Poema 2

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Encontrei uma foto sua por aí

tirada depois de você sair de minha vida

desaparecer como uma estranha

figurante do momento

Suas pedras castanhas brilham mais que antes

parece mais viva com um sorriso sutil nos lábios rosados

dois sóis pendurados nas orelhas pequeninas

sempre te achei mais bela sem maquiagem

mas a pintura desta foto te caiu bem

deixou teus olhos ainda mais hipnotizantes

Você está aqui

ao meu lado, em minhas mãos

mas não sei onde

longe que nem te vejo

“Este número não está recebendo chamadas no momento”

diz a voz insensível do seu celular

estou em um relacionamento de longa data com essa voz

a cada chamada ela parece mais sensibilizada pela minha desgraça

sinto sua pena de máquina

criada pela minha mente já um tanto alcoolizada

São dez da noite

vejo a lua da minha janela

escrevo alguns versos entre tragos de uísque

São onze horas

abro uma garrafa de vinho

o saca rolhas é barato, invento posições sexuais com a garrafa para poder abri-la

São meia noite

a garrafa está seca, como o vinho que nela vivia

tenho tanta saudade de seu líquido quanto de você

volto para o uísque, então

Enquanto isso

as notas de Miles me cortam como navalha da alma

Escrevo mais uns versos

sua foto fala comigo enquanto o sol nasce

tampouco ela me ama

Fecho as persianas

o sol não é boa companhia quando não está em suas orelhas

gosto mais da lua, pois me lembra seus olhos

o sol me julga com seu brilho e calor

a lua me consola

Por que não durmo de uma vez?

já nem me sinto acordado

não sinto meu rosto e minha cabeça arde

você não está aqui

O sorriso de sua foto me arrepia

me persegue

marcado em meus olhos

em minha alma

peço a foto que te diga que te amo 

só isso

só isso quero que ouça

depois pode desaparecer de novo

O que me mata

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