01 - Sete - Parte 5

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— Acho que é melhor a gente correr — ela sugere e é isso que elas fazem corredor abaixo. Elas passam na frente dos quartos, que Martha suspeita ser das outras cinco. Ela sente vontade de parar, bater na porta, conhecê-las e ajudá-las. A professora ruiva de Chicago, não.
— Paradas! — é exclamado atrás das duas. A curiosidade e o desconhecimento as paralisam. Virando-se para trás, deparam-se com um soldado com um uniforme diferente dos quais elas estão acostumadas a ver. Ele veste um capuz, uma capa, uma calça e uma bota de textura rochosa. O corpo todo está coberto. Só os olhos dele são visíveis. A vestimenta do militar é de um verde bem vivo. ! O cara atira. Porém, a mão de Olívia vai para a frente, num reflexo de autodefesa. O tiro bate no braço dela, ricocheteia e atinge o soldado. Ele cai e, agora, está agonizando.
— Ai, meu Deus! — aquela, que ainda não achou o anel de noivado e nem pensou em ajudar as outras companheiras nessa situação estranha, solta em sussurro exclamativo. As lágrimas se acumulam em seus olhos que contemplam a pequena mancha na mão causada pelo impacto do tiro. A sua acompanhante, a jovem jornalista da África, analisa a situação, em silêncio, enquanto contém o susto. Dulan reaparece para todas as sete ao mesmo tempo, materializada de pé diante delas.
— Eu ainda vou explicar tudo e vocês ainda vão entender tudo. Só corram sempre à esquerda! Sempre! — depois de dar tal instrução, ela some mais uma vez. Tão fácil como se fizesse parte do ar; como se participasse da liberdade do vento.
Olívia já começa a dar os seus primeiros passos apressados.
— Você vai... Você vai acreditar nela? — Martha a indaga receosa.
— Fazer o quê? Ou a gente confia e morre ou não confia e morre do mesmo jeito — a professora, ainda em luta contra o choque emocional causado pelo tiro rebatido, defende. Então, elas passam a correr sempre à esquerda, como Dulan orientou, debaixo dos sons de explosões e tiros. As duas encontram uma parede toda amarela com uma abertura circular no meio.
— Deve ser isso aqui — Martha sugere ao conter a pressa e o medo.
— Tem que ser, se não... — Olívia para a sua reclamação assim que o próximo estrondo vem.
— Vamos! — Martha convoca ao colocar o corpo dentro daquele tubo. A outra a segue e as duas caem na areia do lado de fora daquilo que é uma fortaleza cinzenta, um retângulo solitário no meio de um deserto infinito. Deserto. DESERTO. Areia infinita. A areia mais branca que elas já viram.
— Droga! — Olívia sussurra e protege, com a mão direita na testa, os seus olhos da luz e do calor do sol escaldante daquele novo mundo, daquele outro planeta. Ao mesmo tempo, ela vasculha por uma direção para onde fugir.
— Ei! — elas se viram para trás e encontram uma garota de cabelo curto e loiro. É Anne, que grita "mulher, mulher!" para chamá-las. Ruth e Sonia acompanham-na. Essas três alcançam Olívia e Martha.
— Parece que apagamos e acordamos num filme de ficção científica bem barato — a hacker suaviza o clima de tensão.
— Tomara que tudo isso seja uma droga de pegadinha no final das contas — Ruth diz ao menear de raiva e arrumar, com mãos ansiosas, o cabelo loiro-acinzentado longo e ondulado com mechas douradas. Sonia deixa os seus cabelos negros e lisos flutuarem livres e confusos ao vento cálido e forte. Eles fazem um contraste belo com a sua pele de tom pálido. A russa observa rapidamente o cenário, vira as costas e começa a andar para longe das outras mulheres. Sozinha.

***

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