01 - Sete - Parte 6

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— Ei! Para onde você vai? — Olívia pergunta em um grito. Sonia se vira e responde direta ao ponto, sem melodia na voz:
— Aqui, eu não vou ficar — ela volta a andar.
—Eu também não — Anne passa a segui-la.
— Acho que elas estão certas–a mulher de Chicago conclui e afugenta o olhar para baixo.
— Lógico que estamos, mana — a hacker completa antes de seguir em frente. Ruth meneia indignada - não com algo em específico, mas com toda aquela situação que está vivendo e presenciando. Olívia se põe a seguir as que fogem, quando Martha segura o seu braço e diz:
— Há mais duas.

O silêncio que sucede e o olhar de Olívia são sinais do conflito que se inicia entre o dever e o seu querer:
— Mas...
— Qual é o seu nome? — Martha quer saber.
— Ahn? Olívia. Meu nome é Olívia.
— Eu sou Martha. Olívia, têm mais duas que estão com o mesmo problema que a gente. Elas estão tão assustadas, perplexas e sem entender nada do que tá acontecendo - ao ouvir esses pontos, Olívia mostra em seu olhar que está cedendo.
— E se eu fosse uma delas.. Se você fosse uma delas, você gostaria de ajuda? Se fosse alguém que você ama? — após esse questionamento final, Olívia deixa transparecer uma ponta de emoção no olhar. Martha o percebe e constata:
— Você se importa com as pessoas. Eu escolho acreditar que você se importa. Eu ainda não conheço as outras — olha rapidamente para as outras três. — Mas, eu já posso sentir que você é uma pessoa boa. Eu já confio em você — diante de tal declaração, com uma certa demora — Ruth até bufa —, Olívia cede:
— Ok. Ok. Mas, como vamos entrar? É loucura!
— É, eu sei. Eu não sei também. Eu só não queria ir embora antes de tentar — Martha confessa. — A outra concorda:
— É... Eu também, não.

***

  Em um dos quartos daquele hospital, ao lado da cama de Micaela, Alice tenta botar coragem na menina que chora, para que elas fujam. A brasileira negra de cabelo volumoso e encaracolado treme e gagueja, enquanto segura as mãos da jovem boliviana.
— Sabe-sabe a tal de Dulan? — Alice lhe pergunta com a voz trêmula.
— Aham.
— Então-então... Ela já não nos mostrou o caminho? Então, é só seguir!
—  Mas, eu tenho medo! Eu-eu-eu não consigo! Desculpa, desculpa! — Micaela desaba num choro mais intenso.
— MENINA! Vamo, menina! PELO AMOR DE DEUS! Você quer MORRER?
  É, então, quando uma luz avermelhada emana de Alice. As duas contemplam-na. Após alguns segundos, a médica da Bolívia aceita sem mais receios:
— Tá bom — Micaela se levanta e sai correndo com a brasileira, que pensa consigo mesma: "o que foi que acabou de acontecer?"

***

  Quando as duas saem do prédio, Martha e Olívia já iam em direção ao edifício. Anne, lá atrás, percebe que as Micaela e Alice escaparam e grita para as duas mais à frente pararem a sua caminhada. Martha e Olívia também já haviam percebido o mesmo e acham o aviso da hacker desnecessário. Elas vão de encontro com a brasileira e a boliviana. Depois, as quatro voltam juntas para as outras três: a russa, a outra americana e a finlandesa.
— Graças a Deus, graças a Deus — Martha agradece em voz baixa.
— Oi, gente. Oi, gente — Anne cumprimenta debochada. — Bom, agora a gente vai, né? Eu vou morrer com esse sol todo. A gente lá na Finlândia não tá acostumado. E têm as bombas que estão caindo por aqui também, né? — A finlandesa dá uns passos e para ao perceber um detalhe. Ela se vira e pergunta sob o som das explosões dentro do prédio a alguns metros:
— De onde vocês são, gente?
— Isso é útil? — Ruth dispara mal-humorada.
— Sim, super-útil. Eu sou super-útil... Gente, de onde vocês são? Cidades... Países... — Anne termina com um certo medo e uma certa empolgação pela provável resposta que comprovaria o absurdo de tudo. Cada uma informa o seu país e a sua cidade natal.
— Certo. Grupo bem diverso — Anne.
— Humpf — Ruth.
— Senhora "Hmpf", pera aí. Uma última pergunta: em que língua estamos nos falando?

***

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