Khiera tinha apenas nove meses de idade quando sua mão fora prometida á um Príncipe distante de apenas dois anos de idade. Ela sabia muita pouca coisa sobre a história, mas estava certa de que jamais se esqueceria do quanto se abalara com ela na primeira vez em que a ouviu.Acontecera aos doze anos de idade. Ela se lembrava muito bem de vários detalhes daquele dia, em especial.
Havia sido na Festa do Trono. Khiera havia estado se preparando o dia todo para os Jogos dos Tronos, em companhia á uma Suheila menor e tagarela. Em meio aos Jogos, Khiera o conhecera. O garotinho franzino de cachos ruivos que juntara seu leque quando este caiu á seus pés. Na época, o garotinho lhe parecera o Príncipe Encantado do qual tanto ouvira falar que um dia lhe apareceria,e depois dos Jogos, Khiera cometera a imprudência de confessar logo á Abadia sua afeição pelo ruivinho.
Foi quando Abadia lhe comunicara em tom de reprimenda pela primeira vez, que o dono de sua mão era o futuro Rei de Moheren, e que Khiera jamais poderia se casar com alguém além dele. Khiera se lembrava de haver chorado aquele dia, ainda sem conseguir compreender direito toda a plenitude que o problema englobava. Apenas quando completou seus quinze anos, entendeu direito o que todo o problema significava.
Significava que ao completar dezessete anos, ela seria obrigada a dividir sua vida e sua cama com um homem que não amava e que nunca havia visto na vida.
O pensamento era suficiente para estarrecer seu coração de maneira dolorosa, e pôr a baixo qualquer possibilidade de dar vazão ao sentimento que uma vez nutrira pelo garoto ruivo, que algum tempo depois, Khiera descobriu chamar-se James. Ele era filho de um comerciante de objetos e peças de bronze. Apenas alguém que Khiera passara á admirar de longe e alguém por quem ela julgara manter um carinho diferente escondido em seu coração.
James havia se tornado um belo rapaz, com grossos cachos ruivos contornando o rosto oval, e isso lhe rendera um lugar na Guarda Real do Castelo. Nas raras vezes em que descia ao reino, Khiera tinha a oportunidade de trocar com ele apenas algumas poucas palavras impessoais, e nunca se passava disso.
Agora, enquanto caminhava pelos corredores do Castelo, rumo á Sala do Trono, ela se perguntava em como as coisas seriam se James fosse Rhajaran.
Ela estaria contente ou satisfeita com a ideia de se casar em apenas algumas semanas? Estaria anelando pelo momento em que trocaria alianças com ele? Ou era a simples ideia de ter que se casar que lhe causava o mais absoluto pavor? Apesar de não ter certeza de nada disso, imaginava que o que quer que fosse que ela sentisse nessa ocasião, deveria ser mais agradável do que o que sentia agora. Imagens suas despejando a bebida de mel que bebera á pouco aos pés de Rhajaran fizeram sua cabeça rodar por alguns segundos.
- Tudo bem Khiera? - Suheila á cutucou entre as costelas.
- Não. - a princesa regurgitou.
Com a serva de um lado, e Joshua de outro, ela se concentrava em não pisar em falso enquanto caminhava. Algo em seu interior fazia com que todo o cenário se convertesse de maneira desagradável, como se ela estivesse rumando para a própria forca.
Os utensílios dourados ao seu redor apenas lhe lembravam de tudo que ela era e teria que ser. A cor dourada fora oficiliazada como cor do Reino de Alladien em homenagem aos cabelos da Rainha Jullien, e Khiera participava do decreto de maneira quase ofensiva, por ter herdado os mesmo cachos cor de bronze.
Havia o ruído suave de falas na Sala do Trono, e Khiera podia ouvi-las com clareza quando se aproximou o suficiente. Sabia que o Príncipe ainda não se fazia presente, já que não era esse o costume, mas saber que o que os separava agora eram apenas alguns minutos, fez com que uma bolota amarga se formasse em sua garganta, a fazendo engolir com dificuldade.
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Meu Príncipe Nada Encantado _ DEGUSTAÇÃO
Historical FictionDisponível completo e revisado na Amazon! Khiera odeia o principal ponto que a torna uma princesa: ter de se casar com um príncipe desconhecido, pelo qual nem mesmo é apaixonada, mas que lhe é prometido desde o berço inescrupuloso. No entanto, sua...