Jace e Aoi

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Para o mundo exterior ele era uma criatura angelical, aquele que sempre tinha um sorriso e um conselho para qualquer um, o pilar que impedia o teto de cair nas discussões. Um anjo... aquilo não se encaixava com ele naquele momento, caído em cima do lençol sem nenhuma peça de roupa o cobrindo, arfando e soltando gemidos abafados para não ser pego, seus cabelos avermelhados colados na testa graças ao suor.

"Aoi..." O nome escapava dos seus lábios repeditamente, chamando o outro como se a mão que tocava seu membro sem pudores fosse dele. Podia vê-lo em sua frente, os cabelos quase brancos, os olhos âmbar, o corpo forte que se pressionava no seu lhe dizendo palavras de afeto...

O alívio veio, e tão logo o ruivo limpou a mão num lenço de papel, as lágrimas começaram a surgir em seu rosto. Porque tinha de amá-lo daquela maneira? Ele e Aoi eram amigos de infância, graças ao fato de suas mães serem próximas como irmãs. Cresceram no mesmo ambiente, porém logo que se transformaram em adolescentes surgiram as diferenças entre os dois.

Ele era sorridente e o outro sério.

Ele era delicado e o outro forte, graças ao fato de treinar judô.

Ele amava Aoi... Já o outro...

"Jace! Visita!" O jovem acordou de seus pensamentos com a voz de sua mãe vinda do andar debaixo.

"Não, não! Não posso sair com essa cara!" Jace como sempre se obrigou a sorrir, lavando o rosto até que seus olhos verde-escuros estivessem menos avermelhados.

"Olá!" Desceu dando pulinhos, com um sorriso enorme que combinava com sua camisa perfeitamente passada e limpa, sapatos brilhando e cabelo penteado até que nenhum fio ficasse arrepiado.

"Jace." Aoi estava parado na sua frente, vestido com uma regata branca levemente suada e uma calça jeans surrada. "É bom vê-lo." O quase albino o envolveu num abraço, e por mais que Jace soubesse que aquilo era apenas carinho familiar, não conseguiu evitar de se perder naqueles braços que lhe tocavam firme, porém carinhosamente. Queria ficar lá para sempre... Apesar disso, temeu que o outro achasse qualquer detalhe de seu comportamento estranho e se afastou repentinamente.

"Alguma coisa errada?" Aoi perguntou confuso, encarando o que tinha alguns centímetros e meses a menos que ele.

"Claro que não!" Jace sorriu novamente, corando quando recebeu mais um abraço. Dessa vez, as mãos do outro envolviam sua cintura, o lembrando do que estava fazendo há pouquíssimo tempo atrás. Se ao menos aquilo fosse continuar e... Sacudiu o corpo para mandar embora aqueles pensamentos, o que só piorou a situação: O movimento fez sua virilha friccionar na do outro que soltou um pequeno suspiro. O visitante não recuou, contudo limpou a garganta como um sinal para que o assunto prosseguisse.

"Senti sua falta, de verdade mesmo. Só não vim antes porque andei treinando bastante pro campeonato de judô que vai ter." Aoi explicou, encarando os olhos verdes. Não só iria competir, mas também tinha que torcer pelos garotos que ele dava aula.

"Não se preocupe, eu sou bastante paciente!"

"Mesmo assim, quero te levar pra dar uma volta, certo? Posso ao menos pagar um sorvete?"

"Não precisa nem tentar me comprar com doces, claro que eu quero sair com você!" O ruivo o puxou para a porta, sem perceber que recebia um sorriso como resposta.

A dupla andou pelas ruas de Londres, com Jace hesitantemente segurando o braço de Aoi, que parecia, muito pelo contrário do que ele acreditava, estar aproveitando aquilo.

"Então o campeonato vai ser sábado, não é? Eu vou estar lá torcendo por você!" Foi a vez do menor quebrar o silêncio.

"Lógico que pra mim é mais importante se os garotos lutarem bem, mas vou ficar feliz se tiver uma boa colocação. Especialmente se isso te deixar tão feliz." Aoi afagou o cabelo dele. "Até dedicaria o prêmio a você."

Histórias para esconder embaixo da camaOnde histórias criam vida. Descubra agora