As brincadeiras começaram

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Logo que os risos cessaram, as luzes voltaram, então nos levantamos e olhamos por toda a casa, em busca de qualquer coisa diferente que estivesse por ali. Procuramos em cada quarto, cozinha, sala, olhamos tudo cautelosamente, mas não encontramos nada, já era de se esperar que o único lugar cujo ninguém tinha olhado era o porão, e ninguém tinha coragem para descer até la.

Rony que sempre se orgulhou de sua coragem e estava sempre tentando se mostrar para Amy, tomou fôlego, depois de um tempo, pegou uma lanterna e nos olhou. Todos entendemos o que ele queria dizer, mas Darcy segurou aflita o braço do rapaz.

-Rony... você não vai descer la.. não sozinho.. eu vou com você. -ela disse e logo em seguida engoliu em seco. Eu olhei para os dois, dei a volta no cômodo, subindo alguns degraus e indo para a cozinha, pegando uma lanterna e voltando a sala.

-Ja que é assim.. porque não vamos todos juntos? -perguntei. Amy e Jack assentiram com a cabeça, e fomos todos para o porão. Logo que abrimos a pequena portinha de madeira, pudemos sentir o cheiro de mofo que exalava daquele lugar.

As escadas rangiam alto a cada passo que dávamos, e por segurança decidimos ir um de cada vez. Eu fui o primeiro, e assim que desci, era inevitável perceber o abandono do local.

As prateleiras, cobertas de poeira. As paredes com a tintura descascada, cobertas de mofo e teias de aranha. Haviam varias caixas empilhadas e era quase impossível manter a respiração ali.

Antes que eu pudesse perceber, todos os outros ja haviam descido, e logo começamos a procurar por qualquer coisa estranha que houvesse ali.
Reviramos caixas, tiramos o pó das prateleiras, empurramos estantes, e estávamos quase indo embora quando Darcy deu um grito. Todos correram até ela imediatamente.

-Darcy, oque foi? Encontrou ou viu algo? -Jack perguntou. Ela engoliu a saliva e ergueu a mão sem dizer nada. Em sua mão, um pequeno frasco, com um liquído transparente inidentificavel. Dentro dele, havia flutuando naquela substância estranha, um glóbulo ocular. Dentro da caixa a qual ela o havia retirado, haviam vários outros potes com aparentemente a mesma substância e diversas outras partes de corpos. Estômago, baço, pâncreas, fígado, e em um deles um coração. Estavam todos horrorizados, menos Amy.

-Ei, vocês não vão querer isso né? Posso pegar pra mim? -ela perguntou, fria como sempre, passando a lanterna pelos potes e admirando cada um deles.

-Amy, é melhor deixarmos isso aqui, não sabemos de onde vem e nem porque estava escondido, então vamos deixar assim mesmo.-Darcy retrucou. Amy resmungou algo que ninguém entendeu, e novamente pensamos em ir embora, mas antes de sair, dei uma olhada na caixa com aquelas esquizitisses e encontrei algo. Um papel amarelado, coberto de poeira, amassado e escrito a tinteiro. Provavelmente bem antigo por sua aparência. Apanhei o papel e sai.

Fui o último a sair, e assim que fechei a portinhola do porão, todos estavam paralisados com horror em seus olhos.

Os pais de Darcy que acabavam de chegar, estavam na sala. Jogados ao chão. Sangue se espalhava por todo o local. Sua mãe teve os olhos brutamente arrancados e seu pai, estava com as entranhas de fora. O peito aberto, com o coração faltando.

Em seus rostos, nada mais que uma expressão vazia de puro medo. Darcy se jogou ao chão, e não levou muito tempo para que percebessemos os orgãos que faltavam. Sim. Todos aqueles orgãos nos frascos, eram os mesmos que faltavam em seus pais.

Ela gritou mas Jack rapidamente tampou a boca da garota, pois seja la quem tivesse feito aquilo, ainda poderia estar por perto. Amy puxou um canivete de sua bota e ficou olhando ao redor caso visse alguma movimentação estranha, mas nada.

Me lembrei do papel que havia encontrado na caixa, e com as mãos tremendo, retirei-o do bolso, todos me olhavam.

-Oque é isso Evan?-Rony perguntou

-Encontrei la embaixo.. na caixa com os frascos.. -minha voz estava trêmula, minha respiração pesada e minha cabeça latejando fortemente.

-Deixe-me ver. -em um movimento brusco, Jack tirou o papel de minhas mãos, e começou a Ler.

-Gostaram do meu joguinho? Brincar de médico sempre foi divertido. Vocês me chamaram para brincar, agora façam sua parte. Os jogos estão apenas começando. Descubram o próximo jogo antes que seja tarde. O alvo ja foi escolhido. Boa sorte, vocês vão precisar.

Assim que Jack terminou de ler, Darcy foi ao chão, pálida como papel. Ela desmaiou. Saímos do local e chamamos uma ambulância, mesmo sabendo que ja era tarde demais. A casa foi isolada e ninguém dirigiu uma palavra sequer até a retirada dos corpos terminar.

-Devíamos contar aos policiais sobre Blood Mary- Rony cochichou.

-E dizer o que? Que um fantasma de uma garotinha morta a mais de 100 anos atrás esta assombrando a gente? Isso seria pedir pra nos internarem -Amy retrucou. Olhei para jack. Ele carregava Darcy nos braços, esperando aflito que ela acordasse. Os dois até formariam um belo casal, mas não era hora de pensar nisso.

~Algumas Horas depois~

Logo que terminaram a retirada dos corpos, fizeram algumas perguntas para nós. Respondemos e fomos para minha casa. Darcy permanecia desacordada. Ja era em torno de 23h e assim que entramos em casa, minha mãe percebeu que estavamos abatidos. Deixamos Darcy sob os cuidados de Jack e fomos descansar. Revezariamos durante a noite para ficar de olho na garota. Meu turno seria o último.

Pouco estava me importando em dormir ou ficar acordado, só queria que, seja la o que fosse aquela entidade, parasse de nos atormentar, mas pelo visto, teremos que ir até o fim. Blood Mary me aguarde, pois o jogo pode virar a qualquer momento e vou me certificar que isso aconteça, custe oque custar.

Blood Mary E Algo A MaisOnde histórias criam vida. Descubra agora