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Caim despertou ao cair da noite, a dor ainda estava presente em seu corpo, tanto pela fome quanto pelas queimaduras, as bolhas já haviam quase todas sumido, mas algumas marcas ainda estavam lá. Uma forte tempestade começou a cair, a cada trovoada parecia que a caverna desabaria, pela primeia vez ele se deu conta de como era a caverna, era escura, mas com os raios ele conseguia ver as estalactites como se fossem dedos que lhe apontassem pelo seu erro, de todas as dores a dor da morte do seu irmão era que doía mais.
Caim escutou passos e ao olhar para entrada da caverna avistou uma vulto, uma pessoa entrava na caverna, um forte cheiro entrou por suas narinas, sua mente ficou nublada, ele só pensava em sua fome que lhe provocava terríveis dores. Em uma ímpeto de loucura ele correu para cima da pessoa, que pelo susto não teve reação. Caim garrou o homem e o mordeu em seu pescoço, sentiu uma explosão em sua boca, o gosto do sangue lhe fazia sentir mais fome, sua visão clareou-se, como se antes estivese com algo a tampando, o homem debatia-se e gritava, pelo medo e dor até que desmaiou, nem assim Caim o largou, alimentou-se até a última gota da sangue do homem. Caim estava em completo estado de euforia, sua visão estava clara, sua mente estava em alerta, ele gritou o mais alto que pode, pois havia se dado conta do que havia feito, correu para fora da caverna em direção a tempestade que caía.

-No foi que me transformou De... - gritou, mas não conseguiu terminar de falar uma dor enloquecedora percorreu sua garganta, como se lhe jogassem brasa pela garganta a baixo. - Maldito seja.

Em completo estado de euforia correu sem rumo pela tempestade, havia matado mais um homem, mas essa dor não era tão grande quanto ele pensaria que seria, e enquanto corria e sentia a força voltar ao seu corpo, algo o incomodava, de onde era este homem? Quem seria ele? Temeu que fosse seu pai, que havia saído a sua procura arrependido do que fizera, mas algo lhe dizia que não era, algo dentro dele, pensou em voltar, porém não queria ver aquele corpo jogado ao chão, e assim correu o mais rápido que podia e até não aquentar mais, ao longe avistou construções, mas o que poderia ser aquilo? E quem poderia estará vivendo lá? Afinal os primeiros humanos a serem criados foram Adão e Eva, seus pais, que estavam muito longe dali. Ele caminhou até a cidade, quanto mais se aproximava, mais sentia um forte cheiro que o agradava muito, mas não sabia do que se tratava, porém o deixava inquieto como um leão que avista a presa.

As construções da cidade eram todas feitas de pedras cinzas, e apesar de já ser noite as ruas, de chão batido, estavam muito movimentadas, com pessoas indo e vindo, saindo de construções, algumas tropeçando em seus próprios pés, outras caídas dormindo ao chão, e várias outras dormindo doentes jogadas ao chão, dessas um cheiro azedo saia delas, não como um fedor de sujeira, mas como algo podre.

Caim foi andando e esbarrando nas pessoas, ele nunca tinha visto tantas pessoas, todas o olhavam de forma estranha, ele não compreendia o motivo até se lembrar da marca em sua testa, fora que trajava somente uma pele completamente suja e marcada com o sangue de seu irmão.

-Cuidado por onde anda você é cego por acaso? - Uma mulher havia esbarrado nele, vestida apenas a tapar sua nudez.

- Desculpe-me senhora não foi a minha intenção - Disse Caim sem tirar os olhos daquela linda mulher, os cabelos loiros compridos e sedosos lhe caim pelos ombros, sua pele era alva como uma nuvem, seus seios eram fartos, as curvas do seu corpo eram bem definidas, seu cheiro era como de mil rosas misturado com o de sangue, porém tinha algo mais que não conseguia decifrar.

Caim sentiu algo diferente, algo que nunca sentiu antes, ele desejava aquela mulher, ela tinha que ser dele a qualquer custo.

- Ora ora ora, o que temos aqui um filho de Eva, pensei que vocês viviam isolados muito longe daqui. - A linda mulher disse com um sorriso no rosto.

- Como sabe de quem sou filho? O que sabe sobre mim? - disse caim, assutado pois nunca tinha visto ela antes.

- Prazer me chamo Lilith, digamos que sei de muita coisa - disse com um lindo sorriso de dentes perfeitos e muito brancos - se quiser saber quem é essa gente, e como sei de quem é filho e muitas outras coisas, me encontre na entrada na cidade amanhã a noite, e cuidado. - Disse já dando as costas a Caim, até mesmo o seu andar era sedutor. Caim estava encantado por aquela mulher. - Antes que eu me esqueça pegue, ela jogou para ele um saquinho com três pepitas de ouro que retirou de entre os seios - caso precise.

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