Livro físico pela editora Upbooks!
Ficção Cristã Adolescente
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"Tenho quinze anos e ainda não beijei na boca. Isso é tão humilhante! Em níveis épicos! Que garota com quinze anos, breve dezesseis, ainda não beijou na boca? Prazer, a atrasada a...
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Coisa linda de Tiago Iorc ecoa pelo meu quarto. É domingo à noite e eu estou sozinha em casa. Meus pais foram à igreja, hoje não quis ir com eles. Prefiro ficar escutando música a ouvir o pastor pregar porque eu nunca entendo o que ele fala. Sério! Já até desisti. E também, não tenho meu celular comigo para passar o tempo no culto, que graça teria ir à igreja? Pois é, nenhuma.
Ficar sentada num banco desconfortável ouvindo o pastor falar português, eu entender japonês e ainda escutar a irmã Celinha cantando 'solta o cabo da nau' era dose. Uma tortura de quase duas horas. Foi melhor ficar em casa. Além do mais, minha igreja é meio chata. Só tem gente da terceira idade — dona Marcela fica uma fera quando eu falo isso
Solto um suspiro, encarando minhas pernas cruzadas contra minha cabeceira, ou seja, a parede. Ficar sem fazer nada gera o maior tédio, mas com certeza bem melhor do que ouvir 'solta o cabo da nau' e o coro da igreja responder 'soltei'. Dou risada, me lembrando dos cultos de domingo. Bocejo alto, passeando meus olhos pelo meu mural de fotos preso a parede, enfeitado com luzes em forma de flores que eu e minha mãe penduramos juntas.
Procuro por aquela foto específica, estrategicamente escondida para não dar pistas a dona Marcela. Ela é atenta aos mínimos detalhes. Estamos falando da minha mãe, a mulher mais interessada pela vida de seu filho que conheço. Não posso dar mole. Desde que ela me pegou conversando ao celular com minhas amigas sobre o garoto, mamãe vive me interrogando a respeito de Ezequiel. E eu desconverso, é claro.
Ninguém merece ter a mãe pegando no pé sobre garotos e namoro.
Abro um sorriso ao encontrar a foto de Ezequiel montado em sua prancha de surf no meio do mar. Copiei essa foto do Facebook dele — ele não sabe, lógico. Por incrível que pareça é a única foto que tenho do garoto.
Suspirando, como uma apaixonada que sou, retiro a foto de Ezequiel do varal. Ai, ele é tão bonito. Aqueles olhos azuis e cabelos loiros molhados... O sorriso dele... Ah, que dentes perfeitinhos. A boca dele é tão bonitinha, rosada, dava vontade de beijar. Que sonho! Já ouvi um boato na escola que Ezequiel beija bem, aquilo me incomodou e também despertou minha curiosidade. Será que finalmente saberei como é beijar Ezequiel? Dá um nervosinho na boca do estômago apenas por imaginar.
Ai, vou surtar por antecipação! Melhor agora do que sábado que vem, na festa. De forma alguma eu quero surtar ou pagar o maior micão na frente do gato do Ezequiel. Ai, sai para lá pensamento do mal!
Vai dar tudo certo. É lógico que vai. Finalmente criei coragem pedir que Ezequiel fique comigo. É, eu sei que minhas amigas farão o papel de cupido, mas não importa. Segundo Bruna, nós mulheres podíamos tomar a iniciativa e eu farei isso. Só espero que Ezequiel aceite ficar comigo e que num futuro, não muito distante, se apaixone e me peça em namoro.
