Poema 6 / Poem 6

41 0 0
                                        

Chega o dia da gloriosa união, dez anos santificados perante a sociedade

     o religioso vestido como um espectro recita Camões e depois suas bençãos, enquanto uma lágrima escorre pelo rosto de uma mulher

eles aceitam, se beijam e dizem umas palavras decoradas - aplausos se misturam a uma música alta

conversas, risos e gritos - uísque, uísque, uísque, sem ti me mataria

todos se enfileiram pela comida

conversas, risos, gritos e mais uísque

agora uma sala escura

músicos tocam músicas ruins

todos dançam 

rituais primitivos, mas nenhum sinal de chuva

álcool nunca é demais

assisto-a dançar

aquele vestido longo e dourado ao redor de seu corpo, move-se hipnoticamente

ela controla o meu olhar e agarra um homem

é casada, pensei que ele fosse seu pai

mais uísque

luzes piscam descontroladamente

uma voz me chama e me serve

sento-me em um sofá, cercado de pessoas frenéticas que aos poucos somem

meu sofá se transforma em uma cadeira e a sala não tem mais paredes

é banhada diretamente pela lua e enfeitada por água

assisto a todos se despirem e se atirarem na água

já não estou mais lá, somente meu corpo olha fixo para o nada

sombras tentam se comunicar

me chamam, me tocam, me cercam

minha cabeça dói

_____________________________________________________________________________

Comes the day of the glorious union, ten years sanctified before society

     the religious dresses as a specter recites Camões and afterwards gives his blessings, while a tear runs across a woman's face

they accept, kiss and say a couple of memorized words - claps mix with loud music

conversations, laghter and screaming - whisky, whisky, whisky, without you would be the end of me

all in line for the food

words laughs screams and more whisky

now a dark room

musicians play loathsome music

everybody dancing

primitive rituals, but no sign of rain

alcohol can never be too much

I watch her dancing

that long golden dress tight over her body moves hypnotically

she controls my sight and jumps over some man

shes's married, fuck, I thought it was her father

more whisky

lights shine uncontrollably

a voice calls for me and serves me another poisonous dose

I sit on a couch aroud lots of frenetic people that soon disappear

my couch is now a chair and the rooms have no more walls

it's drowned directly by moonlight and adorned with water

I watch everyone undress and throw themselves in the water

I'm no longer there, just my body is staring fixed to nothing

shadows try to communicate

call for me, touch me, group aroud me

my head hurts

Poemas / PoemsOnde histórias criam vida. Descubra agora