Capítulo 2

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Capitulo 2.

Acordei muito atrasada, tomei um banho rápido e gritei quando a água quente tocou em meus machucados, desliguei e troquei para o gelado estava fazendo muito frio hoje e juntando com a água igualmente fria me fez ter uma quase hipotermia.

Uso uma blusa de manga de lã e uma calça quente e coloco outra blusa de manga comprida por debaixo da de lã para esquentar um pouco mais, e um sapato quente e saio.

Chego à sala e escolho um cantinho, sento e ponho o fone no máximo sei que ainda vai demorar muito para as pessoas entrarem junto com o professor, tudo será lento assim como essa melodia, tudo bem calmo e que me traz calma, fecho meus olhos e coloco meus braços sobre a mesa e abaixo minha cabeça eu fico assim por um longo tempo, um grande barulho a porta da sala faz duas garotas entram rindo, ou melhor, gargalhando ao verem que tinha mais alguém ali decidiu parar e começou os cochichos, desligo o som.

- É ela a novata que todo mundo chama de suicida? – Uma pergunta enquanto sua amiga faz um chiado com a boca.

- Fala um pouco mais baixo, Sabrina, ela pode ouvir. – Ficam em silencio. – É ela sim, desperdício de vida, ela é tão linda...

- Concordo com você, mas por que ela faz isso? Creio que não seja para chamar atenção. – Fala a tal Sabrina, fico confusa afinal, elas estavam me elogiando e tentando me entender ou encontrando um modo de me condenar? – Ela nem gosta da atenção que recebe, e você viu o Caleb atrás dela?

-Fala um pouco devagar Sabrina! Não estou conseguindo lhe acompanhar! – Sorri baixinho, realmente ela falava tudo tão rápido e sempre com uma pergunta diferente, indagava tudo.

- Você me conhece desde pequena, não controlo! Falo o que me der na telha! E rápido e... – Para quando eu decido levantar minha cabeça, elas pareciam legais, e de onde comentaram e que as ouvi me pareciam legais, olharam para mim e eu timidamente dei um sorrisinho.

O professor entra na sala, e começa a se apresentar, olha para mim e eu falo o meu nome e a minha idade, novamente fazendo os olhares caírem sobre mim, abaixei minha cabeça e brinquei com minhas pulseiras, as garotas sentaram em minha frente e uma delas ao meu lado, pareciam simpáticas, mas vi que não estavam a fim de acabar com a socialização que ela tem com todos, então ignorei o fato de alguém gentil sentar ao meu lado e não falar comigo, até por que eu não estava a fim de conversa, logo retornaria para o meu casulo e estaria segura lá, trabalharia com tio Octávio, - ele não é como um tio para mim é como um pai mas para mim ainda é estranho chamá-lo assim então chamo tio - as aulas se arrastaram ao menos era aula de linguagem.

Os turistas que vem aqui em Antares, se embolam todo para falar conosco, e eu dou risada com suas atrapalhações, então mostro que sei um pouco do que falam, falo por onde devem ir e não devem passar, e na maioria das vezes faço companhia até onde eles vão e falo o nome das ruas, às vezes eles me dão conselhos e deseja muitas coisas boas para mim, o que nem sempre vale de nada, mas eu amo fazer isso, é como se fosse um guia turístico, e ninguém soubesse nada sobre mim, me sinto livre e isto me faz bem.

- Zusk? – Ouço de longe, aos poucos vou voltando a realidade e me mecho, olho na direção de quem me chama e vejo o professor sentado ao meu lado olho ao redor e vejo a sala vazia. – Pensei que tinha dormido, já está na hora de ir. – Dou um sorriso e me levanto, pego minhas coisas e vou para o armário, todas as aulas eram chatas e me faziam pensar, pensar em meus sonhos e sempre tinha alguém que me puxava para a realidade dura que é a minha, sai da sala voando em pensamentos, não tinha quase ninguém no colégio, o pouco de pessoas que tinha era tão desconfortável quanto muitas eu abaixei meu olhar, peguei as minhas coisas do armário.

Garota suicida     #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora