Chegando ao Seu Coração

Faca

Mais um pra vocês meus anjinhosss.

Saio da minha paralisia temporária e corro em direção ao elevador, e para minha sorte o encontro com a cabeça apoiada na parede, com os olhos fechados ao lado do elevador.

Quando fecho a porta, isso parece chamar sua atenção, porque ele abre os olhos e levanta a cabeça olhando na minha direção. Na mesma hora a porta do elevador se abre e ele entra.

Entro também e o silêncio parece ensurdecedor de tão agonizante que está. Ele nem ao mesmo olha para mim, apenas aperta o botão da garagem e olha para a porta.

Quando elas enfim abrem, anunciando que chegamos a garagem, solto a respiração que até então, não sabia que estava prendendo.

Porque um homem, que não faz nem 24 horas que eu conheço já me faz sentir tantas coisas ao mesmo tempo. Ninguém nunca foi capaz de tal façanha. Querendo ou não, ele meche com meus sentimentos, e isso não é bom.

E agora quando estou prestes a ir embora sinto que estou deixando algo de importante para traz, como quando estamos saindo de casa e sentimos que está faltando algo, mas não sabemos o que é, e só vamos descobrir depois que não dá mais para tê-lo.E essa sensação esta mil vezes pior agora, e não é nem um pouco prazerosa. Mas enfim, eu que insisti para ir embora então eu  deveria estar feliz, mas inexplicavelmente não estou, na verdade isso está apertando meu peito de uma forma sufocante.

Paro só para pensar o que me espera nas ruas, e já sinto meus ossos congelarem.

Ele abre o carro, puxa minha mochila e estende na minha direção. Com um certo receio pego e sem querer acabo encostando na sua mão e um friozinho passa pelo meu corpo.

Ele caminha em direção a uma porta e eu sigo a traz, no fim do corredor vejo que dá na portaria do hotel.

Passamos pela recepção que para meu azar se encontra cheio de gente. Todos bem vestidos, mulher com suas joias caras que devem custar o valor  de uma Ilha e seus vestidos brilhantes e os homens com seus ternos caros.

Abaixo a cabeça quando olhares se voltam para mim. Até entendo eles, porque o que uma garota que está usando roupas sujas estaria fazendo num lugar como esse. Onde um prato de caviar vale o preço de um carro popular.

O porteiro abre o portão para mim e em seguida eu saio. Sombra permanece do outro lado do portão.

- Obrigada por tudo e me desculpa por tudo. - digo envergonhada e saio andando.

Duas horas já se passaram desde que eu saí do apartamento do sombra. O sol já se faz presente, mas mesmo assim o tempo continua frio por causa dos ventos.

Assim que sai andei por uns 10 minutos até que achei um beco mais afastado aonde eu consegui deixar minhas coisas e descansar.

Agora estou aqui olhando as pessoas passarem na rua, todas sempre com tanta pressa, como se não chegassem ao seus destinos iriam morrer.

A fome já se faz presente, queria sair para pedir comida, mas tenho medo de que alguém apareça e roube minhas coisas. Então prefiro esperar até anoitecer que é quando as lanchonetes começam a fechar e jogar os restos de comida fora.

Vejo um grupo de garotos bem arrumados andar na minha direção, meus instintos começam a ficar em alerta. Vou me afastando até que eu esteja completamente colada a parede.

Os 4 rapazes vem em minha direção e param na minha frente, eles olham para minha mochila e depois passam os olhos pelo meu corpo, isso faz com que eu um arrepio percorra meu corpo.

- Quanto você cobra ? - um loiro pergunta com um sorriso malicioso.

Eles pensam que eu sou prostituta ? Meu Deus, me ajuda.

- Eu não sou prostituta se é o que vocês estão pensando. - digo tentando ser firme mas minha voz falha.

- Então podemos brincar com você de graça. Não é gente ?- diz um moreno alto.

Então todos soltam risadas e me agarram. Não tenho força suficiente para me defender, pois ainda estou fraca por causa dos machucados. Tento chutar e bater, mas dois deles me seguram enquanto um tenta abrir minha camisa.

Consigo chutar o meio das pernas de um que estava tentando abrir minha calça. E dou um chute no rosto do outro, fazendo ele cambalear para trás.

Ele então vem para cima de mim, e me desfere diversos socos, tanto no rosto quanto na barriga. Quando eu penso que ele finalmente se cansou, vejo mesmo com a visão embasada uma faca.

- Cara o que você vai fazer com essa faca ? Ficou louco. - diz um com olhos puxados.

- Cala a boca, essa piranha me bateu, agora ela vai ter o que merece. - diz ele fazendo com que meu corpo gele.

Com o medo tento me debater incansavelmente, mas isso só faz com que eles me segurem com mais força. De repente sinto uma dor latejante vinda do meu abdômen, e quando olho para baixo vejo a faca cravada na minha barriga.

O sangue começa a escorrer pelo ferimento, a dor faz  minhas pernas perderem a força, os homens me abandonam no chão e saem correndo.

Fecho os olhos com força, tentando pensar no que eu posso fazer. Não teria como um ir para um hospital porque nem ao menos sei aonde estou, eu poderia ficar caminhando por horas sem que eu encontrasse um.

Com muito esforço levanto do chão e com uma mão apoiada na parede, vou caminhando pelas ruas em direção ao único lugar que eu sei que alguém ainda me ajudaria.

As pessoas a minha volta não parecem perceber que estou sangrando com uma faca encravada na barriga. A grande maioria esta com a cara enfiada no celular. E mesmo se me vissem provavelmente teriam medo de me ajudar, pensando que talvez eu podesse ser alguma criminosa.

Sinto que minhas forças estão acabando e tento acelerar os passos pois já consegui ver o prédio luxuoso do sombra.

Paro em frente ao prédio e chamo o porteiro, ele me olha assustado quando vê minha camisa molhada de sangue e a faca na barriga.

- Meu Deus, o que fizeram com você criança ? - diz chocado e com lágrimas nos olhos.

- Por favor...eu estive aqui mais cedo...chame o sombra. - digo fraca, nesse momento já estou caída na calçada.

O senhor corre para dentro da sua cabine, ouço ele gritar alguma coisa e logo depois o portão sendo aberto e mãos quentes no meu braço.

- Você está gelada. Eu já chamei ele, você precisa ir para um hospital menina,está sangrando muito. Venha vou te levar para dentro.

Assim que sinto suas mãos tentando me levantar, solto um grito de dor, pois isso só faz com que a faca se aprofunde mais.

Sinto que estou perdendo a consciência, mas não antes de ver sombra completamente surpreso. Então antes das sombras me levarem consigo dizer.

- sombra...

Contínua...