Lux e Madeline

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Lux refletiu pela bilionésima vez sobre quando sua vida tinha virado um filme clichê e água com açúcar.

Um bad boy e uma doce garota.

Tudo bem que ele não usava uma jaqueta de couro. Achava aquelas coisas quentes e esquisitas, como vestir um pedaço de animal. De fato tinha uma cara emburrada, que já era meio genética. Sua mãe (em sua opinião a pessoa mais gentil do planeta), também a tinha. Quanto ao comportamento "badboyano" nunca tinha encontrado um motivo lógico para tratar alguém mal sem motivo, especialmente se fosse uma pessoa que gostasse. Quando não ia com a cara de alguém, simplesmente evitava a pessoa.

Prático assim.

Mesmo desse jeito, as pessoas ainda o definiam como um revoltado de preto, e, depois de um tempo já tinha até se acostumado. Já sua amada Maddie, ou Madeline, era exatamente como diziam. Doce. Adorável. Sorridente. Sem coragem de matar literalmente uma mosca sequer. Uma loirinha de 1,55, olhos doces e grandes e um sorriso sem comparação. Ainda não entendia o porquê de alguém incrível como ela o aguentar, mas ficava feliz que ela o fizesse.

"O que é isso, uma competição de clichês comigo mesmo? Parece até que sou personagem de um livro de romance ou algo do tipo." Ele falou, passando um pente em seus cabelos loiros e cacheados na esperança de tirar a maldita franja do olho. Quando viu que era um esforço em vão (devia ter algum tipo de campo gravitacional que atraía o cabelo pra lá), levantou e vestiu um moletom cinza, calçou um par de tênis que estava atrás de sua porta por tempo indeterminado e seguiu para seu destino: A casa de Madeline. Os dois tinham marcado de jantar naquela noite.

Lux dirigiu sua Harley (outra das "pistas badboyescas") até um bairro nos arredores do centro, parando na garagem de uma casa azul de dois andares e inúmeras janelas. Apertou a campainha, sendo atendido pela própria namorada, o que era esperado já que os pais dela estavam fora em uma segunda lua de mel.

A loirinha usava um vestido de alças claro e com algumas estampas de flores em tons de creme, que ia até abaixo do joelho e, na opinião do emburrado, a deixava ainda mais linda.

"Oi amor!" Ela o abraçou, puxando-o pra dentro com a cara encostada em seu peito.

"Oi..." Até um cara como ele, que já tinha tido alguns casos de uma noite antes daquele que era seu primeiro relacionamento sério, não conseguia deixar de mostrar um sorriso abobado com a atitude carinhosa da namorada. "Seja lá o que você fez, o cheiro está ótimo." Ele viu a mesa já posta, com alguma coisa feita de legumes num prato e um bife com batatas em outro. "E não deveria fazer carne pra mim, eu sei o quanto você se sente mal."

"Está tudo bem! Lógico que eu fico triste pela vaquinha que morreu... mas ela já estava morta no açougue, então fiz um esforço... Você não quer comer?" Ela fez uma cara triste.

"Claro que sim. Você se esforçou fazendo tudo isso, comeria até se estivesse queimado." A afirmação do rapaz fez Maddie mostrar um sorriso novamente.

"Então vamos lá sentar!"

Comeram e conversaram sobre suas vidas, Madeline falando sobre a faculdade de moda e o quão seus pais pareciam felizes quando saíram pra viajar, e Lux contando sobre uma coisa curiosa que tinha acontecido na noite anterior.

"Então eu fui até o bar depois da faculdade, e encontro meu irmão e os amigos dele. Não sei o que me deixou mais com cara de "que porra é essa", o fato do meu irmão estar finalmente pegando aquela mina da nossa idade que ele tava afim ou do amigo dele que gostava mais de mulher que comercial de pasta de dente estar dando uns amassos com um cara. Na boa, achei que tivesse entrado em outro universo." Lux deu uma risada, provando o bolo de chocolate da sobremesa. "Caramba Maddie, isso aqui tá muito bom." Ele a beijou por um tempo, fazendo-a corar.

Histórias para esconder embaixo da camaOnde histórias criam vida. Descubra agora