Apesar de ter a oportunidade de estar presente no aniversário de Léo, depois de dois meses Inês, que ainda fazia com dedicação o tratamento depois do enfarto que sofrera, voltou a preocupar a família que notara um cansaço e desanimo mais acentuado. Vitor não saia de perto dela e fazia de tudo para que conseguisse alegrá-la.
Mesmo com todo o tratamento que vinha sendo ministrado, seu coração estava mais fraco e havia aumentado um pouco e o cardiologista já havia prevenido a família que Inês não teria muito tempo de vida, que seu coração estava cansado de bater, para que entendessem melhor.
Numa tarde Marta e Ângela foram fazer companhia a Inês e conversaram muito sobre vários assuntos inclusive sobre Neli e Fernando que era a maior preocupação da avó.
- Acho que eu não vou conseguir ver esses dois casados antes de morrer – diz Inês.
- Mãe, não fala assim. Você está se cuidando e vai ficar bem.
- Não se iluda querida, eu sei que tenho pouco tempo. Mas o que importa é que eles fazem um belo par e se completam, seria muito bom se ficassem juntos, para eles e para as crianças.
- Eu gostaria muito se isso acontecesse, não gosto de ver Neli sozinha. O pior é que nós sabemos que eles se amam e se dão bem, estão sempre juntos, as crianças gostam deles e de ficar com eles. O que não dá para entender é porque não se entendem de uma vez – diz Marta.
- Acho que a vovó Inês vai ter que se meter nessa história.
- Como assim mamãe?
- Posso ter uma conversa com Fernando e incentivá-lo a se casar novamente, e como ele sabe que eu estou á par dos seus sentimentos para com Neli, vou aconselhá-lo a procurá-la e por um basta nessa distância que não tem mais sentido.
- Talvez você tenha razão mamãe. Um empurrãozinho pode auxiliá-los a se entenderem.
- Como eu estou adoentada, ele vai me ouvir com atenção e vai fazer a minha última vontade, que é vê-lo casado e feliz.
- Falando assim você estará fazendo chantagem com Fernando – diz Ângela.
- Não filha, eu vou tirá-lo desse receio de ouvir um não de Neli, pois ele acha que ela não sente nada por ele.
- Isso não é verdade, ela sempre o amou. O que aconteceu com eles é que houve um grande desencontro do destino. Sem terem coragem de dizer o que sentiam, esperaram demais e se perderam – diz Marta.
- Pois é! E eles estão cometendo o mesmo erro de novo deixando o tempo resolver por eles. Nem que seja a última coisa que eu faça, mas eu vou fazer o que puder para aproximar esses dois. Se houvesse alguma duvida quanto ao sentimento de ambos, eu não me envolveria, mas não é o caso, então vou falar com ele sem dizer da certeza dos sentimentos de Neli, isso pertence a ela e eu não tenho o direito de revelar, certo?
- Está bem mamãe. Eles estão mesmo precisando dessa força. Nós concordamos, e vamos colaborar no que for possível certo Marta?
- Acho que já passou da hora deles se entenderem. Vou tentar sondar e dar algumas sugestões a Neli, quem sabe eles criam coragem e se entendem de uma vez.
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Neli estava tão preocupada, que após atender a última cliente daquele dia na clínica, pediu à secretária para ligar à sua mãe tentando saber se estaria em casa, nesse caso, avisar que ela chegaria em quarenta minutos.
A secretária entra no consultório e avisa que Marta estará á espera de Neli, e preocupada por ver a médica sentada, segurando a cabeça com as duas mãos e apoiando os cotovelos na mesa, pergunta:
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Um dia talvez!
RomansOs caminhos que Deus traça para os seres humanos são imprevisíveis, mas são sempre para o bem de cada um. Um amor de infância passa por diferentes caminhos, porém, se for verdadeiro não termina nunca, auxilia a vida e ilumina na eternidade.