Tormenta

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Harry

Meus olhos estavam pesados, minha mente confusa e parecia que não havia ar, sentia mãos me tocarem e pessoas cochicharem ao meu lado, mas era quase impossível acordar. Só conseguia reviver uma dor dilacerante e tentar discernir palavras estranhas:

-Hazza meu amor, por favor acorda.

Pela primeira vez reconheci a voz e senti dedos se entrelaçarem aos meus, ela estava ao meu lado e persistiu em me acordar. Aos poucos o ar foi voltando aos meus pulmões, mas eu ainda me sentia preso em eu mesmo, e isso de alguma forma era atormentador, de vagar abri meus olhos, mas foi inevitável pular na cama ofegante e parar de frente com a Jheny, ela pareceu se assustar, mas apenas empurrou meu peito delicadamente para baixo me fazendo deitar novamente:

-Calma, eu to aqui, respira, vai ficar tudo bem.

-Não, não vai.

Falei no momento em que meus pensamentos começaram a fazer sentido, de repente eu entendia tudo, eu sentia tudo, e me senti a pior pessoa do mundo por isso, nao podia ser real, não podia ser verdade:

-O que? Lógico que vai- ela me beijou brevemente e acariciou meu rosto- tudo sempre fica bem.

-Uma maldição... não podemos... eu não posso.

-Eu não to entendendo, que maldição? - ela arregalou os olhos parecendo aflita.

-Meu pai, ele me possuiu momentos antes do batizado e ...

-E?

-Amaldiçoou a Cecille, foi ele- falei desesperado sentindo as lagrimas chegarem aos meus olhos, e minhas mãos começarem a tremer- não fui eu Jheny, eu nunca faria isso, não pude evitar ele chegou de repente, eu juro que não vi, por favor me perdoa, me perdoa.

-Amaldiçoou? Como assim?

Eu sinceramente não sabia quem estava mais desesperado, se era eu ou a Jhenifer, mas nós dois estávamos temendo o que estava por vir, aliás tínhamos que proteger a Cecille de todo o mal, mas eu já não sabia se seria capaz de fazer isso:

- Me fala qual é a maldição Harry.- ela pediu e segurou minhas mãos- por favor, eu preciso saber.

Engoli m seco, eu não sabia como falar isso, na verdade eu sabia ao menos como lidar com toda essa situação, apesar de tudo a culpa era somente minha, tudo isso porque Apolo queria que eu me afastasse de outras especies, tudo isso porque eu fui teimoso de mais e o ignorei, eu sabia que não acabaria bem, mas não sabia que seria tão cruel:

-Ele... ele falou que enquanto eu não provar que sou fiel a ele, todas as especies sobrenaturais da Terra virão atrás da Cecille, e se não houver um fim ele dará um fim.

-Como assim ele dará um fim?- sua voz vacilou.

-No fim ela morre, e eu também.

Jhenifer tampou sua boca com as mãos numa expressão de espanto, eu me afundei na cama pensando e como reverteria isso, não deixaria que ninguém a machucasse, preferia morrer do que colocar algum deles em perigo.

Liam

Apoiei meus cotovelos na bancada da cozinha, uma xícara fumegante de café estava a minha frente e era inevitável pensar na Malu, por que eu tinha que gostar dela? Pergunta trouxa mas necessária e a resposta igualmente era ridícula, não tinha como não gostar dela, era um sentimento mas forte do que eu e quase impossível de superar.

Como um alerta de que eu não tinha chaces ela desceu as escadas rindo e segurando a mão do Enzo, intercalando sorrisos com beijos, era traumatizante e eu não precisava ficar ali assistindo, mas logo ele saiu de casa a deixando sozinha com um sorriso sonhador, o amor era evidente e não havia nada nem ninguém que dissesse que eles não se amavam, fora eu que por acaso era uma exceção, eu só não conseguia admitir para eu mesmo que jamais teria sorte no amor, jamais teria alguém com quem compartilhar um sentimento tão bonito e essencial:

Mysterious☆ A Magia Prevalece ☆Onde histórias criam vida. Descubra agora