A hora do adeus

843 168 57
                                    

Boa noite, amores!
Viu, eu disse que não ia demorar e já voltei !
Em comemoração aos 1k de votos e a pré-venda de Um encontro com o acaso, tivemos dobradinha esse final-de-semana.
Trago mais um capítulo para vocês hoje, espero que gostem ❤

Vamos manter o combinado?
Leu e gostou, votou e comentou .
É gratificante receber cada estrelinha e cada comentário de vocês 😄

Tenho um grupo no Facebook e no Whatsapp, onde conversamos sobre tudo, incluindo meus livros e diversos outros, se tiverem interesse em participar, só me avisar.

Agora vamos ao capítulo 💙



"E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."

Soneto de Fidelidade - Vinicius de Moraes 

12 de junho de 2015

O dia amanheceu nublado, acho que para combinar com a tristeza que eu carregava. Acordei com a esperança de que tudo não tivesse passado de um pesadelo, mas ao pegar o jornal na porta de casa, a notícia me informava da cruel realidade:
"Jovem empresário comete suicídio em seu escritório. Enterro será hoje".

Algumas realidades são piores que os pesadelos. Eu estava vivenciando isso no momento. Minha vontade era ficar trancada dentro de casa e não falar com ninguém, mas eu precisava ir ao enterro. Nada nem ninguém poderia me impedir de prestar minha última homenagem ao Lucas.

As horas pareciam não querer colaborar e insistiam em não passar. Toda atividade se demonstrava inútil. Eu era incapaz de me concentrar em qualquer coisa. Sentia como se algo crescesse dentro de mim. Algo que me machucava de dentro para fora, como se cavasse um buraco dentro do meu já tão arrebentado coração.

Ignorei as inúmeras chamadas de Luana e Rodrigo, sei que tentariam me impedir de ir ao enterro. Não que eu me importe com a Natasha, mas o filho na barriga dela é do Lucas, então não vou causar nenhum estresse para ela. Resolvo sair mais cedo para chegar antes de todos ao cemitério. Talvez assim consiga ver o caixão e escolher um lugar distante de onde observarei toda a cerimônia.

Vou escolher uma roupa. Chego a pegar um vestido preto, mas desisto. Vermelho é a minha cor, independentemente do meu humor. Escolho um modelo discreto, em tom fechado. Amarro meu cabelo em um rabo de cavalo firme e alto. Não passo maquiagem, coloco apenas um óculos escuros.

Chego ao cemitério Jardim da Saudade uma hora e meia antes da cerimônia. Infelizmente, eu conheço bem esse cemitério, pois meus pais e minha avó estão sepultados aqui. Me encaminho até o local onde os corpos são velados. Em cada capela, fica um quadro com o nome do corpo que está ali para ser velado. Passo pelas duas primeiras capelas, estão vazias. Na entrada da terceira, eu estaco. Ao olhar para o quadro no alto da capela, está o nome dele: Lucas S. Martins.

Me aproximo e vejo o caixão, fechado. É mórbido, mas lindo. Toco no caixão com cuidado. Talvez eu ache que ele pode cair, se desfazer. Ou quem sabe, abrir e o Lucas sair dizendo que era uma brincadeira. Porém, sigo deslizando a mão por toda extensão do caixão e nada acontece. Ele permanece imóvel e gelado, prendendo dentro dele uma das melhores partes da minha vida.

O lado avesso do amor (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora