Cheguei em casa, tomei uma ducha e fui pra cama dormir até que o Ian aparecesse para me acordar, mas o que me acordou foi meu despertador no dia seguinte dizendo que eu devia estar de pé. Ian tinha furado comigo. De novo.
Na hora que nós estivéssemos saindo para trabalhar eu exigira alguma explicação, mas no momento o meu corpo clamava por, pelo menos, uma ducha relaxante já que estava fora de cogitação a banheira.
Demorei pouco mais que quarenta minutos para tirar o excesso de água dos meus cabelos, colocar uma roupa para trabalhar e passar uma maquiagem leve, isso significava que o café da manhã se resumiria a um chá gelado.
— Bom dia menina! — disse a Dulce assim que pisei na cozinha.
— Bom dia Dulce! — respondi me aproximando do fogão e dando um beijo na bochecha dela. Dulce trabalhava para a família do meu pai havia mais de trinta anos e, quando nasci, acabou se tornando a minha babá. Ela tinha 63 anos e nenhum filho. Para ela a aposentadoria estava fora dos planos e diminuir o ritmo de trabalho não era uma de suas prioridades.
— Você não está atrasada menina? E o Ian? Ainda nem levantou! — disse ela. Antes de respondê-la observei a linda senhora com vários cabelos brancos — os quais nunca fez questão de tentar esconder —, de altura mediana e com o rosto marcado pelo tempo. Ela era linda quando mais nova, e esta beleza ainda podia ser admirada.
— Dulce, você está se esquecendo de que o Ian foi morar com Júlio? Eles dois finalmente deram "o grande passo". Quanto a mim, bem, vou tomar só um chá gelado e levar uma fruta para comer no caminho. — disse eu.
— A idade está mesmo chegando para mim, menina. Eu me esqueci completamente de que ele não estaria mais aqui a partir dessa semana. — respondeu-me ela de forma meio triste e meio brincalhona.
Enquanto terminava o chá e as torradas que Dulce tinha feito tão carinhosamente para mim, eu começava a pensar em uma maneira de torturar o Ian por não ter se encontrado comigo na noite anterior. Levantei-me, escovei os dentes e, quanto saindo de casa, peguei meu smartphone e comecei a ligar para o Ian enquanto chamava o elevador. Toucou três vezes antes que ele atendesse.
― Já estou saindo! Nem estresse comigo amorzinho. ― disse ele feliz demais para o meu gosto.
― Okay, assim falamos sobre ontem à noite. ― disse de forma amarga.
― A noite de ontem... ― disse ele do outro lado da linha parando para suspirar. Que ousadia! ― foi perfeita Bia. O Júlio e eu assistimos a um filminho romântico e jantamos e, bom, digamos que ainda estou um pouco cansado.
Desliguei na cara dele porque queria soltar todo o meu veneno pessoalmente para aquele cretino, mas a verdade é que uma boa parte da minha indignação já tinha passado por ouvi-lo tão feliz. Enquanto pensava nisso o elevador se abriu na minha frente com nada menos que Diego, de terno chumbo, camisa branca e gravata laranja e a primeira coisa que pensei foi na ousadia necessária para se usar uma gravata naquele tom de laranja nada discreto. A segunda foi que esse homem ficava lindo com roupa social, mas com um terno ele dava um novo significado ao termo "perdição".
― Da pra ver na sua cara que gostou do que viu. ― disse ele arqueando aquela sobrancelha que era perfeita demais para ser natural. Mas estava naquele rosto divino e eu sinceramente não poderia duvidar da perfeição naquele corpo.
― Por que você está aqui?
― Eu moro aqui. ― disse ele com um sorriso irônico, mas colocou a mão na porta para que elas não se fechassem antes de eu entrar.
― Eu quis dizer aqui na cobertura. Você mora no andar de baixo, porque pegou o elevador para subir?
― Bem, o elevador estava subindo e como você tem esse espaço aqui todo para você presumi que se eu subisse com ele teria o prazer de te encontrar.― respondeu naturalmente, como se fosse a coisa mais normal de se fazer. ―Agora, você vai entrar ou prefere que eu entre? ― perguntou com o sorriso irônico de volta à suas feições deixando claro que estava ciente da ambiguidade da frase
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Inevitável
RomancePLÁGIO É CRIME. Violar direito autoral da pena de detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. art. 3º da Lei nº. 9.610/98 Está é uma obra de ficção.Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer sem...