Um dia talvez!

Capítulo 8

       Fernando, no domingo, coloca as crianças no carro ainda dormindo. Os dois nas cadeirinhas, Clair atrás do pai, Léo nas costas do banco do passageiro e de frente para a babá que estava sentada no meio do banco, entre um e outro. No banco da frente uma boa sacola, presa com o sinto de segurança, levava tudo o que fosse necessário durante a viagem para as crianças. O motorista pretendia fazer uma única parada, se possível, para que chegassem no horário, uma vez que não poderia dirigir no limite de velocidade permitida, pois ele conduzia suas duas relíquias, então, a prudência era o limite.

Como saíram no horário combinado, chegaram as doze e trinta para alegria dos avós que estavam sentados no jardim à espera deles. Já bem acordados e loucos pra sair do carro, Clair sai correndo pelo jardim e Léo faz suas gracinhas para os felizes avós, que emocionados, estão com os olhos cheios de lágrimas.

- Fizeram boa viagem Fernando, eles deram trabalho? – pergunta Bárbara.

- Não, nenhum. Clair estava ansiosa pra chegar, acho que estava cansada de ficar presa dentro do carro.

- Que bom! Como vai Ana, seja bem vinda. Matilde vai levá-la até o quarto que você ficará com as crianças e Pedro levará as malas. Fique a vontade e se precisar de alguma coisa é só falar com a Matilde, certo?

- Obrigada dona Bárbara, eu arrumarei rapidamente as roupas e volto pra cuidar deles.

- Não se preocupe, faça as coisas com calma, nós vamos nos divertir um pouco em quanto isso. Fernando, Cilene e Jonas estão com os meninos na praia, não devem demorar, Ricardo e Heitor foram buscar as namoradas para almoçarmos todos juntos.

- Isso será muito bom, assim poderão rever as crianças. E os atletas continuam na maratona?

- Por incrível que pareça, eles parece que aprenderam a andar, estão mais calmos e comportados – diz Rodrigo rindo.

- Isso é que é uma mudança radical, eu é que entrei na maratona, se não fossem Marina e Ana estaria perdido com o escritório e as crianças, eu já teria ganho todas as competições.

- As mulheres se preparam durante a gravidez para dar conta dessa agitação que motiva a maternidade, e Clair ainda é um bebê, com um agravante ela anda, corre e não para um segundo. O homem não está preparado pra ser mãe, mas já se passaram alguns meses e você já se adaptou não é? - pergunta Bárbara rindo.

- Quando vocês estiveram em casa há dois meses, eu ainda estava atrapalhado tentando conciliar tudo, mas agora já consigo trabalhar, dar atenção a eles e coordenar os problemas domésticos. O que eu não posso pensar é em ficar sem qualquer uma das minhas duas secretárias, elas são os meus valorosos soldados nessa luta.

Nesse momento os banhistas chegam e todos se abraçam, Cilene e Jonas não viam Fernando desde o enterro de Nicole, e os meninos beijaram o tio e já foram atrás de Clair que estava no balanço que Rodrigo instalara em uma árvore, próximo a varanda da entrada da sala de visitas. Havia certa diferença de idade entre eles, mas Luiz e Cesar adoravam a prima porque ela era elétrica como eles.

Os outros cunhados e suas namoradas chegaram para completar a família que tinha uma única ausência, Nicole. Ninguém comentou sobre isso, até que Rodrigo na hora da oração, na mesa do almoço, disse:

- Estamos todos juntos hoje nessa agradável reunião e agradecemos a Deus essa oportunidade e esse alimento. Não conseguimos comemorar porque nos falta um membro e a saudade nos impede, mas temos certeza que está junto a Vós e em paz. Aceitamos Tua vontade e pedimos Tua benção e proteção. Amém!