Meu Príncipe Nada Encantado _ DEGUSTAÇÃO

♠4♠ Confraternizando Com o Inimigo

Quando voltaram ao Salão, o clima entre os dois estava mais ameno, e havia mudado completamente em questão de segundos, apesar de que ainda estava levemente tenso. Khiera agradecia mentalmente por ter uma aliança tão inesperada formada com o inimigo, por que algo lhe dizia que Rhae era o tipo de homem que sempre conseguia o que queria.

E se ele não queria um casamento, ela tinha grandes chances de ser liberta do tratado em algum momento para poder desfrutar de sua vida como uma pessoa normal.

A ideia era tão boa, que ela temia que alguma coisa pudesse dar errada durante o longo percurso até a aclamada liberdade.

- Temos que ser discretos... - Rhae falava enquanto ambos caminhavam em direção aos convidados. - Todos, sem exceção, devem acreditar que estamos felizes e mal esperando pela data do casamento...

Khiera concordou com um aceno mudo de cabeça enquanto aceitava o braço que o Príncipe oferecia. Apesar de que tomasse cuidado com ele como se estivesse revestido por uma camada de espinhos.

"Fingir, claro. Quem é que sabe fazer isso melhor que eu!?".

Ela ensaiou um riso fraco quando os olhos de Suheila lhe encontraram. A mesma lhe enviou um erguer de sobrancelhas, um olhar malicioso pairando em seus olhos enquanto enviava uma pergunta sublimar á Khiera, notavelmente tendo reparado no sumiço dos dois.

"Ele te beijou?". - era o que a pergunta dizia.

Khiera conteve o repuxão nas expressões faciais enquanto adocicava o sorriso da melhor maneira possível e se continha em enviar apenas um aceno sem significados em direção á serva. Não estava certa de que poderia contar á alguém o novo embuste que o noivado significava, mas imaginava que poderia pensar com melhor cuidado nos detalhes do problema depois. No momento, sua principal preocupação deveria ser em fazer o papel de garota apaixonada, ignorando que o potente garoto ao seu lado era conclusivamente um saco do momento em diante que resolvia abrir a boca.

- Quem é ela? - Rhae de repente lhe perguntou, a tirando de um transe e a obrigando a voltar sua atenção para ele, a tempo suficiente de descobrir que o príncipe encarava sua serva.

- Oh não, Príncipe... nem mesmo pense nisso. Suheila é uma das pessoas mais próximas á mim, e você nunca vai conseguir provar ao reino que vamos nos casar em alguns dias se começar á sair com minhas servas.

Rhae ergueu as sobrancelhas em sua direção, como se filtrasse as intenções de Khiera com o comentário.

- É você quem está falando sobre sair. Eu estava apenas curioso...

Khiera lhe enviou um olhar complacente enquanto ambos se embrenhavam entre os convidados.

- Imagino mesmo que sim.

Mais uma vez, Khiera sentia o desgosto de ter uma serva mais atraente que ela própria. Onde estava a justiça do mundo, afinal?

Imaginava que se ela se parecesse com Suheila, Rhae teria aceitado se casar assim que a vira. E por mais que o novo plano de sabotar o noivado com sua ajuda fosse tudo que ela quisesse, pensar nisso lhe deixava um tanto apreensiva sobre sua aparência. Por muitas vezes, Khiera era aclamada e parabenizada por sua beleza nas raras vezes em que descia ao reino, escutando que suas feições eram sempre comparadas á beleza das fadas. Mas não parecia haver nada nela que chamasse a atenção de Rhae para os quesitos de atração, e perceber isso havia sido quase tão ruim quanto descobrir que seu futuro e irritante noivo era mais bonito do que ela poderia esperar.

Quando voltaram aos arredores da mesa forrada de alimentos, Lord Mhilton lhes enviou um olhar aprovador, como se disse silenciosamente que o estava agradando vê-los juntos, e por um momento, o coração de Khiera contorceu-se ao perceber que estava traindo todas as boas ações do pai.