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Adão e Eva após serem expulsos dos Jardins, construíram uma casa e conceberam duas crianças, Caim e Abel. Caim o primogênito ficou responsável pelas plantações e terras, e Abel com os animais e de tudo que produzissem teria que ser oferecido a Deus uma parte, como forma de agrado pelo grande erro.

- Vamos Caim, temos que fazer a oferenda, eu sacrifiquei a ovelha primogênita para nosso Deus - Abel, um rapaz novo com poucas, quase nenhuma, marcas em seu corpo esbelto, os cabelos loiros pareciam uma auréola em sua cabeça, já estava preparado para subir a montanha, local onde sempre faziam as oferendas.

- Calma Abel, ainda temos tempo, e fora que sou mais velho e trabalho no campo, meu corpo está muito mais desgastado que o seu. - Caim disse ofegante da longa caminhada até o pé da montanha, oposto do irmão tinha a pele marcada pelo sol, as mãos calejadas pelo uso das ferramentas, um corpo magro, mas com os músculos bem definidos por conta de capinar e mecher a terra, com os cabelos negros como a noite.

- Deixe de besteira Caim, nenhum esforço é pouco para agradar nosso Deus. - Abel estava algre e bem disposto faltava correr, sua pele exalava jovialidade e energia.

- Não entendo essa pressa sempre é a mesma coisa, não sei nem mais o motivo de eu fazer isso também, já sabemos que ele não aceitará minhas oferendas. - Caim falava com raiva em sua voz, e seu rosto estava vermelho pelo esforço de subir a montanha carregando suas oferendas e pela ira.

E os dois terminaram de subir a montanha com Caim sempre a reclamar de suas dores e desgostos e Abel sempre bem humorado apesar do irmão sempre reclamar.

- Vamos Caim coloque suas oferendas no altar e rezemos para Deus. - Abel já estava enfrente a um altar feito de pedras brancas como as nuvens, com o topo negro como se tivessem queimado algo várias vezes ali.

-Cuide de sua oferenda que eu cuidarei da minha e não me oportune mais - Caim se dirigia a um altar igual ao de Abel apenas pela diferença que o dele aparentava ser novo e sem uso.

Os dois preparam suas oferendas e puseram-se a orar, ao terminar as orações as oferendas de Abel começaram a arder em chamas, mas não saia cheiro ruim, mas sim um cheiro doce e agradável.
- Deus aceitou as minhas oferendas - Disse Abel sorrindo olhando para o fogo encantado, assim como começará as chamas terminaram deixando apenas ossos chamuscados.

-Como se já não soubéssemos, sempre é a mesma coisa desde que éramos pequenos - Caim esbravejava, com o rosto vermelho de ódio - Sempre trago as melhores frutas, veduras e legumes, mas ele nunca aceita, não entendo o que faço de errado, ou apenas Deus não gosta de mim.

-Calma Caim, não fique assim aos olhos de nosso Senhor somos todos iguais - Abel tentava acalmar seu irmão, ele não entendia esses surtos de raiva, o irmão nunca foi assim.

-Calma! Você me pede calma eu trabalho na terra, machuco minhas mãos e pés todos os dias trabalho até a exaustão para agradar ao nosso pai e a Deus e todo vez que fazemos as oferendas a minha sempre é deixada de lado, eu o primogênito, o segundo da linhagem de Adão. - disse Caim com o ódio nos olhos e conforme ia falando se aproximava da mesa de oferendas de Abel - Se Deus quer sangue e carne ele terá sangue e carne.

Em um rápido movimento Caim pegou um pedaço do fêmur da ovelha que havia se partido por conta do fogo, e desferiu um golpe em direção ao peito de Abel acertando-o no coração.

-Caim por que fez isso? Sou seu irmão sangue do seu sangue. - Disse Abel enquanto morria.

- Simples Deus aceitará minha oferenda agora e já que ele queria sangue e carne terá sangue e carne - Enquanto falava Caim carregou o corpo do irmão até seu altar, banhando-se em sangue, ao soltar o corpo de seu irmão já morto sobre as pedras o tempo escureceu com grossas nuvens - Aqui está minha oferenda Deus, se queria sangue e carne agora tem.

-Caim o que fizestes, matas-te seu irmão por inveja. - uma voz falou em sua cabeça mas ao mesmo tempo em seus ouvidos ela vinha de todos os lugares, era Deus que falava com ele.

- Não por invenja Deus, mas sim para lhe agradar - Disse Caim com um sorriso, apesar de todo seu ódio. - nunca aceitou minhas oferendas que provinham da terra, mas sempre aceitou as de meu irmão que eram de sangue e carne. - Caim gritou para o céu, que começava a chover.

- Pagarás por tal ato, da terra que cuidava nada mais poderás comer, do sangue que derramaste ira tirar seu alimento. - Uma grande trovoada estourou no céu, parecia que o céu estava caindo.

- Mas Deus, eu fiz isso por você para que olha-se para mim -Enquanto Caim falava sentiu seus caninos crescerem, agora pareciam duas agulhas afiadas.

- Não Caim fizestes isso por ti, pela inveja, e mais castigos lhe serão dados, através da madeira das árvores que plantaste terás sua morte, sem ela viverá eternamente em agonia pois o peso dessa morte carregará por toda a eternidade - Nesse momento Caim sentiu toda a culpa de ter matado seu irmão, a dor e a tristeza tomaram conta de seu ser - Não andaras mais sobre o sol que um dia aqueceu sua pele ou sentirá uma dor a qual nunca sentirá antes.

-Chega faça isso parar, prefiro a morte, andarei até que encontre alguém que me livre desse tomento - Esbravejou Caim, ajoelhando-se com lágrimas rolando pelo rosto misturado a chuva.

- A morte nunca chegaras a você Caim, toda a vez que alguém lhe ferir sete vez mais ele será ferido. - então sobre a testa de Caim um símbolo surgiu, como se tivesse sido feito a brasa e Caim gritou de dor, o som de seu grito misturou-se ao som dos trovões que parciam bombas atômicas explodindo.

- Então se quer assim Deus, que assim seja feito, abdico de tudo que remete a sua presença, e me esconderei do senhor para toda a eternidade.

Dito isso Caim se pôs a correr em direção ao pé da montanha, mal conseguia ver um palmo a sua frente por conta das lágrimas e da chuva em seus olhos, enquanto corria tropeçando em pedras e caindo algumas vezes, pensava em seu irmão, no que havia feito, havia matado seu único irmão, a dor que sentia não comparava-se a nenhuma outra.

Chegando ao pé da montanha seguiu caminho para casa, estava exausto da descida, mas ainda havia um grande caminho a seguir e correu até suas pernas na aquentarem, estava todo machucado dos tombos que levará, os joelhos não aquentavam mais seu peso, então olhou para frente e havistou sua casa, a uns 10 metros de distância, com seu pai enfrente a porta, e andou até lá.

- Pai! Pai! Ajude-me - gritou Caim a plenos pulmões para ser ouvido por cima dos sons dos trovões, a chuva não dava trégua - Pai estou aqui ajude-me.

Então Adão avistou seu filho e foi em direção a ele, em uma das suas mãos tinha um jarro com terra.

-Caim o que foi que você fez? Matou seu irmão por pura inveja. - Adão estava sério a água da chuva que escorria pelo seu rosto disfarçava as lágrimas de dor. - Deus me contou o que fez e como o puniu, não posso lhe matar pois senão estarei me matando junto, mas não tolerarei sua presença em minha casa ou perto daqui - dito isso ele abriu o pote e retirou um punhado de terra e traçou um linha em volta da casa mantendo Caim fora. - Está é a terra do Éden solo sagrado não poderá ultrapassar daqui e assim que partir espalharei pelo maior espaço que puder para me certificar que não chegará perto daqui então vá e suma senão eu tentarei lhe matar e morrerei, você quer mais uma morte para você?

Caim levantou-se com muito esforço, por conta da exaustão, e seguiu ao norte, até achar uma caverna a qual descansou por três dias até que sentiu  a fome, uma fome que o corroía por dentro, uma dor se instalou em seus músculos, parecia que jogavam ácido, em um ímpeto de sofrimento ele saiu correndo para fora da caverna, mas o Sol ainda estava no céu, no momento que chegou a claridade bolhas de pus surgiram em sua pele, uma dor maior que já sentia percorreu seu corpo, e impulsivamente voltou para dentro da caverna, e ali permaneceu.

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