Prólogo

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      Zayn não acordou com o raiar do dia, estava escuro como breu dentro de seu quarto gigantesco.

     Ele abriu os olhos, esfregou as mãos em cada uma das pálpebras e em seguida levou a destra de encontro ao despertador na mesinha localizada no canto de sua cama. Meio cego, tentou achar o botão que faria o som cessar completamente.

     Soltou um suspiro baixo logo após bocejar demoradamente, aliviado por não ouvir mais o som não-muito-barulhento do despertador. O ômega despertou, calçou os chinelos e procurou, em meio a escuridão, o interruptor que acenderia a luz e tornaria visível todos os móveis posicionados naquele ambiente, certo de que não esbarraria em nenhum deles.

     Depois disso, Zayn tentou se acostumar com a claridade diante de seus olhos, viu que ainda eram duas horas no relógio em destaque na parede, ou seja, a manhã estava prestes a chegar e em poucas horas o sol nasceria.

     Logo ele deixou seu quarto para alugar poucos minutos de seu tempo na cozinha, certo de que prepararia o leite para Tyler, corretamente.

     Zayn testou a temperatura da água ao qual era preciso estar morna, adicionou as colheres do pó e acrescentou um pouco de açúcar, posteriormente marcou os minutos necessários até estar pronto, processo que fazia recorrentemente durante todos os dias e que tivera que aprender para se virar sozinho.

     Havia um sorriso vitorioso nos lábios dele, cintilando-os com ternura, apenas para apreciar o sabor do leite recém-feito, logo após derramar propositalmente duas gotas do que continha a mamadeira na própria mão e ter a certeza de que estava bom o suficiente para dar á seu filho.

     O motivo de Zayn acordar durante todas as madrugadas, exatamente todos os dias nos últimos dois meses, estava deitado no berço, encolhido em meio às mantas enquanto chorava baixinho. Choro que só cessou quando os braços de Zayn o acolheram de forma mais que aconchegante.

     O despertador nada mais era do que um auxílio para o ômega, o primeiro sinal antes do choro de Tyler que indicava previamente o seu despertar, nisso, ele sabia ser a hora de alimentá-lo.

     E Tyler, sempre que o bico siliconado da mamadeira tocava em seus lábios pequenos e os primeiros pingos de leite serem ingeridos lentamente, se calava. O bebê de um pouco mais de dois meses, sugava o líquido preparado pelo pai com certa força e fome.

     O sorriso bobo estampado no rosto de Zayn estava sempre ali, alargando o espaço entre seus lábios ao pôr os olhos cor âmbar no rosto tão sereno de seu filho, sempre. Permanecia incansável quando se tratava de observá-lo por horas, admirando a beleza, a doçura, a inocência de uma criatura tão pequena e ingênua, que nada sabia ainda, nem falar, nem raciocinar, no entanto, suas pequenas coisas faziam Zayn perder-se na intensidade da paixão que nutria por ele, desde que ouviu, pela primeira vez, seu choro ao nascer, desde que soube ter um feto que cresceria e se desenvolveria durante nove meses dentro de sua barriga.

     Em uma cama de hospital, num dia comum de outono, numa tarde que a princípio era para ser um descanso no meio de seu recesso, não exatamente previsto Zayn começou a sentir as primeiras contrações.

     Não era como se Zayn nunca houvesse sentido contrações antes. No início da gestação era comum sentir dores, porém dores leves provindas de alguns esforços físicos para com alguma atividade, mas, naquela tarde, as contrações eram bem mais intensas, a ponto de tirar o fôlego do ômega e lhe deixar imóvel em um sofá, desesperado.

     A cesariana já marcada tivera que ser remarcada para um pouco mais cedo do que previsto, e Zayn precisou ser internado para observação, antes de ser submetido e preparado para a cirurgia.

     No entanto, sua gravidez não havia sido de risco, para um pai de primeira viagem o ômega se saiu bem durante todo o processo de gestação. Ele recebeu apoio de todas as formas, mesmo sem a companhia da pessoa que mais queria.

     Ainda que houvesse fugido as pressas de Londres para tentar esconder uma gravidez não planejada, de uma relação casual,  — também não planejada —, onde mesmo que não mostrassem tanto companheirismo um com o outro, Zayn ainda assim sabia que tudo o que teve com Liam foi algo no mínimo, muito intenso.

     Ele não tinha a completa certeza de que o que fez, ao preferir omitir sua gravidez, de Liam, fosse algo certo ou fora de sua índole, entretanto, a possibilidade de perder seu filho para a morte, através de um aborto, era algo que nunca esteve em seus planos e não estaria, jamais.

     Sua consciência alertava sobre contar toda a verdade para o alfa. Quantas vezes ele segurou firme o aparelho celular e tentou ligar para Liam e lhe contar o que escondia? Inúmeras vezes, inúmeras. Porém, temia que o outro recebesse a notícia com fúria e o que menos queria era ouvir mais calúnias a seu respeito.

     Aquilo não havia sido um golpe premeditado, e era exatamente isso que Liam acusaria: um golpe da barriga para ficar com parte de sua herança. Mas, não se tratava de apenas um simples feto, e sim um filho, um fruto.

     O fruto da relação que tiveram juntos, mesmo que tenha durado apenas alguns dias e que não tenha passado de apenas sexo em um período de cio, onde Zayn se confiara em preservativos, esquecendo-se de se prevenir também, através de anticoncepcionais.

     Independente de tudo, Tyler era filho de Liam e o anjo da vida de Zayn, era uma vida, um bebê que não tinha culpa de nada, inocente, não merecia pagar por um preço tão alto sendo que as irresponsabilidades foram unicamente de Zayn e Liam. E se Liam não queria um filho, não queria essa responsabilidade para si, então Zayn assumiria sozinho.

     Foi o que fez, logo após descobrir estar realmente grávido.

     No dia de seu parto, no silêncio perturbador daquela sala, ainda sob efeito de anestesia Zayn achou que fosse morrer sem antes ver o rosto de seu bebê, mas quando o choro do pequeno menino alcançou seus ouvidos foi como se todas as suas forças tivessem sido completamente restauradas. Era um choro livre, espontâneo e alto, o choro de "bem-vindo a vida", o choro que fez Zayn se sentir vivo.

     Aquele menino de poucas proporções, que logo fora colocado ao lado de seu travesseiro para que o pai visse pela primeira vez o rostinho, onde na situação Zayn mal conseguiu vislumbrar o rosto do bebê, pois seus olhos estavam cobertos por lágrimas, tornando sua visão turva e quase que completamente embaçada, mas que arrancou dele um enorme sorriso.

     Sorriso este, que Zayn nunca sorriu antes. Um sorriso único e maravilhado. O sorriso que acabara por se tornar exclusivo de Tyler.

     Tyler era tão pequeno e imaturo, mal sabia, mas já carregava com ele um grande segredo.


O segredo do anjo.

.   .   .

    
[N/A: Aqui estamos nós de novo! Em breve, capítulos da segunda temporada de "Love Or Business?".]

Aguardem...

Secret Of Angel 0.2 [Mpreg!Ziam] - HIATO Onde histórias criam vida. Descubra agora