Um dia talvez!

Capítulo 2

Fernando, agora adolescente, se prepara cursando o segundo grau para entrar na faculdade no próximo ano. Ele e Neli estão sempre juntos em casa, na escola, nos passeios, em toda parte um não dispensa a companhia do outro. Ela tem nele um ótimo professor que a auxilia nos estudos e uma ligação forte os une sempre mais. Até já combinaram de serem padrinhos um do outro na formatura de ambos. Isso tudo não passou despercebido pelas senhoras dessas famílias.

No aniversário de Fernando, quando deixou de ser adolescente para entrar na faixa dos adultos, agora maior de idade, outros compromissos o esperam como servir o exército no ano que vem, e antes prestar o vestibular para direito, sim, ele quer ser advogado criminalista e melhorar o mundo se puder, como todo jovem cheio de esperança. Nesse dia Marta, Inês e Ângela conversam sobre os dois inseparáveis amigos.

- Precisamos ficar atentas com relação a eles, não que façam algo de errado, mas por saber que, com as atividades de ambos, poderão se afastar e sofrerão com certeza – diz Inês.

- Neli nunca me disse que está apaixonada, mas eu noto a preocupação dela com ele – diz Marta.

- Tenho notado que por várias vezes ele quer saber se eu sei onde ela foi ou com quem saiu, sei que ele puxou o ciúme de Jorge e já o vi perguntar a ela se saiu sozinha ou com os pais – diz Ângela.

- Só Deus é que sabe o caminho dos dois, mesmo assim não gostaria de vê-los sofrer, só nos resta rezar para que o melhor aconteça pra eles – completa Inês.

Enquanto elas conversam e se preocupam, os jovens acompanhados de amigos de Fernando se divertem dançando e fazendo piada de tudo, sem qualquer preocupação.

Nesse ano Neli inicia o segundo grau e pretende fazer medicina e especializar-se em pediatria, tinha paixão por crianças e optou por cuidar da saúde delas. Isso significava muitos anos de estudos de ambos e falaram sobre isso, várias vezes, como amigos que desejam tirar duvidas, e finalmente estava decidido, ela seria pediatra e ele advogado criminal. Em nenhum momento foi mencionado qualquer sentimento entre ambos, apesar da visível ligação desde crianças.

Como era de se esperar, Fernando com o exército e a faculdade vivia ocupado e já não via Neli todos os dias, dos finais de semana passou para cada quinze dias e assim foram se afastando, mas nenhum dos dois se queixava ou mostrava tristeza. Na verdade as mães e a avó estavam mais preocupadas que eles.

Quando Neli terminou o segundo grau, Fernando foi seu padrinho sim, como ela já havia sido madrinha dele em sua formatura, e formavam um belo casal. Dançaram o baile todo e conversaram muito porque havia muita coisa nova para contar, mas depois disso a rotina continuou com Neli prestando vestibular e obtendo êxito. Para eles estava tudo muito certo, eram dois bons amigos, felizes com o progresso do outro.

O tempo estava passando, os estudos os absorvendo e a distância os afastando, dificilmente se encontravam nos aniversários das famílias e se acaso isso acontecia, já não havia a mesma afinidade ou ligação entre eles. As mães e a avó observaram tudo, mas não teceram nenhum comentário, enfim, a vida seguia seu curso.

Um dia durante um almoço que reunia todos os amigos, inclusive Jorge, Lídia, João e Lia sua noiva, Ana e Pedro, em casa de Inês e Vitor, os únicos que não estavam eram Neli e Fernando. Ela estava fazendo residência no hospital, e ele estava em uma cidade do interior representando o escritório de advogados onde trabalhava num processo como promotor público, sua especialidade, em um caso de duplo homicídio.

Neli formou-se pediatra e começou a trabalhar num hospital do estado onde conheceu muitos colegas, e quando chegava a casa tinha muitas coisas a contar para Marta que a ouvia com atenção. Eram assuntos relacionados aos colegas, ao serviço, até que um dia ela mencionou o nome de um médico ortopedista, Felipe e à partir daí, ele passou a fazer parte da vida dela. O relacionamento estava ficando sério, e um dia Marta questionou: