11- Da loucura para a realidade louca

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Tudo o que eu olhava ao meu redor, parecia ter saído de um filme de ficção, ou de todos os meus livros colecionados. Haviam casas modernas por todos os lados, sem realmente um telhado, muito parecidas com os terraços de um prédio moderno de Dubai, mas com um toque de antiguidade e Idade Média também. Na verdade, tudo me lembrava às coisas mais modernas e antigas que o mundo já havia criado. O estilo, o design, o ambiente...

Mas ao mesmo tempo, a vegetação era abundante, como se tivessem construído o lugar no meio da floresta.

Enquanto andava olhando tudo curiosa, assustada e com medo de continuar delirando, uma sombra cobriu nossos corpos por completo. Olhei para cima e estaquei no meio da rua.

As árvores eram enormes; grossos troncos que aparentavam mais de cem anos e copas mais altas do que um prédio de dez andares. Boquiaberta eu vi janelas esculpidas nos troncos e portas e escadas que rodeavam todo o comprimento delas. Havia pessoas descendo por elas, como se descessem tranquilamente uma escada de um escritório, e não uma escada em uma árvore gigante!

-Para...tudo... -murmurei sentindo minha boca seca, e meus olhos arregalados de curiosidade, contemplamento e confusão.

Allan pegou minha mão e me puxou pela rua, enquanto eu olhava tudo assustada. As pessoas me pareciam normais, sem cabeças grandes e olhos esbugalhados, como os filmes de alienígena que eu já havia visto.

Já estava quase perguntando que país era aquele, quando uma coisa sobrevoou por nossas cabeças: uma garota ruiva... com asas iguais às do Víctor!

Ela sorriu para mim ao pousar na calçada e continuou andando tranquilamente pela rua, até entrar em um lugar.

-Mãe! Olhe! Olhe! É igual ao Víctor! -apontei exclamando, como uma criança que chega na Disney pela primeira vez.

Minha mãe, que ia na frente com meu pai, se virou e assentiu para mim, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

Olhei para Allan confusa com a reação dela, e o garoto sorriu de modo solidário.

-Você viu o mesmo que eu, não é? -perguntei a meu amigo, trêmula e mais assustada.

Allan assentiu solenemente e olhou para cima, indicando algo. Seguindo o seu olhar, voltei a ficar boquiaberta.

-Isso não é possível... -murmurei.

-Eu também não achava... até ver com os meus próprios olhos. -disse ele, fitando.

Várias pessoas, com as mesmas asas de arcanjo passavam voando por nós, nem ligando se havia uma garota embasbacada lá embaixo olhando-os como uma louca.

-Mmãe... onde nós estamos? -gaguejei me aproximando rapidamente dela. -Cadê o nosso carro?

-Já vai saber, filha. Aguarde mais um pouco.

Viramos uma esquina, e um grifo levantou voo da calçada, como um passarinho levanta voo do fio da rede elétrica. Eu olhava para tudo aquilo, tentando entender como era possível.

Enfim, meus pais pararam, se aproximando de uma casa muito bonita. Era de cor creme. Possuía dois andares, as janelas compridas do chão ao teto, detalhes esplêndidos de uma cultura rica em simplicidade e perfeição na arquitetura. A porta fora trabalhada em desenhos sofisticados, que me faziam coçar os dedos para tocá-los.

Não possuía cercas ou muros, apenas rodeada por árvores de portes menores do que as gigantescas que cercavam tudo ao nosso redor, e vários tipos de flores.

Eles seguiram para a porta e perguntei:

-O que estamos fazendo? Que lugar é esse? Achei que estávamos indo para casa.

Guerreiros de Argon -Floresta dos AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora