eu nunca vi ele falar com os garotos da sala.
Na verdade, eu nunca vi ele falar com ninguém além da Senjougahara-san e de mim.
Ele sabia que, assim como a Senjougahara-san costumava ser chamada de 'filha nobre', ele havia sido apelidado de 'mudo imóvel'?
Comparada a situação do Araragi-kun, eu ainda tinha amigos.
Amigos com os quais eu me dou bem.
Mas, quando eu penso sobre isso com cuidado, eu nunca fiquei na casa de um amigo antes.
Eu nunca vivi nada como 'passar a noite', como tal era chamado – hmm.
Agora que eu pensei sobre isso novamente, eu me pergunto o porquê.
E apesar de que eu odiava passar tempo na casa, eu nunca genuinamente fiz uma tentativa de 'fugir' -
Araragi-kun provavelmente diria algo como, isso é porque você é uma estudante de honra, e enquanto isso possa ser a verdade, talvez era na verdade o ponto de vista da Senjougahara-san que estivesse correto.
Em outras palavras,
" Você alguma vez disse, 'me ajude'? "
Isso não se estendia somente ao Araragi-kun.
Talvez pedir ajuda aos outros fosse simplesmente algo que eu não conseguisse fazer – eu não gostava da ideia de encarregar algo tão decisivo a outra pessoa.
Eu não queria largar meu direito de escolha.
Eu quero definir minha vida eu mesma.
É por isso que – eu me tornei um gato.
Eu me tornei uma aberração.
Eu me tornei eu.
" Bem, acho que está tudo bem. Estou com sorte, eu sei para onde ir. " Eu disse isso de uma maneira que não era bem estar falando sozinha, para me alegrar, e parti. Esse sentimento de ser como a Anne Shirley, com minha única mochila contendo toda minha fortuna, significava que não era verdade que eu não estava de uma maneira imprudente gostando da situação atual, então eu suponho que, como uma pessoa, eu não estava completamente séria – e o lugar para o qual estava indo, é claro,
era as ruínas daquele cursinho que todos nós conhecemos.
Parece que era chamado de Cursinho Mentes Nobres enquanto ainda estava em funcionamento.
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Nekomogatari [Branco] (Monogatari Series V. 7)
ParanormalVolume 7 da série Monogatari, abrindo a segunda temporada, assinada pelo escritor Nishio Ishin, conta as histórias do protagonista Koyomi Araragi, um estudante do terceiro ano do Ensino Médio, e suas relações com garotas e criaturas sobrenaturais. (...