Capítulo 3 ( nova versão)

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Desde que meu pai apreendeu meu celular, tenho estado em abstinência, excluída socialmente. Não sei como estou sobrevivendo esses dias sem teclar. Pilar me ligou aos berros no domingo para contar sobre o vídeo de boa noite para as fãs brasileiras que o Zayn Malik, meu eterno lover, postou. Fiquei em cólicas por não ter meu celular em mãos. Mal posso acreditar que perdi o vídeo. Tudo por causa do castigo sem noção do meu pai. Estou quase enlouquecendo por não fuxicar minhas redes sociais.

E, além de estar sem celular, a minha chapinha queimou, sim, queimou! Isso às cinco e cinquenta da manhã se segunda-feira. Todos os dias o despertador me acorda bem cedo. E como minha rotina, me levanto feito um zumbi e rumo ao banheiro, tomo meu longo banho, lavo os cachos rebeldes para depois secá-los e pranchá-los. Essa sequência de afazeres nunca deu errado, e justo na segunda-feira a bendita da chapinha queimou.

Que ódio! Ficar sem minha amiga fiel é um terrível pesadelo.

Preciso urgentemente de uma nova prancha, mas mamãe se recusa a me comprar outra. Inventou a desculpa de que eu tinha que esperar ela receber e coisa e tal, porém no fundo eu sei o real motivo da 'espera'; dona Marcela adora meus cabelos encaracolados e faz de tudo para que eu os mantenha assim.

Eu poderia ter nascido com os cabelos lisos e maravilhosos de mamãe. Só que não. Uma injustiça da vida. De mamãe eu só puxei os olhos verdes, porque no resto era herança de papai. A cor bronzeada da pele e os benditos cabelos encaracolados — que eu detesto.

Por culpa da maldita chapinha queimada, eu estou indo para o colégio de coque ou trança. É o melhor que posso fazer para não parecer uma vassoura ambulante na frente de minhas amigas e, principalmente, do Ezequiel. E falando no loiro, Ezequiel matou aula para ir à praia na terça-feira. E, ainda postou uma foto junto de uma garota. Uma garota linda, ruiva, na praia, de biquíni, com um corpo perfeito.

Estava espiando o Instagram dele na hora do intervalo, pelo celular de Pilar, quando me deparei com a foto. Quase chorei de raiva e tristeza. A garota é linda, como competir? Corpo magro e, os cabelos? Minha nossa, os cabelos dela são ruivos. Como competir com ruivas? E a garota — Natasha Santos — fuxiquei o perfil social dela — tem os fios de dar inveja.

E para completar, ainda ouvi das minhas amigas que a culpa é minha por estar demorando em pedir para ficar com Ezequiel. Desejei socá-las, mas ao mesmo tempo quis me socar na cara porque Pilar e Bruna tem razão.

Quero poder ter coragem de me declarar ou ser descolada como a Bruna e pedir para ficar com Ezequiel. Mas eu sou muito leiga na arte da azaração. E fora a timidez. Tenho quinze anos e ainda não beijei na boca. Isso é tão humilhante... Em níveis épicos! Que garota com quinze anos, breve dezesseis, não beija na boca? Prazer, a atrasada aqui.

Por que eu não posso ser normal?

É tão simples. Basta dizer sim e beijar na boca. Pronto. Mas não, eu não consigo vencer a timidez e o nervosismo toda vez que um menino se interessa por mim. Por que eu tenho que ser tão travada?

Esse Tal de Amor - RETIRADA em Agosto/2018Onde histórias criam vida. Descubra agora