CAPITULO 3 -ESCAPE

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CAPITULO 3 – ESCAPE

O homem se aproximou alguns centímetros de onde eu estava sentado. Olhei para Mike. Me sentia completamente desesperado. O meu coração pulava de frequência. É claro que depois de ver alguns corpos pendurados como carne de segunda mão em um caminhão frigorífico eu ficaria nervoso, porém, acho que atingi um novo nivel de desespero quando ouvi o barulho das armas automáticas se preparando para atirar.

Senti a mão de Mike tocando no meu ombro e fazendo um pouco de força. Entendi o sinal e me botei em pé, ainda sentia o coração palpitar, acelerando a cada movimento que meus olhos captavam. Olhei pro homem que se aproximara e olhei para Mike, não sabia como a situação iria ou poderia se desenrolar, mas sabia, lá no fundo... Que eu estava fudido.

- Vocês me ouviram? – Disse o homem novamente.

Corri os olhos por todo ambiente até finalmente os parar em cima de Mike que surpreendentemente olhava pra mim, calmo. Ele respirava de forma normal e demonstrava uma paciência além do normal. Mike deveria estar acostumado com esse tipo de encontro desafortunado, afinal, ele tem trabalhado para Sal desde que a fabrica fechou e fez uma pequena fortuna transportando, criando formas de burlar impostos, gerenciando pequenos negócios ilegais e outros tipos de empreendimentos de veracidade dúbia. Fiquei feliz e triste ao mesmo tempo, sabia que a situação era grave mas que tinha um "profissional" ao meu lado.

Ele saberia resolver isso de forma pacífica.

- Vai se fuder, seu russo de merda! – Gritou Mike, respondendo ao homem.

Meus olhos saltaram das órbitas. Não consegui fazer nada além de lançar um gesto de surpresa e confusão de volta para Mike.

- Relaxa, tá tudo sob controle – Mike respondeu ao notar minha indignação.

- Olha só! Temos um fodão aqui. – Respondeu o homem, fazendo seu sotaque russo aparente – Sabe o que acontece com o seu tipo? Normalmente picamos vocês e colocamos dentro de um potão de sorvete e depois mandamos pros seus amiguinhos ou família, você escolhe!

- Isso deve ser normal no seu país, né!? – Gritou Mike, fazendo-se ecoar pelo estacionamento

Eu soltei um guincho que se pudesse ser traduzido seria algo como "Cala a boca, filho da puta". Ouvi as portas se abrindo atrás do homem cujo qual Mike se referiu como "Russo" e, sem surpresa alguma, os homens que desembarcaram eram verdadeiros gorilas... Malditos gorilas russos vestidos de forma exagerada. Novamente, o desespero e o resquício de seja-lá-o-que eu tomei voltavam a me fazer ter pequenos ataques de pânico, definitivamente eu estava surtando.

- Veja, Ivan... – Começou Mike – A gente só tava fazendo um Delivery, sabe? A situação não tá muito fácil por essas partes, desculpa se a gente tá com seu filho. Você não pode pegar ele e dar o fora?

- Você é um homem de negócios, rapaz?

- Isso, um mero prestador de serviço. Não tenho importância – Respondeu Mike, sorridente.

- Ah sim, é claro, bom, sendo assim... Talvez não aconteça nada se eu te matar, né? – Disse o homem, estalando os dedos.

Os gorilas se posicionaram atrás do homem, com alguns metros de distância entre um e outro, levantaram suas armas e as apontaram em nossa direção. Mike não fez nenhum movimento, apenas continuou sorrindo. Minha mão já estava na cabeça, ficou bem claro que eu ia morrer.

Foi nessa hora que todos os meus desejos passaram pela minha cabeça. Eu queria ter ficado na loja... Eu queria pelo menos ter visitado a Europa, talvez me aventurado em alguma montanha maluca, queria ter terminado de escrever meu livro e ter falado pra Carol o quanto eu amava ela, tarde demais...

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