Sei que estou em dívida com vcs. Mas por favor sejam compreensivas e não me matem.
- Eu quero ir embora. - digo baixo com os olhos no prato, já vazio.
Ele me olha com seus olhos frios e assustadores, e não diz uma palavra. Então decido que meu tempo neste lugar já acabou.
Me levanto ainda sobe o olhar do sombra, caminho em direção a pia deixo meu prato e sigo para o quarto.
Entro no banheiro e quando me abaixo para pegar as peças de roupa, solto um gemido de dor. Solto um suspiro ao constatar que esses hematomas não vão me deixar tão cedo.
Olho para a banheira e por alguns segundos amaldiçoou o sombra por ter me tirado de lá. A essa hora provavelmente eu já estaria morta e tudo isso iria acabar. Mas por outro lado eu o agradeço, porque apesar de tudo ele foi o único que me estendeu a mão num momento em que eu mais precisava.
Saio dos meus pensamentos e vou para o quarto. Coloco minhas roupas em cima da cama, e vejo o quanto estão sujas. Eu até poderia pedir que ele me deixasse lavar-las, mas acho que já estaria abusando demais de sua hospitalidade.
Tiro sua camiseta e inspiro profundamento o cheiro que ela traz, uma mistura maravilhosa de sabão em pó e perfume amadeirado. Dobro e a deixo em cima da cama, enquanto vou colocando minhas roupas calmamente, e a cada movimento mais brusco sinto pontadas pelo corpo, e involuntariamente solto suspiros de dor.
Quando enfim termino, vou até as janelas do quarto e meu queixo cai ao ver a vista que aquele apartamento tem. As ruas estão iluminadas com os faróis dos carros, mas ao fundo vejo um dos parques que eu acho um dos mais bonitos da cidade.
O céu já manda seu aviso de que o sol já está prestes a nascer. Pela janela percebo que as árvores balançam com a frente fria, e isso me preocupa, pois agora mais do que nunca sei que vou passar frio se não conseguir arranjar mais casacos. Talvez eu vá até uma loja e peça para que ela me doem uma blusa.
Quando saio da janela, olho em volta para ver se está tudo organizado. Fiz questão de colocar tudo em seu devido lugar, não quero que o sombra pense que eu roubei alguma coisa.
Vou para sala e o encontro sentado no sofá, que pelo tamanho e luxuozidade poderia valer metade do valor da minha casa.
Casa ? Que casa ? Você não tem mais casa Chloe. Você mora na rua. Meu subconsciente me lembra.
Penso em passar reto e não falar com ele, mas se uma coisa o meu pai me ensinou é que sempre devemos agradecer, por mínima que seja a atitude.
Paro em pé na sala e seu olhar sai da TV e se volta para mim. Percebo suas mãos se fecharem em punho, quando vê minhas roupas.
- Eu queria agradecer pelo banho, pelo comida e por ter me ajudado quando...enfim, obrigada. E queria pedir que pegasse minha mochila no seu carro.
Ele não diz nada, apenas me encara como uma animal faminto que vê logo a frente sua presa, e prepara para dar o bote. E isso devo dizer, e muito assustador e excitante ao mesmo tempo.
- Eu não vou devolver a bolsa. - ele diz simplesmente e volta seu olhar para a enorme televisão, e passa o que percebo ser um jogo de futebol.
O olho indignada e ando até o meio da sala e fico em frente a televisão, para tentar bloquear sua visão. Mais meu plano falha, pois nem três de mim poderia tampar toda aquela TV.
Então faço uma coisa mais óbvia, desligo ela e só então tenho sua atenção voltada a mim.
- Eu estava assistindo.
- Você pode voltar a assistir assim que pegar a minha mochila. - digo nervosa.
- Já disse que você não vai sair daqui. - diz ele calmamente como se tivesse dito " a gente não vai tomar sorvete hoje ".
- Você não manda em mim. Já disse que eu quero ir embora, e eu vou você querendo ou não. - digo já soltando fumaça pelas orelhas.
- Chega, minha paciência acabou. - diz ele e logo em seguida como uma rapidez surpreendente ele levanta do sofá e para na minha frente.
Acho nem preciso falar que ele é mil vezes mais alto que eu. Então me sinto uma criancinha perto dele.
- Você vai para o quarto, tirar essa roupa e voltar aqui. Vai sentar essa bunda gostosa no sofá e calar a boca. Entendeu ?. - diz com a voz fria e rouca. Me fazendo tremer de medo.
- ENTENDEU PORRA ? - pergunta de novo, mas dessa vez gritando. Sinto as lágrimas descendo como cachoeiras pelo meu rosto.
Não digo nada, apenas acinto e saio correndo em direção ao quarto.
Chego lá fecho a porta atrás de mim e me certifico de que esteja trancada. Ando de um lado para o outro pensando em um jeito para que eu possa sair daqui sem que ele me veja.
Procuro algo nas gavetas que eu possa usar como arma, mas não encontro nada.
Alguns minutos depois ouço passos pesados vindo em direção a porta e então ouço batidas que mais parecem murros.
- Por que trancou a porta caralho ? - diz ele com a voz raivosa, suas batidas começam a ficar mais furiosas e me faz achar que a qualquer momento ele possa derrubar elas só com as mãos.
- Vai embora sombra. - grito com a voz trêmula.
- Abre essa merda ou eu vou derrubar.
Suas batidas param e eu caminho lentamente em direção a porta e destranco. Assim que vejo ela abrir corro para o outro lado do quarto.
Seu rosto parece com um misto de raiva e preocupação.
- Por que você quer tanto ir embora ? Mesmo sabendo que hoje você quase foi morta por um filho da puta psicopata.
- Porque eu não te conheço e eu tenho medo de você.
Isso não era totalmente verdade, realmente eu não o conheço e não sei o porque dele estar me ajudando, mas não tenho medo dele, não o tempo todo. Ele só me assusta quando perde o controle, e como se virasse outra pessoa, seus olhos adquirem um tom quase vermelho e suas veias saltam. Como um touro raivoso. E tenho medo do que ele possa fazer enquanto estiver assim.
- Você tem medo de mim ? - sua tom sai rouco e baixo. Ele parecer estar perdido em pensamentos.
- Sim.
- Ok.
E então sai do quarto, mesmo meio receosa sigo atrás dele.
- Onde vai ? - pergunto apressando meus passos para acompanhar os dele.
- Pegar sua mochila. Você não quer ir embora, então que assim seja.
E dito isso ele bate a porta do apartamento. Me deixando lá sozinha e com minha cabeça completamente confusa.
Continua...
Eiiiita Giovana segura o forninho. E agora ??
Até a próxima anjinhos...
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Chegando ao Seu Coração
Literatura KobiecaEla, moradora de rua que apesar de muito nova já sofreu muito na vida. Ele, um homem rico, arrogante, prepotente. Mas por dentro uma pessoa amável que teve sua vida destruída por uma interesseira. Ela, sensível que apesar da vida dura ainda acredita...