Capítulo 6

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O lugar no qual o Gustavo gostava de surfar não ficava muito longe de onde almoçamos então não muito tempo depois estávamos lá. Ele estacionou e eu pulei do carro com meu kit praia/piscina. Diego saltou do banco de trás e já estava pouco atrás de mim, o Gu já tinha sumido, provavelmente foi alugar uma prancha, se eu conhecia bem o Gustavo ele sumiria por pelo menos uma hora.

Escolhi um lugar perto de um bar e com uma sombrinha gigante por causa da funcionalidade: lá eu poderia conseguir tanto água de coco como marguerita. A vida seria mais fácil se eu não tivesse que andar debaixo de um sol digno da Arábia. Já tinha estendido a toalha então tirei o vestido pra ficar só com o biquíni por baixo.

— Quanto mais do seu corpo vejo, mais gosto. — Diego era ousado demais pro meu gosto e a qualquer hora ele ia apertar o botão errado e a minha paciência seria empurrada para além do limite.

— Eu não sou a única de biquíni na praia, Diego. Você pode observar outras mulheres além de mim. Atente-se a isto. — respondi enquanto me deitava de costas na toalha.

— Tem muitas mulheres lindas aqui, mas no momento eu prefiro dedicar a minha atenção a uma só. — disse ele. Nem me dignei a abrir meus olhos, deitada eu estava e assim continuaria.

Peguei meu iPod e comecei a escutar da onde tinha parado. Por uma infelicidade do destino tocava Garotos, eu amava a versão do Leoni e Cazuza, mas aquela música me lembrava de uma pessoa da qual gostaria de esquecer, portanto passei para a próxima e foi bem melhor, mas ainda me trazia recordações: Codinome Beija-Flor. Cazuza era genial, mas eu não conseguia escutar suas músicas sem me lembrar do meu passado. Então mudei de pasta.

Começou a tocar Relicário com Nando Reis e Cássia Eller. Comecei a pensar que o Diego tinha ido embora pra qualquer canto e relaxei aproveitando cada acorde. A música tinha o mesmo efeito em mim que os livros: fazia com que viajasse para um mundo distante e lá eu me sentia absolutamente confortável.

Quando já não lembrava onde estava o meu fone foi retirado bruscamente do meu ouvido. Abri os olhos e vi Diego próximo demais de mim. Todo molhado. Isso explicava o momento de paz que tive agora a pouco.

— Você é uma mulher de muitos talentos. Estou curioso para saber das suas outras habilidades... — disse ele se aproximando. O desgraçado estava todo molhado e, minha nossa, se ele já era sexy normalmente agora ele parecia uma miragem.

Pela primeira vez desde que conheci Diego não consegui me recuperar rápido o bastante do choque que sua aparência causou em mim. Junte isso à proximidade que ele havia imposto, sua voz sedosa — que fazia um tempo eu não reparava — e aquelas gostas escorrendo pelo seu peitoral perfeitamente esculpido. Levou todo o meu autocontrole pra não puxar o cara pelo pescoço e beijá-lo.

— Acho que agora eu vou entrar no mar. — empurrei-o e fui correndo em direção a imensidão azul à minha frente. Entrar ali me ajudaria a esfriar as coisas dentro mim e ainda tinha o bônus de ficar longe daquele deus grego que fazia questão de me enfurecer.

O primeiro mergulho foi relaxante e realmente me fez muito bem, assim como todos os outros que o seguiram. Desejei silenciosamente que a Manu estivesse por perto pra poder falar com ela. Como já sabia o que minha amiga diria, minha cabeça começou a criar o diálogo e conseguia escutar a voz dela perfeitamente.

"Não sei por que está com o pé atrás. Ele é lindo e está interessado em você, uma vez na vida se joga mulher! E não é como você precisasse se casar com o cara!"

"Eu queria poder fazer isso, mas é preciso considerar algumas coisas antes. E só conheço o cara há uns dois dias..."

"Para de racionalizar tudo! E pare também como esse medo idiota. Você é a mulher mais decidida que eu já conheci, então haja como tal Bianca! Vai logo, você sabe o que quer e não tem motivos pra se negar isso."

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora