1° capítulo

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Acordo assustada e atenta no meio da noite, o céu brilha com as estrelas como diamantes frios e distantes em um cobertor escuro.

Escuto novamente o barulho que me fez acordar alerta: patas e de aves gransnando. Vejo mais um pouco a frente uma fumaça cinza e espessa no céu com algumas fagulhas vermelhas caindo por todo lado.

Cass:Incêndio!

Me levantei já sem sono com a adrenalina correndo solta nas veias como sangue. Depois de um segundo paralisada de medo e sem reação, corro na direção contraria a fumaça.

Desvio de árvores, pulo pedras e galhos grandes, mas tenho que parar subtamente a corrida quando de repente uma arvore caí a um metro de mim impedindo a minha passagem, a arvore está com o tronco vermelho alaranjado por causa do fogo, partes da casca com labaredas e emana um calor incômodo.

Olho para aquilo com o coração saindo pela boca, desvio o olhar na direção em que a árvore veio e vejo um pequeno caminho de fogo que liga a um enorme fogarel a minha direita, pego um pouco de embalo e pulo a árvore sentido o calor na minha barriga e depois nas patas traseiras.

Corro mais rápido ainda desviando de árvores e arbustos em chamas, pulando obstáculos, vejo logo a minha frente o fogo subir pelas arvores como se quisesse alcançar o céu, paro por um momento e olho a cena desesperadora.

O fogo no meio vermelho vivo, indo para o alaranjado e depois para uma mistura de laranja claro com azul meio escuro meio claro mais vibrante que é quase imperceptível no meio de tantas cores. O fogo fica dançando nas árvores de acordo com a direção aonde o vento sopra, varias fagulhas e faíscas saem do fogarel, e só quando outra árvore caí eu me movo.

Volto a correr mas me direciono a minha esquerda, é como correr da morte, o incêndio parece ter começado a muitas horas, e por um terrível acaso eu estou no meio desse labirinto da morte.

Corro até minhas patas estarem machucadas dos galhos e pedras pontiagudos, meus pulmões ardem e eu estou ofegante.

Ao meu redor só vejo fumaça e chamas, paro por um instante e olho em volta.

Santo Lucios! Para onde vou?

Olho pra todos os lado e vejo somente o fogo avançando feroz e mordaz na minha direção, destruindo tudo aonde passa. Começo a tossir e abaixo a cabeça para perto de minhas patas tentando não respirar fumaça. Volto a correr agora sem direção, na minha frente tem um arbusto baixo mas com chamas altas, pulo o mais alto que consigo e passo por entre as chamas.

Minhas patas dianteiras batem em algo gelado. Água. Olho em volta e paro de correr, percebo que estou em uma nascente estreita, pedras grandes e cheias de lodo deixam o barulho do riacho mais alto o que me conforta. Volto a correr descendo a nascente já não aguentando mais o calor insuportável e constante até que vejo o final da nascente, se conseguir chegar lá estarei livre.

Corro mais rápido gastando toda a energia que consegui com o cervo que comi dois dias antes. Escuto o crepitar do fogo e o ranger de uma árvore, vejo pela visão periférica uma árvore quebrando e se partindo, se inclinando levemente no meu caminho, corro mais rápido e quando estou a mais ou menos três metros do final da nascente eu pulo, sinto o calor da árvore nas minhas patas traseiras quando ela cai logo atrás de mim. Fico um pouco desesperada ao não sentir nada quando meu corpo cai pra frente, fico me debatendo no ar desesperadamente até que sinto uma barreira fina se romper ao ter contato com as minhas costas, logo depois o ar me escapa e me vejo toda submersa em breu de água silenciosa.

Procuro a superfície mas não sei pra que lado nadar, fico um pouco desnorteada mas logo consigo tirar minha enorme cabeça da água, fico arfando e me esforçando para não afundar, nado sem rumo até sentir o chão arenoso, saio arfando da água e me deixo cair no leito do rio.

O Alfa e a Ômega ( Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora