Virar a noite nas redes sociais, espiando as vidas de outras pessoas — principalmente Ezequiel — não havia sido uma boa ideia. Como passei vários dias desconectada do mundo, quis compensar de noite o tempo longe do meu celular. O resultado foi minha cara de panda somada a um sono colossal na manhã seguinte.
Assisti às aulas sem ânimo, bocejando a cada minuto. Inevitavelmente, cochilei na aula de filosofia. Até porque, não tinha algo mais interessante para se prestar atenção na sala, visto que Ezequiel havia faltado.
Dei graças a Deus por ele não ter vindo hoje e se deparado com minha cara de zumbi. Pela primeira vez, fiquei aliviada de não ver Ezequiel no colégio.
No intervalo, combinei com Dinho, Luciano e com Carol e Isabela, alunas do reforço, de permanecer no colégio depois das aulas nos dias de matemática. Ou seja, três vezes na semana.
E cá estamos numa mesa de seis lugares na biblioteca do colégio. Eu sentada ao lado da Caroline, de frente para Isabela ao lado de Luciano com Dinho na ponta da mesa, explicando para Carol o gráfico de uma função quase que incompreensível.
Dinho está sendo um bom professor de matemática. O problema sou eu que não consigo prestar atenção no que ele fala. A cada questão lida o sono ameaçava me abduzir para o mundo dos cansados. Pois é exatamente assim que eu me sinto, cansada.
A matemática, o sono da bela adormecida e mais o cheiro de mofo com livros velhos empoeirados, dificulta meu aprendizado de uma matéria que não é fácil. Perco a noção das vezes que espirro e coço o nariz pelo incômodo da minha alergia a poeira — é um saco!
Luciano sugere irmos para outro lugar, mas eu o tranquilizo dizendo que consigo aguentar e tento aprender a nova matéria que Dinho explica.
Do nosso grupo de estudos, eu não sou a única pessoa aqui ruim em matemática. Carol e Isabela, seguiam no mesmo patamar que eu — ou pior, no caso de Isabela. Sério!
Posso não ser tão inteligente, porém com uma boa explicação eu entendo, mesmo quase caindo com a cabeça nos cadernos de tanto sono. Já Isabela parecia aérea demais, fazendo a mesma pergunta umas vinte vezes, e seus "mas, Luciano!" estão me irritando — além dos meus ataques de espirros.
— Tá. Mas, porque o xis pode estar aqui e não aqui?
Dinho bufa, coçando a nuca, ao ver Isabela apontar o dedo para a questão do gráfico que ele havia explicado a Caroline há minutos.
Pego meu lápis vermelho da mesa e mordo a parte prateada da borracha. Aperto os dentes com força para não reclamar com Isabela o quanto ela estava irritando não só a mim, como também o pessoal. Não queria ter que bancar a chata com uma garota que eu mal conheço e consequentemente ganhar uma inimizade.
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Esse Tal de Amor - RETIRADA em Agosto/2018
Teen FictionLivro físico pela editora Upbooks! Ficção Cristã Adolescente --♥-- "Tenho quinze anos e ainda não beijei na boca. Isso é tão humilhante! Em níveis épicos! Que garota com quinze anos, breve dezesseis, ainda não beijou na boca? Prazer, a atrasada a...