7 - Feio

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Passaram-se seis meses desde que o baile ocorreu, os boatos haviam cessado e Miranda e eu tínhamos reatado o namoro. Lembro-me do dia de quando já deixamos as mágoas de lado e conversamos e rimos por horas sentados em um banco de praça rodeado por pétalas rosas que caiam vagarosamente de uma árvore próxima. Não aturei mais nenhuma brincadeira vinda dos urubus sobre a traição, todos ficaram bem quietinhos depois que ameacei vazar informações das quais certamente eu tinha acesso, já que meu pai, psicólogo burro, deixava os fichários de seus pacientes em qualquer lugar em seu escritório, sendo que a maioria daqueles babacas tinha-o como psicólogo e se resolvessem pensar em mudar de médico eu prometi que faria a vida deles um perfeito e maravilhoso (obviamente para mim que ira se divertir muito com a desgraça alheia) inferno. Desde então nunca mais fui motivo de chacota, mas também não recebi mais daqueles trabalhos dos quais tanto gostava. 

Nesse meio tempo visitei meus avós. Vovô encontrava-se extremamente doente e o médico da família disse que ele estava em seus últimos meses de vida, acabei passando um final de semana com eles, me mimaram o quanto podiam, meu pobre avô me deu umas três carteiras de cigarros as escondidas e minha vó livros e roupas das mais caras. Insisti de que não precisava de nada disso, mas eles insistiram também. Joguei golfe com meu vô perto dos bosques da cidade, ele podia estar diagnosticado com alguma doença, mas ainda sim matinha a prática de esportes ativa. Quando a ultima bola foi parar no entre as árvores que ali cercavam o campo entrei para busca-la e deparei-me com uma verdadeira cena de filme de terror: um homem de cabelos grandes e loiros agachado sobre um veado morto e aberto, com a boca e mãos cheias de sangue, virou-se lentamente para mim, reconheci aquele rosto do dia que Miranda o viu no bosque, não pensei duas vezes em sair correndo junto com meu avô assustando e eufórico perguntado o que tinha acontecido. Contei então para ele enquanto voltávamos para casa, ele assim como eu ficou apavorado. No dia seguinte visualizei através da janela que dava para uma parte do bosque o veado morto e com as entranhas expostas cheias de moscas em volta. Não fiquei mais ali, fui embora com pensamentos transbordando em minha mente. Pedi para que vovó contratasse seguranças para ficarem vigiando, pois fiquei certamente preocupado.

Jungkook e eu não nos falamos desde então, sei que ele parece muito envolto com a literatura clássica e toda semana aparece em mãos com um livro novo. Um dia, quando mamãe veio me buscar na escola de carro, viu o livro que ele lia "O morro dos ventos uivantes" e ficou toda animada com a ideia de ele ser meu amigo, até sugerindo que fosse de novo lá em casa. Certas vezes, admito eu, me masturbo pensando em seu corpo bem definido e o charme de intelecto que agora transparece acaba por deixar-me ainda mais excitado.

Quando em uma noite cheia de trovoadas e chuva forte, eu em minha cama abaixei o livro que lia com muito tédio e cautelosamente enfiei minha mão direita por dentro de meus shorts folgados. Pendi minha cabeça para cima em sinal de prazer, meus pés descalços estavam frios, minha respiração ofegante, meus lábios doíam de tanto que mordia. Fechei os olhos e o imaginei ali, de quatro engatinhando em minha direção na cama, seu pau pendia balançando lentamente e sua clavícula exposta deixava meu pênis ficar molhado. Seu peitoral escondido por entre a sombra da escuridão do quarto era apenas visto quando os raios caiam do lado de fora do quarto que agora estava quente e deixava-me soado. Tirei minha camisa e o chamei para sentar em meu colo, o que mais queria era abrir os olhos e que tudo aquilo fosse a mais pura verdade. Porém continuei de olhos bem fechados e o ultimo raio fez um estrondo tão grande que fez a energia da minha casa cair. Revirei no escuro a gaveta onde guardava algumas velas perdidas e coloquei uma fina em meu candelabro dourado com apoio de um crânio. Acendi a vela e percebi meu corpo soado e agora em tons de vermelho amarelado por conta da luz. Fui com mais força, imaginando ser a mão dele ali e no ultimo ato um jato expeliu em meu rosto e o restante em minha barriga que subia e descia por conta da respiração ainda completamente ofegante.

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