Prólogo - Antes de virar a página

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Dois anos antes...

Eu subia praticamente pulando de dois em dois  os degraus da escada. Meu coração batia acelerado e minhas pernas já doíam devido o enorme esforço, afinal eu era um tanto sedentária demais. Chequei o relógio mais uma vez enquanto corria, só para ter certeza do quão atrasada estava.

Ele vai me matar...
Ele vai me matar...
Ele vai me matar...

Era o pensamento que se repetia em minha mente a cada degrau avançado. Estava duas horas atrasada para meu jantar com Nick, ele com certeza devia está furioso comigo. Afinal, não era a primeira vez que me atrasava, isso estava se repetindo cada vez com mais frequência nos últimos meses desde que comecei a trabalhar. Fazia um ano que havia me formado em Marketing e Publicidade, então precisava no mínimo dá o máximo de mim em meu primeiro emprego. Havia sido contratada por uma pequena revista local, o emprego não era de todo ruim, mas também não era em nada parecido para o que me preparei anos na faculdade. Tudo bem que minha chefe talvez abusasse um pouco demais da minha boa vontade (Nick costuma dizer que eu pareço a babá dela), mas primeiros empregos são assim, certo? Certo.
Meu atraso de hoje certamente nos renderia uma boa briga, ultimamente estávamos brigando muito por dois motivos:

1-Minha falta de tempo.

2-Uma proposta de emprego pra ele na Europa.
Eu não permitiria que ele fosse e nem iria com ele, nossa vida seria construída aqui no Brasil.

Assim que pisei no último degrau, respirei fundo tentando recuperar todo o ar perdido de meus pulmões. Odiava morar no quarto andar, mas logo nos mudaríamos para um prédio com elevador.
Revirei a bolsa a procura da chave assim que parei diante da porta de nosso apartamento. Enquanto isso, tentava formular uma desculpa aceitável para o meu "pequeno" atraso. Nick me mataria se soubesse que me atrasei porque estava fazendo o supermercado da minha chefe.

Abri a porta devagar.
As luzes estavam apagadas.
Apenas a do quarto estava acesa.

- Nick?! - chamei seu nome e acendi a luz da sala.

Me deparei com uma mala preta próxima ao sofá. Olhei em direção ao quarto e vi ele sentado na cama com a cabeça abaixada me impedindo de ver seus olhos.

Caminhei até lá.

- Amor, de quem é essa mala?

Ele permaneceu mudo e com a cabeça abaixada. Meu coração se apertou, mas repeti a pergunta.

- De quem é essa mala na sala, amor? - ele permaneceu imóvel, então fui até ele.
Segurei em seu queixo e fiz ele me olhar.
Seus olhos estavam vermelhos.
Ele havia chorado.

- Ni...Nick - gaguejei sentindo um nó se formar em minha garganta - ... Aquela mala...

- É minha! - ele finalmente olhou diretamente para meus olhos e respondeu - Aquela mala é minha.

- Como assim? - as palavras saíram com dificuldade da minha boca.

- Eu tô indo embora, Kendra. - tirou minha mão de seu rosto e levantou da cama.

- Co...como assim, amor ? - senti meu rosto esquentar e lágrimas se formarem em meus olhos.

- Eu não aguento mais, Kendra! Não tá dando, desse jeito não dá. - falou enquanto vestia um casaco como que se preparando para sair.

Meu NÃO querido diário 2 - Igualmente opostosOnde histórias criam vida. Descubra agora